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Objetiva-se com este artigo, mostrar o universo feminino e suas nuanças através de um novo gênero: o blog. Para tanto foram observados por meio de monitoramento constante em 02 (dois) blogs criados pela Professora da Disciplina: Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea, alimentados por discentes de 02 (duas) turmas do Curso de Letras, Língua Portuguesa e Literatura, uma vespertina e outra noturna, ambas no 6º semestre, da UNEB – Universidade Estadual da Bahia, no Campus XXIII, Seabra – BA. Os blogs em questão são: o “Simplesmente, Elas!!”, sob a responsabilidade do turno vespertino e o “Balanço Feminino”, sob a responsabilidade do turno noturno, sendo o segundo extensão do primeiro e vice-versa. Os comentários dos discentes da turma noturna são postados no blog da turma vespertino e os comentários dos discentes do turno vespertino, são postados no blog da turma noturna. Ambos os blogs tratam da mulher, seu universo e suas diversas realidades, no decorrer da história até os dias de hoje. Os pressupostos teóricos utilizados foram os textos: “O Narrador”; “Tudo que é sólido se desmancha no ar”; “A sociedade do Espetáculo”; “Por uma outra globalização”; “Imaginários globais medos locais”; trabalhados em sala de aula e leituras de outros autores, como: Manguenau e Backtim. Informações que comprovam que os blogs funcionaram e funcionam bem como veiculadores e disseminadores da situação da mulher. Comecemos, então, por explicar o que é blog, uma vez que esta é a ferramenta através da qual se deu o desenvolvimento deste trabalho:. O “Weblog ou blog, como é popularmente chamado, é um tipo especial de páginas publicada na internet, como rede social, virtual, na qual se pode interagir trocando informações, visto que estamos na era das informações e não da tecnicidade fruto da sociedade global, ou seja, é cobrado do indivíduo cada vez mais o conhecimento abrangente em detrimento da especificidade (tecnicismo), tanto em relações profissionais como até mesmo socioculturais. O mesmo apresenta todo conteúdo mais recente na primeira página, disposto em ordem cronológica reversa, poderá ter várias páginas, conteúdos diferentes e subtítulos, podendo ser postados comentários a respeito de cada texto. Inclui-se uma página inicial chamada home page, que é a apresentação do blog por seu autor, e do(s) tema(s) de que trata(m); sendo convite aos visitantes que podem postar comentários sobre todos os textos dos blogs. Outra característica é a facilidade com que podem ser criados editados e publicados, com pouquíssimos conhecimentos técnicos, podendo assim ser utilizados por quaisquer pessoa, bastando ter um computador com acesso a internet e o endereço eletrônico do blog. Os weblogs/blogs surgiram a partir 1996, o primeiro fora o News criado nesta data, por David Werner como parte do Sil 24 hour democracy, hoje chama-se Scripting News. “A utilização de blogs nos meios acadêmicos e educacionais tem ganhado grande importância. Seu uso tem sido difundido cada vez mais como objeto de aprendizagem, demonstrando com grande eficácia ser o vetor a um grande modelo de ensino a aprendizagem, no qual a construção coletiva de significados representa um novo fazer educativo. Coincidindo assim, com o momento em que a presença das novas tecnologias de informação e comunicação (TICS), passam a exigir transformações no modo de fazer e agir concomitante das Instituições Sociais. Para superar a necessidade das escolas enquanto instituições, preparar cidadãos conectados com essa nova ordem”, aumentando assim, os interesses dos educandos em permanecerem nas salas de aulas. Os docentes/educadores podem utilizar esta rede social global, como importante potencializador de desenvolvimentos de habilidades e competências dos educandos, potencial elemento produtor de indicadores ao processo avaliativo, oferecendo aos docentes e discentes o desafio de exercerem suas autorias.
O blog “Simplesmente, Elas!!”, em concomitância com o “Balanço Feminino”, estabelecem uma particularidade entre si, embora sejam blogs diferentes, versando sobre o mesmo tema, como páginas contendo os mesmos títulos, porém, cada postagem de textos e de comentários tem sua peculiaridade e em alguns casos, mesmo em páginas diferentes, alguns textos apresentam parâmetros e até se complementam, contendo intertextualidades, além de promoverem, também, interdisciplinaridade, uma vez que trazem fatos históricos, diversidade cultural, literatura, arte, língua portuguesa etc., enfim, não se voltam só para a disciplina na qual foram inseridos. Então, “o processo de modernização se expande a ponto de abarcar virtualmente o mundo todo e a cultura mundial do modernismo em desenvolvimento atinge espetaculares triunfos na arte do pensamento” – págs. 16/17, do texto modernidade: ontem, hoje e amanhã, o turbilhão da vida moderna.
Entremos, agora, no cerne principal deste estudo, que é o universo feminino e suas mudanças. É fato que as mulheres desde os primórdios vem sendo oprimidas e ocupam posições servis, são sobrepujadas por uma sociedade conservadora, machista, cada uma dentro da realidade de sua etnia, costumes de seus países e religiões. Sofreram e continuam sofrendo ainda estes e outros abusos, incluindo aí a violência contra a mulher. Podemos destacar a evolução e a liberação da mulher através das mudanças que elas mesmas buscaram travando suas lutas e buscando conquistas, mas, comecemos pelos seus primeiros desafios, os quais foram: enfrentar violências impostas a elas pelos seus pais, irmãos, maridos, filhos, em nome de costumes das sociedades nas quais estão ou estavam inseridas, como se vê nas postagens dos textos. Mulheres negras: vitórias e conquistas, na página escrevendo nomes in blog “Balanço Feminino”[1]; no texto “Eliza Samúdio”; como o “Dia Internacional das Mulheres”; página na tela, na postagem da música, “Desconstruindo Amélia”; na página em versos e canções; no texto “Mulheres Africanas – histórias de lutas e conquistas”, na página tecendo histórias, encontrando intertextualidade entre estes textos e os textos do in blog “Simplesmente, Elas!!”[2]: no link do texto “Édna acha que a mulher precisa vencer preconceitos” – “A justiça e os dramas humanos”, na página escrevendo nomes; “Mulheres negras, histórias, lutas e conquistas”, na página escrevendo nomes; “Mulheres do Congo pedem socorro”, no texto “Diga não à violência contra as mulheres”, na página Tecendo histórias; “Maria da Penha”, na página em Versos e canções; “Mulheres africanas: Histórias de lutas e conquistas”, na página tecendo histórias do Blog “Balanço Feminino”; “Vida de prostituta - Vida fácil?”; “Mulheres Afegans vivem à sobra de tradições tribais”, ambos na página Tecendo histórias. Constata-se, através dos textos citados acima que a submissão, à agressão física, psicológica e moral contra a mulher tem todo um contexto histórico sócio-cultural, que se transformou num paradigma, uma vez que foram necessárias décadas e porque não dizer séculos de lutas, persistência e resistência, por parte das mulheres, para ser mudado, ainda que paulatinamente. É bem verdade que as primeiras mulheres resistiram e que foram elas que deram os primeiros passos iniciando as lutas para que ocorressem mudanças destas realidades. Infelizmente, em algumas regiões do planeta, as coisas continuam como dantes, à espera de mudanças, citando-se como exemplo as “Mulheres do Congo” e as “Mulheres do Afeganistão” entre outras. Por outro lado, felizmente, em Países como Brasil, Estados Unidos da América, França, Itália, Inglaterra etc., as mudanças culturais em relação às mulheres, ainda que não sejam plenas, são notórias. As mulheres, nestas regiões, podem exercer profissões, antes inimagináveis de serem exercidas outrora por elas. Às vezes sem se darem conta de que as suas antepassadas morreram sem nunca ter exercido nada semelhante, como as mulheres que morreram queimadas numa fabrica de algodão na cidade Norte Americana de Nova Iorque onde 130 tecelãs morreram carbonizadas no dia 8 de março de 1857 por terem reivindicado direitos como: Redução na Jornada e melhores condições de trabalho. Movimento o qual deu origem ao dia Internacional de Mulher. Sendo oficializado somente em 1975 através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas). Essa confirmação denota que o conjunto de lutas: derrotas e conquistas das mulheres gerou as mulheres pós modernas, uma vez que:
Os homens e mulheres que viveram a mil anos são nossos antepassado, falavam quase a nossa linguagem e suas concepções de mundo não eram muito distantes das nossas. Existem analogias entre as duas épocas, mas também diferenças e são essas últimas as que mais tem a nos ensinar”. (Georges Duby, pag. 129).
É preciso lembrar do passado, aprender com ele para não repeti-lo, fazendo um futuro diferente, haja vista que “a reminiscência é que tece a rede que em última instância todas as histórias constituem entre si”.( Pag. 48. Narrador pós moderno).
Estes fatos podem ser verificados como no texto “Chiquinha Gonzaga regendo a Orquestra da Liberdade”, in blog “Simplesmente, Elas!!”, que demonstra o quanto as mulheres sofreram e tiveram que renunciar, para poder exercer um direito do qual hoje, a mulher usa e ousa como confirmado nas postagens na página “Abrindo espaço”, com o texto “Seguranças resistentes, mulheres na guarda da presidente”, na página “Abrindo espaço”, in blog, “Balanço Feminino” contendo: o texto “Abrindo espaço no espaço” e ainda o texto “Mulheres conquistam mercado de trabalho”, são textos que denotam quais sacrifícios essas fizeram, os resultados das lutas, persistência, força das mulheres no passado e a competência das mulheres aos assumirem e exercerem as profissões conquistadas na maioria das vezes com mais êxito do que os seus antigos ocupantes, ainda que para isso de uma certa maneira elas acabem sendo um reflexo da sociedade moderna, onde:
A competitividade comanda as nossas formas de ação”. “O consumo comanda nossas formas de inação. E a confusão dos espíritos impede o nosso entendimento do mundo, do País, do lugar, da sociedade e de cada um de nós mesmos. (Uma globalização perversa Pg. 46)
Visto que as mulheres algumas vezes se sobrecarregam para dar conta de todos os papéis que desempenham na sua jornada tripla, tendo que se mostrar sempre mais competentes e mais produtoras que os homens, sendo porém, o preconceito contra as mulheres ainda imenso, principalmente contra as mulheres negras e pobres, uma vez que esse preconceito é uma das principais formas de manter as barreiras sociais, ainda que ditadas por uma pequena minoria, que infelizmente detém o poder num ciclo vicioso, uma vez que essa minoria produz meios como a inacessibilidade à educação para todos. Essa é uma das formas mais cruéis da manutenção do poder, sendo que quem detém o conhecimento detém o poder e vice-versa, alimentando assim o ciclo vicioso do poder, poder esse que permanece sempre nas mãos dos mesmos e de seus descendentes. Quem sofre mais diretamente as conseqüências desse preconceito arraigado são primeiramente as mulheres negras, pobres, analfabetas que chegam a receber 30% menos, do que as mulheres brancas que exercem as mesmas funções, nos mesmos entes empregadores. Já com relação aos homens brancos, as mulheres negras recebem até 40% menos que eles, ainda que exerçam a mesma função e tenham melhor desempenho. Isso ocorre ainda que em proporções menores com mulheres negras que tem formação educacional superior. Essa forma de concorrência desleal comprova que a competitividade como manda as nossas formas de ação, ainda não se igualou no reconhecimento do valor justo e igual do trabalho independentemente de quem o exerça ou realize, demonstrando assim mais uma vez que: “o consumo comanda as nossas formas de ação e a confusão dos espíritos impede o nosso entendimento do mundo, do país, do lugar, da sociedade e de cada um de nós mesmos” (Pág. 46. Uma globalização perversa.)
Enquanto nossa sociedade machista e altamente competitiva pregar o modelo sócio-cultural no qual se estabelece a posição da mulher na sociedade vigorar, a mulher infelizmente terá que saber ou tentar se auto-promover ainda que para isto ela se coloque no papel de se transformar em produto consumível na ilusão de atender uma demanda enceguerada, que nunca cessa, como é o caso das mulheres frutas, no texto “Hoje se deixa de gerar frutos, para gerar frutas”, no texto “Mulher e propaganda de cerveja”, na página na berlinda in blog “Simplesmente’ Elas!!”, e nos textos “Ela é dona das canções que abala o mundo pop”, referente a Lady Gaga. Estes textos demonstram a banalização do valor e a falta de respeito a que a mulher ainda nos dias de hoje tem que se submeter e expor para sobreviver e a alienação que a sociedade causa a esse ser tão sensível e inovador que se revela capaz de transformações constantes, para atender as demandas da sociedade globalizada e perversa, com suas exigência mais absurdas - “O espetáculo, como tendência a fazer ver o mundo que já não se pode tocar diretamente, serve-se da visão como sendo privilégio da pessoa humana” – pág. 16 – Sociedade do espetáculo. Então esse show promovido para ter como chamaris gerador de aumento do consumo, as propagandas de cervejas, bebidas alcoólicas, carros, usando a mulher para chamar a atenção e gerar aumento de consumo destes bens. Já no caso das mulheres frutas e de Lady Gaga citados acima gera o aumento do consumo de DVDs e das músicas. Nestes últimos casos, frutas e gaga, a segunda tem que se reinventar e inovar constantemente, uma vez que: ambos casos, as primeiras tem seus aspectos físicos dotes e sensualidade explorados de tal forma que demonstram:
O espetáculo se apresenta como uma enorme positividade, indiscutível e inacessível”. Não diz nada além de “o que aparece é bom, o que é bom aparece”, “atitude que por princípio exige a aceitação passiva, que, de fato, ela já obteve por seu modo de aparecer sem réplica por seu monopólio de aparências. (pág 16 A separação consumada).
Conforme comentário postado por Luciene Soares Oliveira, página em Versos e Canções, in blog “Balanço Feminino”. “Este papel de promover a mulher a objeto de consumo do momento é exercido pela sociedade através da mídia que se incumbe de pré-fabricar as necessidades do consumidor antes mesmos que elas existam”, como se nota no fragmento “Um dado essencial do entendimento do consumo é que a produção do consumidor, hoje, precede à produção dos bens e dos serviços” – pág. 48 Uma globalização perversa. Assim as mulheres passaram a fazer parte dessa necessidade pré-produzida do consumismo como objetos de desejos. Felizmente conseguimos vislumbrar outra situação, em que as mulheres expuseram não só suas imagens, mas também suas lutas em evidência, pois quando elas inscreveram seus nomes na história, através de lutas maiores, como se pode constatar nos textos: “Grandes mulheres que constroem grandes histórias”, na página Tecendo história in blog “Simplesmente, Elas!!”. No texto “Ellen Gracie, primeira mulher Ministra do Supremo Tribunal Federal”, página Escrevendo nomes; “Cidades brasileiras com o nome de mulheres”; “Índias nossas vidas nossos caminhos”, páginas tecendo histórias, “Educação um sacerdócio”, na página Escrevendo nome; “Mulheres que fizeram a diferença”; “Adélia Prado”; “Mulheres que batalharam pela igualdade são mais que uma simples mulher, é uma guerreira”; “Mulheres que fizeram a história e são nomes de ruas, praças e avenidas em São Paulo”, na página em Versos e canções; texto “Maria da Penha”; “D. Ivone Lara”, ambas na página em Versos e canções; “Zilda Arns”; “As mulheres do cangaço”; e, “Elas mudaram a história mundial e nacional”, ambas da página colorindo a vida, in blog “Simplesmente, Elas!!” e nos textos “Maria Firmina dos Reis, primeira romancista Afro-Brasileira”, página Abrindo espaços através da leitura destes textos se constata que as mulheres nunca foram omissas, não ficaram escondidas nas clausuras impostas pela sociedade, mas, sim ao contrário, muitas delas enfrentaram as normas impostas por esta mesma sociedade castradora e enclausuladora indo em busca de seus direitos, sendo muitas delas mortas nessas lutas contra um inimigo tão atroz “a sociedade perversa”, mas, assim como os costumes mudam acompanhando não a evolução do mundo, mas a evolução do homem, essas mulheres hoje têm os seus nomes inscritos não só na história, como dando nomes a ruas, espaços culturais etc., como homenagens mais que merecidas e justas aos seus sacrifícios e direitos conquistados por elas para serem usufruídos por terceiras nos tempos atuais. Se comprova até que os costumes ditados como regras, acabam por sucumbir as necessidades, o que nos leva a crer que tudo está em constante transformação, inclusive os preconceitos, uma vez que “Tudo que é sólido se desmancha no ar” – texto Aventura da modernidade, ainda que às vezes essas terceiras não reconheçam ou sequer lembrem das lutas passadas e de suas coadjuvantes, porém, essas lutas também fazem parte de suas histórias,
Mas o esquecimento não é nunca individual. Tudo o que é esquecido se mescla a conteúdos esquecidos do mundo primitivo, estabelece com ele vínculos numerosos, incertos, cambiantes, para formar criações sempre novas. (Imaginários globais. Medos locais, pág. 85).
Esta afirmação ainda se confirma neste outro fragmento do texto A permanência do discurso na tradição do modernismo:
A visão do agora, como centro de convergência, originalmente visão dos poetas, transformou-se numa crença subjacente nas atitudes e idéias da maioria de nossos contemporâneos. O presente tornou-se o valor central da cidade temporal. A relação entre os três tempos mudou, porém esta mudança não implica o desaparecimento do passado ou do futuro: ao contrário adquirem maior realidade, ambos passado e futuro tornam-se dimensões do presente, ambos são presença e estão presentes no agora. (Paz, pág. 115).
Embora essas mulheres contemporâneas vivam atualmente sem ter conhecimento das lutas passadas, sem ter conhecimento das lutas e lutadoras que lhes precederam e lhes proporcionaram o direito de viver da maneira que bem o desejarem. Essas travam batalhas próprias como preço do “esquecimento” tão usufruído, muitas vezes a custo do uso de substâncias químicas que promovem a falsa ilusão de liberdade a que tanto almejam no seu âmago, ou até como forma de esquecer abusos e violências sofridas, ou ainda em prol de manter a ilusão da falsa liberdade que construíram para si, como se pode ver no texto; “Dependência química na mulher”, na página Na berlinda. Esse texto reflete o quanto a mulher se vê perdida diante de um padrão preestabelecido e pela sociedade moderna a qual ela também faz parte, a que ao perceber o seu envolvimento com drogas a exclui colocando-a a margem da sociedade. Essas mulheres sofrem os efeitos causados pela droga de forma mais avassaladora, visto que enfrentam os efeitos físicos, psíquicos e sociais. “A moderna humanidade se vê meio a uma enorme ausência e vazio de valores, mas ao mesmo tempo em meio a uma desconcertante abundância de possibilidades”. (Além do bem e do mal, Nitzche, 1822, pág. 21). A mulher vive imersa no universo das imagens, o que se percebe é que a informação só vale enquanto é nova, ou seja, até surgir uma outra. Então o que era novidade e tendência pela manhã, à noite não é mais e essas mulheres que protagonizam de alguma forma estes momentos, estão sempre prontas para lutar e manter esses papeis ainda que a luta contra o preconceito da cor, idade, sempre perjore. Como se pode notar nos textos, “Glória Maria”; “Paula Fernandes”, na página na tela, in Blog Simplesmente, Elas e nos textos do Blog, “Balanço Feminino”; “Era uma vez no cinema e ainda é”, “Thais Araújo, nº 1, da teledramaturgia”; “Articulação e mídia”; e, “Belezas negras”, todos na página na tela in Blog “Balanço Feminino”.
A informação só tem valor no momento em que é nova. Ela só vive nesse momento. Precisa entregar-se inteiramente a ele e sem perda de tempo e tem que se explicar nele. Muito diferente é a narrativa. Ela não se entrega, ela conserva as suas forças e depois de muito tempo ainda é capaz de se desenvolver. (O narrador, página 07).
Esse fragmento de texto confirma que os emissores das notícias podem ser substituídos esquecidos até mais rápido do que a própria noticia. As mulheres ao se virem em meio a tantas possibilidades e ainda assim, tendo que preencher padrões ditados pela sociedade moderna são levadas a corresponder a padrões de beleza impostos a ela, como fica bem claro nos textos Bonita por natureza; a “Mulher e o olhar”, de Tarcila do Amaral, da página na tela, in Blog “Balanço Feminino”; “As mulheres colorido o futebol”, página colorindo a vida; “Um novo padrão de beleza”; “O que é uma mulher bonita”; “Conseqüências da vaidade feminina”, todas na página na Berlinda, in Blog “Simplesmente, Elas!!”. Então as mulheres, como forma de manutenção, do status de mulheres belas, lindas, que a sociedade espera delas, recorrem a regimes rigorosos, se privam de alimentação, chegando a provocar danos às vezes irreversíveis à sua saúde. Outrora ser bonita era ser voluptosa! Agora ser bonita é ser magérrima! Não contentes ainda, criam-se novos padrões de belezas, como o estilo halterofilistas feminino, o que resulta numa preocupação para as mulheres de irem deitar sendo lindas e acordar como fora dos padrões da beleza, pois este muda num piscar de olhos. Isso se confirma neste fragmento do texto.
Ao contrário, no campo da vida exposta, no momento de viver o que conta para o olhar é o movimento. Movimento de corpos, que se deslocam com sensualidade e inauguração inventando ações silenciosas dentro do precário, inventando o agora. (Narrador pós-moderno, página 58.)
Na realidade ocorre um espetáculo visto que “O espetáculo da aparência não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas mediadas por imagens”.pág 14. A separação consumado. A imagem é algo muito importante para as mulheres. É por isso que mesmo diante de tantas lutas, embates, a maioria se preocupa com sua imagem. Agora de uma maneira mais natural a mulher, esse ser tão forte, determinado, frágil e ocupado, ainda encontra tempo no seu dia-a-dia agitado, para se colorir através de roupas, acessórios, maquiagens e colorir o mundo ao seu redor, tornando mais acolhedor, além do que com o seu brilho e sorriso mágico, colore a vida de outras pessoas, sem se preocupar com padrões pré-estabelecidos, uma vez que para causar a felicidade e transformar as vidas dos mais precisados em vidas menos tristes, não há regras nem padrões a serem seguidos, a não ser Fazer o bem sem olhar a quem, como pode se constatar nos textos; “Colorindo a vida através da arte!”; “Tendências e maquiagens para o verão”; “Curso de acessórios em feltro e crochê”, in Blog “Balanço Feminino”. Todos os textos se correlacionam com os textos - “As mulheres trazem em sua arte uma nova forma de alegrar o mundo”; “Unhas no verão 2011”; “Mulheres proporcionando alegria e bem estar fortalecimento do humano”, in Blog “Simplesmente, Elas”. Encontram-se ainda dentro dos Blogs “Simplesmente, Elas!!” e “Balanço Feminino”, um outro elemento quão importante ou mais que os textos postados pelos discentes. Os comentários a respeito destes textos, também postados pelos discentes, nos quais eles demonstram claramente o efeito catarses que cada texto lido e comentado por eles lhes causara. Vê-se ainda a experiência proporcionada por um olhar lançado, em que os discentes como narradores que olham para se informar, criam suas próprias conclusões e opiniões, visto que “A experiência do olhar. O narrador que olha é a contradição e a redenção da palavra na época da imagem. Ele olha para que o seu olhar se recubra de palavra constituindo uma narrativa” – O narrador pós-moderno, pág. 60. Ainda em outro fragmento de texto “Narrador e leitor se definem como expectadores de uma ação alheia que os empolga, emociona, seduz” – O narrador pós-moderno, pag. 51. Vê-se, então, que ao observar um fato e narrá-lo o narrador se impregna dele assim como ele se impregna nele. Os discentes se vêem produzindo comentários, aliás, narrando, uma vez que falam sobre experiências observadas e não vividas por eles. A narrativa é narrativa
Porque mergulha a coisa na vida do narrador, para depois retirá-la dele” (...). A coisa narrada é dali retirada (...). A coisa narrada existe como puro em si, ela é informação exterior à vista do narrador” - O narrador pós-moderno, pág. 46. “Trazendo isso, o narrador impregnado com sua essência trás a experiência para a sua materialidade em forma de discurso, uma vez que nenhuma escrita é inocente, pois nela está implícito o seu ponto de vista, uma vez que dá fala ao outro acaba-se também por dá fala a si, só que de maneira indireta. (O narrador pós-moderno, pág. 50).
Os discentes acabaram por realizar narrativas memorialistas, uma vez que se valeram das reminiscências contidas nos textos de outros, para a partir daí criarem os seus discursos, utilizando-se das “faculdades de intercambiar experiências” – Narrador, pág. 2., uma vez que a informação é uma nova forma de comunicação e intercâmbio dessas experiências, os Blogs vêm demonstrar isso como veículos de informação. Concluindo-se, então, que no intuito de se adentrar no universo feminino, conhecer melhor as suas dores, lutas, alegrias, tristezas, vitórias, lágrimas e entender o que esse ser é capaz de fazer, como é capaz de realizar tamanhos feitos, grandiosos! Ou ainda testemunhar as injustiças sofridas pelas mulheres, os Blogs “Simplesmente, Elas!!” e “Balanço Feminino”, juntamente com os comentários e artigos neles postados cumprem definitivamente o papel de chamar o olhar de todos os expectadores para o universo feminino e suas nuanças, mas o olhar com leveza que não julga nem condena, mas, sim ampara, orienta e respeita. A mulher em toda a sua grandeza, amores, lágrimas e dores, demonstrando que a sociedade deverá passar esse novo olhar sobre as mulheres!
REFERÊNCIAS:
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BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade; Trad.: Carlos Felipe Moisés, Ana Maria L. Ioratti- São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
BRANDAO, Helena Hathsue Negamine. Introdução a analise do discurso 2 ed. Ver.Campinas, Sp: editora da Unicamp, 2004.DEBORA, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade. Trad. Tomáz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11. Ed. Rio de Janeiro: DP& A, 2006.
MAINGUENAU, Domiginque; gênese dos discursos; tradução Sírio Possent – São Paulo: Parábola Eleitoral, 2008;
MARCUSHI, Luiz Antonio; XAVIER, Antonio (orgs) Hipertexto e Gêneros digitais, Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.
http/pt.wikipedia.org/wiki/blog
RUGILLO, Rosana. Imaginários e globais medos locais: a construção social do medo na cidade. Lugar comum – Estudos de mídia, cultura e democracia. N.7, 1998.
SANTOS, Milton. Por uma outra Globalização: do pensamento único a consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SILVA, Luciene Maria, Diferenças negadas: o preconceito aos estudantes com deficiência visual. Ed. EDUNEB.
Blog Simplesmente, Elas!!Disponível em: www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 10 de fevereiro de 2011.
Blog Balanço Feminino. Disponível em www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em 10 de fevereiro de 2011
ANEXOS
MULHER
Este ser aparentemente tão frágil, só aparentemente. Visto que somente você encerra em si a vida! Do seu ventre brota a luz da vida! Dos seus seios jorra o néctar que alimenta esta vida! “Atrás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher! Isto não é verdade! Aos lados de um grande homem, existem sempre grandes mulheres: mães, avós, esposas, filha ou filhas. Certamente alguns de vocês estranharam esta afirmação, mas, posso explicar: a mulher gera, cria, orienta, educa, e, às vezes se deixa esconder pelo companheiro, pai ou filhos. Mesmo estando por trás de suas decisões, ainda que de forma sutil. A mulher induz os homens a agirem com cuidado, ponderação. Além de conseguir sorrir, quando está triste, consolar quando é ela quem precisaria ser consolada, Comandar uma vida profissional em paralelo a uma vida familiar / doméstica, isso não é fácil e talvez seja o seu maior mérito. É Importante relembrar da sua grande tarefa que é criar um mundo, e torná-lo melhor! Porque todos sabem, que qualquer causa da humanidade começa no reduto doméstico. Então a forma como a mulher conduz o seu lar, cria e educa os seus filhos, decide e combina as coisas, ela determina o futuro do mundo! Ah! Se trabalha fora, ajuda no orçamento doméstico, quando não arca com este sozinha, sendo pai e mãe, algo hoje tão comum. Vê-se a força motriz da mulher movimentar o mundo. Paciente e calmamente, ela está ocupando cargos importantes, preenchendo os espaços a ela, devidos e merecidos a muito. Veja a força deste ser tão especial. Ela nunca desiste! Defende e não abandona a prole, mesmo que a causa pareça perdida. Se faz bonita e é bonita mesmo diante de tantas diversidades. Cada mulher encontra forças para tornar melhor e mais bonito o mundo ao seu redor! Talvez ainda não nos demos conta, mas são essas forças aparentemente sutis, a delicadeza, o amor incondicional e a determinação, deste ser mágico que podem tornar e tornará o mundo melhor! Somente através do ato de criar, orientar e educar os que estão à sua volta, com responsabilidade e comprometimento a mãe, que deixa de se alimentar para alimentar o filho ... A mãe que deixa de dormir para acalentar e aquecer o filho por não ter cobertor, casa, roupas.... já transforma muitas coisas. Ora, somente um ser de alma tão grande e generosa sorri quando quer chorar e chora escondida para poupar a família, da dor que deveras sente! Sabendo que assim consolará e alimentará às suas esperanças!
A Você mulher, este ser tão especial!
Único e capaz de tamanhas e tantas renúncias, grandezas!
De dar tanto amor sem nada pedir em troca!
O nosso sincero, muito obrigada e feliz todos os dias!
Luciene Soares Oliveira, 2010, Seabra/Ba.
* Este artigo foi produzido sob a orientação da Docente Especialista Noélia de Jesus, como requisito avaliativo da disciplina Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea.
** Discente do 6º Semestre, Curso de Letras, com Habilitação em Língua Portuguesa, 2008.1, Uneb, Campus XXIII, Seabra – BA, 18/02/2011.
[1] Blog construído para ser alimentado pela Turma 2008.1, Noturno, do Curso de Letras, com Habilitação em Língua Portuguesa, 6º Semestre. http://tdoponto1.blogspot.com/
[2] Blog construído para ser alimentado pela Turma 2008.1, Vespertino, do Curso de Letras, com Habilitação em Língua Portuguesa, 6º Semestre. http://tdopontoum.blogspot.com/.A MULHER NA MODERNIDADE: COM QUE ROUPA EU VOU?
Regiane de Souza Almeida[[1]]
“A vida tem duas faces: Positiva e negativa. O passado foi duro mas deixou o seu legado. Saber viver é a grande sabedoria. Que eu possa dignificar, minha condição de mulher, aceitar suas limitações. E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes. Aceitei contradições lutas e pedras como lições de vida e delas.
Drª. Maria Eunice Torres do Nascimento
Compreende-se que na sociedade moderna, a mulher está cada vez mais conquistando seu espaço no ambiente profissional e participando das mudanças ocorridas na contemporaneidade. Aos poucos as habilidades e características femininas começam a ser valorizadas pela sociedade, deixando a mulher, aos poucos de ser uma mera coadjuvante em determinados segmentos sociais e profissionais, possibilitando cada vez mais o seu acesso às posições estratégicas em suas profissões.
Em relação ao seu papel na sociedade, tais mudanças foram ainda mais visíveis. Isto porque com o processo de reestruturação produtiva, com o crescente número de mulheres no mercado de trabalho, a liberdade na relação a dois, ela conquistou também o poder de escolha se quer ser apenas mãe, apenas profissional ou simplesmente mulher. Contudo, este contingente feminino ainda tem sido alvo de uma sociedade machista, sexista em que o corpo perfeito da mulher vale mais do que seu intelectual.
Na realidade, as mulheres foram do papel de doméstica à ocupação de diferentes funções na sociedade moderna, mas estas conquistas sociais têm sido alcançadas e assimiladas de forma diferente por elas. Dessa forma, o alcance e assimilação das conquistas sociais femininas variam de acordo com a real possibilidade de superar as desigualdades de oportunidades entre homens e mulheres que ainda existem e persistem na sociedade atual, tanto na família como nos mais diferentes campos sociais.
Vivendo numa sociedade patriarcal, a mulher foi por muito tempo privada de desenvolver seu papel feminino como, por exemplo, de demonstrar sua sexualidade. O que se percebe em meio à modernidade é que esse direito foi sendo aos poucos conquistado, porém, ainda existem muitos resquícios da sociedade que condenavam a mulher por ser mulher. Um destes resquícios e que será objeto de discussão desse trabalho é a visão machista que delega a mulher o lugar de objeto sexual. E que é alimentado todos os dias nas figuras das mulheres frutas e nas propagandas de produtos como a cerveja.
A visão social e por vezes machista representada na mídia traz a identidade da mulher objetificada. Vivemos em um espaço social caracterizado pelo dinamismo do tempo e do espaço, além da tecnologia digital e do apelo ao consumo. Neste cenário, tudo pode ser usado como recurso de venda, inclusive a figura feminina, o que é facilmente observável em promoções de diferentes produtos como cerveja ou nas figuras das fanqueiras. A mulher assume o lugar do produto, ela é o produto, seu corpo é a propaganda. Nesse sentido Debord diz que: A primeira fase da economia sobre a vida social acarretou, no modo de definir toda realização humana, uma evidente degradação do ser para o ter.( DEBORD, 1997, p.18)
No momento que a mulher assume o papel de objeto sexual, ela abdica de todo o seu ser em prol do ter, ou seja, a valorização da mulher passa a ser somente pelo corpo como produto de consumo. E que espera do outro sua aprovação, daí surge então à necessidade de está sempre no padrão exigido pela sociedade, a representação do que sensual, do sexual. Para tanto, a sociedade parece da vez e voz a mulher já que esta tem o direito de demonstrar sua sexualidade, contudo essa é mais uma forma de mascarar as ideologias machistas e tradicionais sobre o papel da mulher na sociedade. Assim, “a beleza sensual” da mulher é tida como excelente para a mídia ao mesmo tempo age como forma de propagação do pensamento machista a cerca do papel da mulher na sociedade.
No blog Simplesmente elas e Balanço feminino, construído pelos alunos do VI semestre da Universidade do Estado da Bahia Campus XXIII, vem traçando uma discussão acerca do papel exercido pela mulher nas propagandas de cerveja em que fica explícito o uso apenas do corpo, como forma de divulgação do produto, ou seja, faz uma alusão ao sabor da cerveja com o corpo da mulher:
O comércio de cerveja utiliza do gênero mulher nas propagandas, para chamar mais atenção, comparando novamente à mulher a gostosura suposta da cerveja. Mulheres que malmente vestidas, abusam dos seus corpos, sem se dar conta que não está fazendo somente a venda da cerveja, mais sim de se mesma. (FELINTO, 2007. Blog Simplesmente Elas p. Na Berlinda)
Dessa forma fica subentendido que a mulher está simplesmente associada ao prazer, tendo em vista que, a cerveja é um produto que segundo os consumidores proporciona prazer e por vez, momentâneo. Nessa perspectiva surge um novo questionamento: “Mas então é só isso que o ser mulher pode oferecer?” Diante dessa discussão acerca da desvalorização da mulher e trazendo a ideia da sociedade do descartável, supõe que a mulher enquanto objeto sexual também faz parte desse não reciclável, ou seja, ela também se torna algo descartável. Dessa forma, o que se percebe é que a mulher na busca do reconhecimento do seu devido lugar em meio à sociedade, às vezes possibilitam o seu denegrir na visão do seu meio, pois permitir através de algumas imagens a exposição da sua representação de maneiras controvérsias.ou seja, abdica da sua beleza natural em proil de um padrão imposto pela sociedade que visa apenas o artificial. Como afirma Silva:
Vivemos atualmente uma hiperexposição do corpo como produto, algo de possível elaboração e reconstrução tendo como referencia uma cartografia corporal com toques de sedução e negação dos traços dos tempos.[...]
Essa atitude de assujeitamento da mulher ao papel de promotora somente da sexualidade, age como um apagamento dos valores duramente conquistados pelas as mesmas, ao logo dos anos e por meio de sangrentas lutas em busca do espaço em que se possa mostrar seu potencial sem ter que submeter ao olhar machista da sociedade do sexismo.
Nesse sentido, Helena Brandão diz que esse assujeitamento consiste em fazer com que cada indivíduo sem que tome consciência, tenha a impressão de que é dono de sua própria vontade. Concebe-se que as mulheres que agem dessa forma, pensam ter conquistado liberdade, porém o que se ver é que essa liberdade no que se refere ao sexo acaba se voltando contra elas, uma vez que, há aí uma banalização em que resulta na desvalorização da mulher como imagem.
Uma dessas exposições e relacionar as mulheres como seres comestíveis, ou seja, as "mulheres frutas”. Se ao menos essa relação acontece-se de forma qualitativa, mas não ela acontece assim:Como alimento: no sentido carnal.Como saúde: no sentido de físico (gostosa).Como beleza: no sentido padronizado que a sociedade absorveu (estética).Dessa forma e clara a salada de fruta (bagunça, mistura), que andam fazendo com o papel da mulher. Temos que pensar que essas marcas empregadas nessas mulheres só apontam negatividade, isso sem falar que um dia as frutas apodrecem e ai? ( Blog Simplesmente Elas, p. Na Berlinda)
A imagem da mulher sem nenhuma vontade vendida no cenário da mídia se associa as suas qualidades corpóreas e em alguns casos fazendo analogia também a nomes de frutas de acordo com a semelhança com determinada fruta, gerando assim, num processo de criação de sentido literário, associando essas mulheres aos sabores e gostos. É essa forma de representação que distancia certas mulheres de assumir uma condição consciente na sociedade e desconstruir estereótipos do que proporcionam a desigualdade entre os sexos.
A idéia que se tem é a de que a mulher quebrou várias correntes, mas vale ressaltar que a questão da modernidade ainda precisa ser pensada com cuidado refletindo, por exemplo, sobre o pensamento machista mascarado que ainda assombra os dias atuais, verificando, por exemplo, como ele se apresenta. A partir daí talvez fique mais fácil combatê-lo.
Assim:
Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que prometa aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor- mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos tudo o que sabemos tudo o que somos. (BERMAM, 1986, p.15)
A mulher aparece assim como o ser em busca de aventura, poder, crescimento, sua felicidade parece está baseada somente na adequação do padrão que aparecem todos os dias nas propagandas. Daí então se pode afirmar que a mulher vive constantemente na berlinda, que tem que se adequar para não ser excluída, descriminada. Desta forma, é retomada a idéia da degradação do ser para o ter, onde há uma aniquilação dos valores que temos e que aprendemos nas diversas instâncias da nossa vida. Assim:
O famoso “padrão” de beleza é um tema muito conhecido e freqüentemente discutido nos dias atuais. Porque a maioria das pessoas ainda defendem a idéia de que todos deveriam ser iguais, - ou pelo menos muito parecidos – e que tendo um molde pra ser seguido, tudo fica mais fácil. Mas assim como existem aqueles que julgam “belo” apenas o magro, que julgam saudável apenas o esbelto, e que julgam digno apenas o delgado. Existem também aqueles que enxergam a verdadeira beleza, que viam beleza nas mulheres gordas. E aqueles que muito antes de toda essa obsessão pelo corpo “perfeito” já admiravam os corpos volumosos e rechonchudos. (Blog Balanço Feminino. P. Na Tela)
Se fizermos uma analogia á filosofia do “Ser” e “Estar” no mundo com o papel da mulher enquanto representantes da sociedade do espetáculo onde as leis que regem a modernidade procuram a todo tempo induzir pessoas a se apagarem em nome de um sistema totalmente consumista, onde é imposta uma escolha entre o querer ser ou estar na sociedade, para isto, é preciso haver renúncias. Partindo da idéia de que o espetáculo assume uma forma de sociedade em que toda a vida real é pobre e fragmentaria, e os indivíduos são obrigados a contemplar e assumir passivamente as imagens de tudo o que lhes faltam em sua existência real. Sendo assim, fica claro que para a sociedade atual o importante é que sejamos alienados expostos no espetáculo para agradar o outro dentro de um estereótipo demarcado, dai se percebe um apagamento ser para estar neste mundo, e a mulher tem sido vítima desse sistema quando é imposto um padrão de beleza que sofre variações a cada dia.
Assim:
O espetáculo se apresenta como uma enorme positividade,indiscutível e inacessível.Não diz nada além de “o que aparece é bom,o que é bom aparece”.A atitude que por princípio ele exige é a da aceitação passiva que,de fato, ele já obteve por seu modo de aparecer sem réplica,por seu monopólio de aparência.( DEBORD,1997,p.12)
Em linhas gerais, percebe-se que a criação desses blogs foi de fundamental importância visto que é um meio propício para tais discussões e reflexões e o quanto este pode trazer á tona temas tão significantes como esse, de mostrar à sociedade que o ser humano tem a capacidade de transformar o mundo através de suas ações, podendo alienar ou não a um sistema capitalista em que somos transformados em produtos a cada dia. Desta forma, a reflexão que se tira do assunto abordado e discutido neste tema a respeito do papel da mulher na construção de sua própria identidade, é que este poder de liberdade hoje concebido, não poderá ser motivo de atropelamento nas diferentes fazes da vida, ou seja, para cada fase existe uma beleza.
Sendo assim, a condição do ser feminino na sociedade e a maneira pela qual relações de poder desiguais que estiveram sempre presentes, as mulheres, muitas vezes acabam se tornando objetos simbólicos das construções dos modos de enunciações de diferentes saberes constituintes da dominação masculina, em que o efeito dessa coloca a mulher em um estado de insegurança corporal que vai determinar a carência e dependência pela aprovação do olhar do outro, e torna-se cada vez mais subordinada a sociedade do espetáculo. Assim no momento em que é imposto pela sociedade um padrão que define o que é ser uma mulher bonita e a mulher se aliena a esse sistema no papel de “vitima”, a metáfora trazida na proposta inicial dessa discussão é desvendada, pois a moda também propõe um padrão de roupa a todo momento, já que para a sociedade pós-moderna o que vale é a beleza exterior. Com que roupa eu vou? Com que corpo que eu vou?
“A vida tem duas faces: Positiva e negativa [...]Saber viver é a grande sabedoria. Que eu possa dignificar, minha condição de mulher, aceitar suas limitações. E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. [...] (Drª. Maria Eunice Torres do Nascimento)
REFERÊNCIAS:
BRANDAO, Helena Hathsue Negamine. Introdução a ánalise do discurso 2 ed. Ver.Campinas, Sp: editora da Unicamp, 2004.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade; Trad.: Carlos Felipe Moisés, Ana Maria L. Ioratti- São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
SILVA, Luciene Maria, Diferenças negadas: o preconceito aos estudantes com deficiência visual. Ed. EDUNEB.
Blog Simplesmente elas!Disponível em: www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 10 de fevereiro de 2011.
Blog Blanço feminino. Disponível em www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em 10 de fevereiro de 2011
A IMAGEM DA MULHER NA MIDIA
1Mônica Lopes dos santos
2 Prof. MS. Noelia de Jesus Silva
Ao se trabalhar este artigo foi pensado primeiramente em trazer a definição do que é um blog. Blog é um tipo de página da internet que pode ser atualizada rapidamente por pessoas sem conhecimentos técnicos, com artigos organizados cronologicamente, sempre com o mais recente exibido no topo da página. Esses artigos, chamados de posts, tratam de assuntos e temas variados de acordo com o tipo de blog em que são publicados. Inicialmente os blogs eram identificados com diários online, pois eram predominantemente sites pessoais. Hoje em dia existem blogs corporativos, blogs de notícias, blogs de música, de vídeo, de fotos, etc.
Um blog geralmente é composto de duas ou três colunas verticais. A principal e mais larga é reservada para os posts, enquanto que nas demais aparecem listas de links para outros blogs ou sites sobre o mesmo tema (ou não), menus de navegação, arquivos do blog, etc.
Os blogs desempenham um papel importante hoje em dia, pois tornam as notícias independentes das fontes tradicionais, como rádio, TV e mídia impressa, democratizando a informação. O Blog é um meio de comunicação que vem sendo bastante utilizado. A sociedade contemporânea tem investido na formação através de informações e temas variados que são muito discutidos pelas pessoas que preenchem seus públicos-alvo, ou mesmo quem estiver interessado em adquirir conhecimento. Uma característica importante dos blogs é a possibilidade das pessoas deixarem comentários sobre os posts publicados, criando uma interação entre o blogueiro (dono do blog) e o seu público. Essa característica é que define o blog como uma importante mídia social, que promove a formação de redes de pessoas que compartilham o mesmo interesse na internet.
1- aluno do VI semestre do curso língua portuguesa e literatura .
2- professora orientadora da disciplina Estudos da Ficção Brasileira Contemporânea
Segundo BENJAMIM (1997, p. 205) no texto o narrador:
[...] A informação só tem valor no momento em que é nova.
Ela só vive nesse momento, precisa entregar-se
inteiramente a ele e sem perda de tempo tem de se explicar
nele. Muito diferente é a narrativa. Ela não se entrega. Ela
conversa suas forças e depois de muito tempo ainda é capaz
de se desenvolver.
A citação acima só vem nos mostrar o quanto às pessoas na contemporaneidade não tem mais tempo para se dedicar ao ócio da leitura, por isso então há necessidade das historias serem curtas e resumidas, pois infelizmente na correria que as pessoas vivem, elas já não dispõem mais de tempo para se dedicar as contaçoes de histórias. Vivemos em um mundo de constantes transformações, a cada nova geração mudam-se as formas de se relacionar e de viver em sociedade. A geração atual ficará marcada pelas transformações causadas pela internet. A internet trouxe novas formas de comunicação, os comunicadores instantâneos como o MSN, o telefone pela internet como o Skype, o email, as redes sociais como o Orkut e os blogs são ferramentas baseados em internet que possibilitou uma verdadeira revolução na forma de comunicação entre as pessoas.
O blog tem um papel fundamental na publicação dos conteúdos, divulgação de informações e também no compartilhamento de conhecimentos entre as pessoas. Na contemporaneidade ele tem sido um espaço de fala, um meio de comunicação entre as pessoas. Para BENJAMIM (1997, p. 221)
”[...] já passou o tempo em que o tempo não contava. O homem de hoje não cultiva o que não pode ser abreviado. Com efeito, o homem conseguiu abreviar até a narrativa. Assistimos em nossos dias ao nascimento da short story, que se emancipou da tradição oral e não mais permite essa lenta superposição de camadas finas e translúcidas, que representa a melhor imagem do processo pelo qual a narrativa perfeita vem à luz do dia, como coroamento das várias camadas constituídas pela narrações sucessivas.”
Os blogs “Balanço feminino” e “Simplesmente elas” levantaram algumas discussões sobre a imagem feminina no transcorrer da história, apresentou temas como: “Tecendo histórias”, “Na berlinda”, “Escrevendo nomes”, “Abrindo espaços”, “Colorindo a vida”, e “Em versos e canções”, e importantes reflexões sobre a mulher foram feitas com base nestes temas. Muito se discute a respeito da mulher na sociedade contemporânea, todos sabem o quanto a sua luta tem sido árdua pela a busca do seu espaço na sociedade moderna, e a página “Na berlinda do blog Simplesmente elas” vem nos mostra a relação da mulher com seu corpo ao longo da história, levando em consideração o modo como a mídia interfere na percepção do corpo feminino e da subjetividade da mulher na contemporaneidade.
Na postagem mulher e propaganda de cerveja, e, Hoje se deixa de gerar frutos!!! Para virar fruta? aborda claramente a imagem da mulher como um objeto sexual.
O comércio de cerveja utiliza do gênero mulher nas propagandas, para chamar mais atenção, comparando novamente à mulher a gostosura suposta da cerveja. Mulheres que malmente vestidas, abusam dos seus corpos, sem se dar conta que não está fazendo somente a venda da cerveja, mais sim de se mesma. (FELINTO, 2007. Blog Simplesmente Elas p. Na Berlinda)
Com isso é possível notar o quanto a imagem feminina vem sendo denegrida pela a mídia, que tenta vender os seus produtos utilizando a exposição do corpo da mulher, que é oferecida como um brinde na compra da bebida. As empresas vendem ideologias. Delimitam a representação feminina em moldes servis e com limitações sexuais. Há uma violência latente, escancarada em torno da liberdade individual da mulher. Os anunciantes utilizam o corpo do feminino como um recurso de marketing. E existe também a denominação de frutas para as mulheres, seria como se elas fossem apenas para serem comidas e não servissem para mais nada, pois como já foi dito na página “frutas apodrecem e ai?” “(...) relacionar as mulheres como seres comestíveis, ou seja, as "mulheres frutas”. Será que estas mulheres ainda terão alguma utilidade com o passar do tempo?
Essa denominação de fruta acaba trazendo uma imagem negativa em relação às mulheres que é vista como “sexo fácil” que a toda hora pode ser servida e degustada como se fossem alimentos a disposição dos devoradores. Outra postagem que também tenta mostrar o poder que a mídia exerce sobre a cabeça de algumas é “Conseqüência da vaidade feminina” que mostra o quanto algumas mulheres vêm se sacrificando para poder estar dentro dos padrões de beleza ditados pela a mídia.
“Na busca de um "corpo perfeito" mulheres se entregam a regimes, cansaços físicos e o pior cansaços psíquico, tornando assim um transtorno viver, às vezes essa obsessão pelo corpo, causa uma das doenças que esta se tornando comum, a anorexia. Mulheres que deixam de se alimentar, acreditando está em peso absurdo”. (FELINTO, 2007. Blog Simplesmente Elas p. Na Berlinda) (FELINTO, 2007. Blog Simplesmente Elas p. Na Berlinda)
Os patrões de beleza ditados pela moda acabou gerando mulheres cada vez mais escravas das medidas corporais. A mídia criou um padrão de estética que determina que a mulher para ter um corpo “perfeito” precisa ser magra e ter um corpo definido. Muitas mulheres na busca incessantemente da aceitação pela a sociedade acaba se submetendo a dietas absurdas, deixando de comer e até mesmo provocando vômitos, e como conseqüência deste ato muitas acabam sendo vitimas da anorexia, pois mesmo estando extremante magras elas ainda se sentem gordas e se submetem a dietas absurdas. Na Internet, estão disponíveis vários sites que ensinam desde como fazer e como não deixar os pais perceberem o distúrbio alimentar e, também, quais os produtos e métodos de utilização de fármacos para perda de peso, tudo isso apenas pela a busca do “corpo perfeito”.
Por isso, a participação direta ou indireta neste meio social de comunicação da produção moderna proporciona benefícios e malefícios. O segundo Debord (DEBORD p.24):
“Quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência, e seu próprio desejo. O espectador que reconhece e aceita a representação dele por outro, segue hábitos não inerentes a ele mesmo.”
Outra pastagem bastante importante também é “Dependência química na mulher”. Infelizmente a mulher dependente química ainda é vista com muito preconceito perante a sociedade. As dependentes químicas sofrem com a falta de locais adequados para o seu tratamento, sofre também preconceito por parte da própria família, que acabam lhes abandonando e não dão apoio para os seus filhos, o que de certa forma acaba dificultando o seu tratamento, pois sem dinheiro e sem apoio elas não têm com quem deixar os seus filhos para realizarem o tratamento
“A mulher dependente química sofre mais para conseguir tratamento, manter a manutenção deste tratamento; e seu uso de drogas geralmente obtém relatos que geram preconceitos e discriminação.” (FELINTO, 2007. Blog Simplesmente Elas p. Na Berlinda)
Segundo Debord, a ilusão da sociedade pós-moderna envolve a história própria de cada indivíduo, embora este de fato não tenha domínio sobre ela. Ele vivencia acontecimentos distante de si próprio fisicamente, acontecimentos com os quais pouca ou nenhuma relação possui.
Conclusão
Diante do que foi apresentado, pode-se concluir que o estudo da ficção contemporânea brasileira através do trabalho com os blogs, nos proporcionou informações sobre os variados meios de divulgação e troca de conhecimentos. Porém, é notável a necessidade de uma maior divulgação desse meio contemporâneo de comunicação no favorecimento do ensino-aprendizagem.
O trabalho com as mídias sociais é indispensável de forma que torne os estudos e as práticas melhores para a facilitação, compreensão e utilização adequada da língua como meio de interação, entretenimento, diversão e principalmente conhecimento. Os blogs podem ser grandes aliados para as publicações destes trabalhos, pois a sua postagem é rápida e o retorno dos leitores também. O texto publicado em um blog é imediatamente difundido na rede, chega aos mecanismos de busca e aciona os seus robots. Estes recolhem as informações, as quais são prontamente indexadas e disponibilizadas. Concluindo, esses blogs possibilitam atualizações quase que imediatas do site.
REFERÊNCIAS:
BENJAMIM, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Blog Simplesmente elas!Disponível em: www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 10 de fevereiro de 2011.
Blog Balanço feminino. Disponível em www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em 10 de fevereiro de 2011
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Ed.
Contraponto, 1997.
http://www.webartigos.com/articles/5560/1/O-Que-e-Midia-Social/pagina1.html Acesso 01/02/2011 às 13:00 horas.
A MULHER EM CONSTANTE TRANSFORMAÇÃO¹
Marília Barcelos de Souza²
Este artigo tem como objetivo analisar O Blog Simplesmente Elas, feito em doze de outubro de dois mil e dez é composto de sete páginas que são elas: Tecendo Histórias, Escrevendo Nomes, Na Berlinda, Em Versos e Canções, Colorindo a Vida e Na Tela, focando principalmente a pagina Colorindo a Vida no qual vai trazer discursões bem claras sobre a mulher na sociedade pós-moderna. O Blog foi uma idéia bem interessante e respeitável a ser tratada, pois mostra como a mulher evoluiu e como está sendo seu desempenho no mundo contemporâneo, sendo assim, o mesmo serve de ajuda para muitas mulheres que desconhecem sua própria identidade, sua cultura, seus valores, levando-as a refletir sobre muitas questões que estão postas, pois a mulher antes, era submissa, dependente, se comparava e se adequava à ética e os bons costumes impostos por àquela sociedade. De maneira alguma, uma mulher do século passado, sairia de casa para estudar fora, ou morar sozinha. No decorrer dos anos, dos séculos, e do ano dois mil, a posição da mulher se destacou e vem até hoje sendo privilegiada entre a sociedade. Hoje em dia, moram sozinhas, trabalham fora, tem carro, e é respeitada, participam de congressos, e até está à frente do congresso nacional, discutindo política e economia que por sua vez, está preparada para fazer as jornadas da mulher moderna, cuida dos filhos, lar, trabalho e administra este tempo com facilidade e sem perder a essência de se dedicar ao marido à sociedade e à vida própria. Geralmente, ela nem precisa deste marido, ela escolhe alternativas para não se prender a certo alguém, ou ao certo padrão. Ela pode sair com quem quiser, na hora que quiser e pode usar artifícios que quiser para obter o sucesso pessoal. Ela pode ser uma mulher bem realizada sem pressões, sem impedimentos. Com isso para realizar esse artigo sobre o blog Simplesmente elas foram utilizados os seguintes teóricos BERMAN (1985), HALL (1990), BAUMAN (2000), SANTIAGO (2002) na qual vão esclarecer bem essas afirmações e retratar a questão da identidade e da sociedade pós moderna. Dentro disso Berman afirma que:
“(...)Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que permite aventura, poder, alegria crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor- mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos”.(p.15)
“Os tons rosa, laranja, verde, azul, amarelo e coral são o TUDO do verão 2010/2011. Podem apostar nessas cores para maquiagem, roupas, sapatos, unhas... Tudo que desejar para compor “looks” bem alegres e refrescantes. Cuidado com a overdose vale olhar com um olhar bem criterioso e fazer composições que fiquem agradáveis aos olhos!” (BLOG SIMPLESMENTE ELAS PAGINA COLORINDO A VIDA)
Com isso a primeira postagem da pagina colorindo a vida discorre que a moda agora são as cores pois mostra essa mistura de tons que as mulheres modernas utilizam são as alegrias e as transformações que elas receberam com o passar dos tempos pois tudo foi se evoluindo, e essa maneira de muitas mulheres levar a vida com cores é sinal de que elas estão seguindo o ritmo da modernidade.
E para falar de cores Berman (1985), ainda fala que:
“A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, da classe e nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana”.porem é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade:ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição”.(p.15)
Essa experiência ambiental que afirma Berman pode ser a própria convivência dos índios e a arte de se pintarem onde percebe-se na postagem “ Cores: como expressão de arte, coragem e identidade de um povo pintura corporal indígena: marco das emoções, como a pintura corporal a arte plumária serve para enfeites: mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores elegância e majestade. Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da beleza”. (BLOG SIMPLESMENTE ELAS PAG.COLORINDO A VIDA).”
As formas de expressão na pintura corporal indígena são muito variadas e retratam os sentimentos desse povo. Muitas índias pintam o corpo para enfeitá-lo, para defendê-lo do sol, dos insetos e, também, dos maus espíritos. As tintas são preparadas por eles e as cores têm a ver com o estado de espírito.
BERMAN (1985), assegura que: “o turbilhão da vida moderna tem sido alimentado por muitas fontes: grandes descobertas nas ciências físicas, com a mudança da nossa imagem do universo e do lugar que ocupam nele, a industrialização” da produção, que transforma conhecimento cientifico em tecnologia, cria novos ambientes humanos e destrói os antigos acelera o próprio ritmo de vida, gera novas formas de poder corporativo e de luta de classes descomunal explosão demográfica, que penaliza milhões de pessoas arrancadas de seu hábitat ancestral, empurrando-as pelos caminhos do mundo em direção a novas vidas; rápido e muitas vezes catastrófico crescimento urbano; sistemas de comunicação de massa, dinâmica em seu desenvolvimento que embrulham e amarram, no mesmo pacote os mais variados indivíduos e sociedades: Estados nacionais cada vez mais poderosos, burocraticamente estruturados e geridos que lutam com obstinação para expandir seu poder, movimentos sociais de massa e de nações, desafiando seus governantes políticos ou econômicos, lutando por obter algum controle sobre suas vidas, enfim dirigindo e manipulando todas as pessoas e instituições, um mercado capitalista mundial, drasticamente flutuante, em permanente expansão.”
Sem perceber a mulher desenha seu caminho. Caminho este que se lança através de suas dores e lutas, anseios e amores. Muitas vezes não é percebida e nem valorizada Inútil tentar decifrar essa mulher. Esse intenso universo de emoções, sensibilidade e força, estão sempre rompendo barreiras para conquistar seu lugar. A presidente Dilma é um exemplo de prudência e superação de transformação que deve ser motivo de inspiração e motivação tanto para mulheres como para homens, para que seja capaz de obras transformadoras acreditarem e insistir na sua força
Para Nietzsche, assim como para Marx, as correntes da historia moderna eram irônicas e dialéticas os ideais cristãos da integridade da alma e a aspiração à verdade, levaram a implodir o próprio Cristianismo. “O “resultado constituiu os eventos que Nietzsche chamou de “a morte de Deus” e” o advento do niilismo “.
“A moderna humanidade se vê em meio a uma enorme ausência de vazio e valores, mas ao mesmo tempo, em meio a uma desconcertante abundancia de possibilidades”. (Berman,1985, p.21 )
Isso acontece porque quanto mais vai subindo o nível de renda a classe social, quanto mais vai se sofisticando o repertório cultural, tanto mais uma pessoa se perfila como cidadã do mundo nas aspirações e motivações que apresenta. Por estar indelevelmente associada à aparência, à moda, à beleza, à simbiose com o consumo, a mulher contemporânea tornou-se o retrato mais fiel, o emblema mais vivo das sociedades construídas pelos processos globalizados de consumo. Nas roupas e acessórios que escolhe usar, no trabalho e no lazer, nos arranjos e decoração da casa, nos gestos, no comportamento, nos modos de se divertir, nas leituras que faz, transparecem os traços de uma feminilidade emergente que, longe de se satisfazer com a mera aparência exterior, sonha com uma nova harmonia existencial entre aquilo que se mostra e aquilo que não se vê.
“O que aconteceu no século XX, ao modernismo do século XIX ?
“De vários modos, prosperou e cresceu para alem de suas próprias esperanças selvagens. Na pintura e na escultura, na poesia e no romance, no teatro e na dança na arquitetura e no design, em todo um setor de media eletrônica e em um vasto conjunto de disciplinas cientificas que nem sequer existia um século atrás, nosso século produziu uma assombrosa quantidade de obras e idéias da mais alta qualidade “(BERMAN, 1985, p. 23).
Logo essa afirmação se da na seguinte postagem da pagina colorindo a vida sobre as mulheres que fazem artesanato:
“Mulheres vem transformando suas vidas através da arte. Existem hoje muitos movimentos de mulheres dedicadas a "Produção artesanal", tais como: O crochê, bordado, arte em palhas, feltro, pinturas, acessórios (brincos, pulseiras, colares, chaveiro etc...) entre outros... Muitas delas já trabalhão” juntas, à cooperativas associações de bairros, projetos, programas sociais... E além de produzirem, vendem seus produtos transformando e colorindo assim as suas vidas. Trata-se de uma mulher complexa que, sem abdicar das conquistas modernas, está buscando reciclar, dar novas entonações para valores tradicionais. Muito distante do ideário feminista duro, na sua tentativa paradoxal de se impor ao homem, imitando-o, o feminino que está vindo à tona, preocupa-se com a aparência, com a vaidade, com a sensualidade, com a sedução, mas se recusa a ser o mais belo ornamento do homem, vitrine que exibe o poder pecuniário e o estatuto social do homem. Embora eleja como meta essencial a emancipação e satisfação profissional, intelectual e cultural, essa mulher híbrida e guerreira na arte não abre mão do amor, do companheirismo, da busca de complementaridade, dos filhos e do conforto doméstico e pessoal, equilibrando-se entre essas figurações, sem submeter-se às tiranias do papel de senhora do lar.
Em “A sociedade Liquida”, a “pós-modernidade” significa uma sociedade (ou se preferir, um tipo de condição humana), enquanto que “pós moderno se refere a uma visão de mundo que pode surgir, mas não necessariamente, da condição pós moderna”. (BAUMAN, 1927, p.5). Já para Laclau as sociedades modernas, não tem nenhum centro, nenhum principio articulador ou organizador único e não se desenvolvem de acordo com o desdobramento de uma “causa” ou lei.
A sociedade não é, como os sociólogos pensaram muitas vezes, um todo unificado e bem delimitado, uma totalidade, produzindo-se através de mudanças evolucionarias a partir de seu bulbo. Ela está constantemente sendo “descentrada” ou deslocada por forças ou si mesma”.( LACLAU,Ernest 1990, p. 16)
Segundo Suart Hall, o sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de varias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas. Correspondente, as identidades, que compunham as paisagens sociais “la fora” e que asseguravam nossa conformidade subjetiva com as “necessidades” objetivos da cultura estão entrando em colapso, como resultado de mudanças estruturais e institucionais.
De acordo com a fala de Hall as mulheres da sociedade moderna estão crescendo, estão mais independentes e podem fazer tudo sozinha coisa que no passado era bem difícil O grupo Ciranda das Rosas é um exemplo disso .É possível observar pelo seguinte:
“A Ciranda das Rosas é um grupo de mulheres, moradoras da cidade de Seabra. Este grupo ressurgiu com a finalidade de resgatar as cantigas de roda que aconteciam após as missas dominicais na Igreja de São Sebastião, há aproximadamente trinta anos atrás, um grupo de aproximadamente vinte mulheres, um adolescente e algumas crianças, filhas das mulheres participantes do grupo que se uniram e deram origem a Ciranda das Rosas. Além de preservar e valorizar a cultura popular a Ciranda das Rosas é também um momento de encontro, alegria, festa e deleite entre amigas (os) é também com o intuito de alegar mais as nossas vidas, na ciranda cantamos, dançamos, e tudo isso feito com muito prazer e entusiasmo.” (BLOG SIMPLESMENTE ELAS PAG.COLORINDO A VIDA)
“O narrador pós moderno é o que transmite uma “sabedoria” que é decorrência da observação de uma vivencia alheia a ele, visto que a ação que narra foi tecida na substância viva da sua existência.” (SANTIAGO,2002,p.3).
Dentro da fala de Silviano Santiago o grupo Ciranda das Rosas é um jeito de narrar em forma de canções de roda levando ao interlocutor a emoção de uma época que para muitos deixam saudades pois possibilita uma boa lembrança de vida.
O blog Simplesmente elas mostra que a mulher antes considerada frágil, hoje se mostra capaz e forte, ocupando espaços importantes no mundo moderno em que vivemos. Para finalizar agradeço a professora Noelia de Jesus e aos colegas da turma 2008.1, pois com eles aprendi muito sobre modernidade, o qual é um espaço de grandes transformações que leva o individuo a se modificar dentro da sociedade, de acordo com a sua cultura, religião e costumes, sempre em busca da sua identidade.
REFERÊNCIAS:
BAUMAN, Zigmund, Sociedade Liquida, especial para Folha, 1927.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade; Trad.: Carlos Felipe Moisés, Ana Maria L. Ioratti- São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
HALL, Stuart, ,A identidade Cultural na pós-modernidade,11ª edição
Modernidade São Paulo:Companhia das Letras,1986
SANTIAGO, Silviano. Nas Malhas das Letras: in O Narrador pós-moderno. Rio de Janeiro:Rocco,2002.
Simplesmente, Elas. Disponível em: http://www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 14 de fevereiro de 2011.
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¹ Acadêmica do curso de letras vernáculas da UNEB Campus XXIII Seabra – BA.
² Trabalho apresentado a professora Noélia de Jesus como requisito de avaliação parcial referente ao Componente Curricular Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea.
Blog um gênero que promove discussões[1]
Suzana Araújo Sá Teles[2]
Os tempos anteriores a pós- modernidade ,as pessoas respeitavam os narradores ali existentes acolhendo para si , tudo de experiência convivida, mas no sistema corporativo que vivemos hoje, não há mais a troca de experiências, pois o sujeito pós-moderno se torna a cada instante um indivíduo solitário, onde não se compartilha os conhecimentos que possuímos devido às transformações existentes nesse mundo globalizado. Segundo Bermam (p. 15,1986 ):
“A experiência ambiental da modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e de nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade: ela nos despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e mudança, luta e contradição, de ambigüidade e angustia”.
É nessa perspectiva de angustia, medo e desequilíbrio provocados pela a modernidade que os indivíduos pós-modernos não se interagem mais, dificultando assim uma comunicação. Pois os perigos que encontravam eram possivelmente previsíveis , podendo assim chegar em uma solução para o problema, mas hoje é valido ressaltar que os perigos de agora são imprevisíveis segundo Bauman (p. 5, 2003):
“as maiores ameaças para existência humana eram muito mais obvias. Os perigos eram reais , palpáveis e não havia muito mistério sobre o que fazer para neutralizá-los ou, ao menos, alivia-los. [...] os riscos de hoje são de outra ordem ,não se podendo sentir ou tocar em muitos deles, apesar de estarmos todos expostos, em algum grau, a suas conseqüências”.
Os processo de globalização, abalam nossas vidas, a partir de incertezas e ansiedades tornando-nos indivíduos isolados, com o desenvolvimento do meio em que vivemos. A fastando-nos também pelo medo da experiência e das relações espontâneas, nos enrijecendo num movimento de bloqueio ante o perigo premeditado. Segundo Silva (p.67,): “A desvalorização e o distanciamento da experiência podem se explicar, também, porque queremos ver os resultados, subtraindo-a, tal como demanda as relações contemporâneas baseadas no imediatismo e automatismo”.
Mas é com o advento das tecnologias que surge também uma nova maneira de expressar e de se comunicar, através do gênero blog, as pessoas podem se interagir, debatendo assim as narrativas existentes nos mesmo, De acordo com Dionisío (2003) os gêneros textuais são fenômenos sócio-históricos profundamente ligados e veiculados à vida cultural e social. Por isso, os gêneros são fruto de trabalho coletivo e contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São, portanto, definidos como entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa.
Ainda de acordo Bagno (2007), os gêneros nascem emparelhados às necessidades e atividades sócio-culturais, bem como na relação com inovações tecnológicas. Dessa forma os blogs promovem discussões, a partir das narrativas empregadas pelos indivíduos que os utilizam. Pois é diante dessa necessidade de se comunicar que os blogs simplismente elas! E balanço feminino, vem trazendo discussões a cerca do papel da mulher, a valorização, o denegrir, a alienação e o interagir feminino, enxergado nessa pós-modernidade.
É com as transformações sócio-culturais existentes que inúmeras vezes as imagens das mulheres foram representadas por discursos machistas, essas representações masculina, atribuiu e ainda atribui estereótipos ao gênero feminino na crença de que elas são seres inferiores, culpadas pelo excessos da sociedade, por conta do abandono do seu papel tradicional que estas por sua vez ocuparam e ainda ocupam na sociedade.
É a partir dessas e de outras imagens que configuraram as mulheres que a turma 2008.1 e a professora Noelia de Jesus, criaram os blogs Balanço Feminino e Simplismente elas! no intuito de se promover discussões a cerca do papel da mulher em meio a sociedade, abrindo espaços para a sociabilidade e o encontro coletivo de narrativas cujas exploram estes papeis de forma a demonstrar que as mulheres são muito mais do que um ser frágil, isso é visto nas postagens do blog simplismente elas!:
“Mulher No Volante... Atento Constante. Ainda hoje, muita gente pensa que dirigir profissionalmente em estradas, sobretudo caminhões de carga pesada, é uma tarefa masculina; no entanto, é cada vez maior o numero de mulheres que se arriscam a dirigir estas maquinas de mais de 15 toneladas para sustentar suas famílias”. (Simplismente elas!,p. Abrindo Espaços , 2010).
Essa fragilidade que foi imposta na imagem da mulher, vem de discursos os quais determinam lugares a serem ocupados, e um dos lugares determinados às mulheres, foram os cuidados com o lar e a sua família, proferidos por discursos conservadores. Como afirma Reguillo (p.138, 1998): “o papel tradicional da mulher deve permanecer no recesso do lar como ‘formadora’, ‘defensora’, e ‘vigilante’, do desenvolvimento harmônico de uma família que vive num ‘temor de Deus’e que se apresenta como única alternativa.
É a partir desses discursos preconceituosos é que nossa sociedade julga, descrimina todo ato o qual se desloca dessa tradicionalidade do papel que nos foi impostas. Isso pode ser visto na postagem do blog Simplismente elas!:
“Para nós mulheres indígenas os desafios surgem muito cedo, pois com o casamento a comunidade espera que nós sejamos boas esposas, cuidando da casa e dos filhos. Porem, se uma mulher quer seguir um rumo diferente na sua vida, tem que enfrentar alguns preconceitos, pois a comunidade questiona porque uma mulher casada procura um modo diferente pra sua vida. Atualmente essa perspectiva vem mudando, mas a comunidade ainda tem aquele pensamento de que os homens devem sustentar a família. Assim o papel da mulher fica basicamente voltado para a família, dando apoio emocional, afetivo e moral. Porém, a cada dia que passa, nós mulheres estamos conquistando nosso espaço dentro da aldeia e devido a nossas novas posições precisamos ter formação acadêmica, melhorando cada vez mais nossas capacidades [...]”. ( Blog simplismente elas!, pagina tecendo história, 2010).
A mulher na busca do reconhecimento do seu devido lugar em meio à sociedade, às vezes possibilitam o seu denegrir na visão do seu meio, pois permitir através de algumas imagens a exposição da sua representação de maneiras controvérsias. Dando oportunidade a desvalorização de seu gênero. Como afirma Silva:
“Vivemos atualmente uma hiperexposição do corpo como produto, algo de possível elaboração e reconstrução tendo como referencia uma cartografia corporal com toques de sedução e negação dos traços dos tempos. Sabemos que os meios de comunicação por si só não determinam modelos estéticos corporais, é, porém, um poderoso braço ideológico de divulgação e convencimento dos padrões selecionados e acionados pela indústria”.
Isso Pode ser visto nessa imagen retirada do blog Simplismente elas!, (pagina Na Berlinda, 2010).
Mas é visto que com uma sociedade em constantes transformações, o indivíduo se torna em meio a estes desequilíbrios emocionais, seres alienados, ilusionista dentre vários enunciados que lhes circundam, como diz Feuerbach:
“Nosso tempo, sem dúvida... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... O que é sagrado para ele, não passa de ilusão, pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.”( Feuerbach — Prefácio à segunda edição de A Essência do Cristianismo apud DEBORD, ).
E nessa mesma perspectiva, da ilusão propagada por diversas mídias, que principalmente as mulheres se rendem a atitudes as vezes que condena suas próprias vidas veja no exemplo desta postagens do blog Simplismente elas!:
“Consequências da Vaidade Feminina!Nesse mundo globalizado, cada vez mais a sociedade fica ainda mais alienada, causando distúrbios na vida alheia. Padrões, sempre padrões, esses são os vilões de quem quer estar no alcance dessa sociedade de aparência e exigências. Na busca de um "corpo perfeito" mulheres se entregam a regimes, cansaços físicos e o pior cansaços psíquico, tornando assim um transtorno viver, às vezes essa obsessão pelo corpo, causa uma das doenças que esta se tornando comum, a anorexia. Mulheres que deixam de se alimentar, acreditando está em peso absurdo. Absurdo é essa ideologia pelo físico que descrimina, adoece, desequilibra pessoas, famílias, sociedades. Deve-se compreender que essa busca da perfeição esta tornando a humanidade, seres sem qualidades à busca de ilusões. Iludimos-nos diariamente por ideologias, que só nos causam transtornos, buscamos às vezes o impossível, atropelamos o existentes e idolatramos idealistas ilusões”. ( Simplismente elas!, pagina Na Berlinda, 2010).
Mas também é exposto de forma graciosa as várias vitórias que as mulheres conseguiu ultrapassar mesmo diante das dificuldades existentes isto é notório na postagem do blog Balanço Feminino:
“A Organização dos Estados Americanos (OEA) proclamou o ano de 2010 como o Ano Interamericano das Mulheres, com o lema “Mulheres e Poder: por um mundo com igualdade”. É um reconhecimento aos progressos alcançados, desafios e obstáculos que se apresentam para o alcance da plena igualdade entre mulheres e homens. Também celebra o papel pioneiro da Comissão Interamericana de Mulheres (CMI) na luta por direitos civis e políticos e pela igualdade de oportunidades”. ( Balanço Feminino, pagina Abrindo Espaço, 2010).
Contudo é com o interagir feminino em busca de uma melhor representação, que passaremos a refletir os papeis impostos, e desmistificaremos as supostas imagens representadas por uma sociedade preconceituosa onde ainda exclui, isola, descrimina, através de crenças propagadas em meios de comunicação, configurados por representações e interpretações em diferentes espaços públicos.
Os blogs Balanço Feminino e Simplismente elas! Trazem reflexões a cerca das diversas imagens propagadas pelas mídias existentes, utilizando deste gênero que promovem discussões utilizando uma outra forma de olhar , identificando assim a importância dos blogs, pois com um mundo tão competitivo, individual, é através desses meios tecnológicos que podemos disseminar opiniões que possibilitem reflexões, das diversos sujeitos encontrados ou desencontrados nessa “sociedade perversa”, que tudo condena, e distância indivíduo do indivíduo, mas é preciso ressaltar que se deve utilizar dos meios tecnológicos com cuidado, pois muitos meios de comunicação encontram nestas realidades uma mina altamente produtiva , mas tem que saber explora-la.
REFERÊNCIAS:
ÂNGELA, Paiva e Dionísio; MACHADO, Anna Racheu; BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros Textuais e Ensino. 2º Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.
BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por acaso: Por uma pedagogia da variação llinguistica. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
SILVA, Luciene Maria, Diferenças Negadas: O preconceito aos estudantes com Deficiencia Visual. Editora: EDUNEB.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: contraponto,1997.
JESUS, Noélia. Simplesmente elas!Disponível em: www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 17 de fevereiro de 2011.
JESUS, Noélia. Balanço Feminino,Disponível em: http://tdoponto1.blogspot.com/p/abrindo-espacos.html,Acesso em: 17 de fevereiro de 2011.
REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: A construção social do medo na cidade. In: Encontro da Associação Latino – Americana. 4. 1998, Recife: Universidade católica de Pernambuco, 1998. P. 129-155.
BERMAN, Marshal. Tudo que é sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
SANTIAGO, Silviano. Nas malhas da letra: ensaios/ Silviano Santiago. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
[1] Artigo apresentado a Professora Noélia Jesus da Silva, exigido como requisito parcial à aprovação na disciplina Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea, do curso de Licenciatura em Letras: Língua Portuguesa (UNEB). 6° semestres.
[2] Graduanda do curso de Letras Língua Portuguesa e Literaturas- UNEB- Campus XXIII
[2] Graduanda do curso de Letras Língua Portuguesa e Literaturas- UNEB- Campus XXIII
VERTENTE LITERÁRIA CONTEMPORÂNEA INERENTE AO BLOG: SIMPLESMENTE, ELAS! *
Este trabalho faz uma abordagem acerca do narrador da pós-modernidade. Procurou-se examinar as postagens do blog: Simplesmente Elas! a fim de identificar vertentes literárias Pós-moderna. O percurso metodológico empregado se deu através da análise das postagens de textos explícito no tema: na Berlinda e do blog “Simplesmente Elas!” como todo. Valeu-se das leituras de teóricos que dialoga com a modernidade e pós-modernidade, bem como do narrador literário e da sociedade moderna, tais como os autores: Silviano Santiago (1986), Afrânio Coutinho (2004), Milton Santos (2000), Guy Debord (1997) e outros. Sabe-se que a sociedade em que vivemos hoje é bastante influenciada pelo avanço tecnológico. Desse modo, o corpus desta pesquisa fala da mulher na sociedade moderna, trata-se do blog, gênero virtual, ou seja, um diário virtual, criado por estudantes do VI semestre do curso de Letras da Universidade do Estado da Bahia. Neste veículo de informação são retratados os mais variados temas no tocante ao sexo feminino, são expostos textos que possibilitam ao leitor fazer uma leitura crítica e comentar a respeito do mesmo:
Este espaço virtual de expressão é, sem dúvida, um convite ao olhar. Aqui pincelamos situações diversas que evidenciam a beleza, a graça, a ousadia... O poder, mas também a violência imposta à mulher. Olhar para a história desse ser que há muito vem sendo incompreendido, é acreditar em novas páginas; na surpreendente dinâmica da vida e, sobretudo, é acreditar em nós mesmas! (JESUS, Noélia. 2010)
Assim, busca-se trabalhar o narrador da sociedade moderna que fala da mulher como sujeito sócio-histórico, sofreu e sofre preconceito vítima dessa globalização perversa, para satisfazer as ambições da sociedade do espetáculo:
O espetáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade [...] Não é possível fazer uma oposição abstrata entre o espetáculo e a atividade social efetiva: esse desdobramento também é desdobrado. O espetáculo que inverte o real é efetivamente um produto [...] A realidade surge no espetáculo, e o espetáculo é real. (DEBORD, Guy. 1997, p. 14-15)
É nesta sociedade do espetáculo em que se forma outro narrador, que não o clássico, friso que para falar do narrador e pós-modernidade torna-se pertinente falar, antes, da sociedade e do contexto social em que ele se constitui, pois, como defende Afrânio Coutinho (2004) “As manifestações literárias que tem surgido no Brasil constituem respostas estético-ideológicas específicas diante da situação socioeconômica, ou, melhor, histórica, que caracteriza seu contexto.”
Vivemos num mundo globalizado e isso vem tornar a comunicação cada vez mais ágil, transformando a realidade num espetáculo, valendo-se de fatos e situações reais. Todavia, em tempos modernos é comum o narrador falar de sexo, drogas, violência. Desse modo, o Blog: Simplesmente Elas! vem postar sobre, mulheres infectadas pelo vírus HIV, as drogas e a anorexia e outras situações que insistem em colocar a mulher “Na Berlinda” como, por exemplo, a temática “Conseqüências da vaidade feminina” e como bem defende o leitor das páginas, trata-se de uma alienação social:
Em relação à matéria "Consequências da Vaidade Feminina", considero que o discurso da estética nesses casos supera o da saúde. A privação de uma alimentação regular e balanceada para fins de beleza deixa clara a forma alienante com que os meios de comunicação [...] impõe seus parâmetros e pré- requisitos para se ter um corpo "bonito". Toda essa manipulação é fruto de um mercado capitalista... (Wodson, 2008.1 noturno)
Acerca disso assevera Guy Debord (1997, p.24) “O espetáculo na sociedade corresponde a uma fabricação concreta da alienação [...] O que cresce com a economia que se move por si mesma só pode ser a alienação que estava em seu núcleo original.”
Entretanto, é nessa sociedade alienada a que Walter Benjamin vem considerar a morte do narrador tradicional, segundo ele a arte de narrar está em vias de extinção. Para Benjamin, são cada vez mais raras as pessoas que sabem narrar devidamente e isso se dá devido a dificuldade de intercambiar experiências, o romancista está desorientado e não sabe mais dá conselhos, pois, não vivencia mais a experiência “A arte de narrar está definhado a sabedoria – o lado épico da verdade está em extinção.” (BENJAMIN, 1936, P.169). As narrativas construídas a partir de experiências alheias são influenciadas pelos meios de comunicação que nos enchem de informação e ideologias e que influenciam os nossos medos.
Em relação ao medo que sentimos, hoje, do outro, a autora Rossana Reguillo em seu trabalho de pesquisa, intitulado “Imaginários globais, medos locais: A construção social do medo na cidade” buscou a compreensão acerca do processo de construção do medo na cidade, trabalhando narrativas que são construídas e que circulam no meio social, inserida num contexto em que o sujeito enunciador tem medo da sociedade em que vive, os indivíduos se trancam no seu mundo, portanto, as pessoas não constroem mais narrativas dialogando com o próximo, elas ficam presas em suas casas e se prendem aos meios de comunicação de massa e as informações que neles são passadas e assim são constantemente influenciadas pelas ideologias que estão sendo lançadas através desses meios de comunicação. Guy Debord (1997, p23) defende em seu “A sociedade do Espetáculo”:
O isolamento fundamenta a técnica; reciprocamente, o processo técnico isola. Do automóvel à televisão, todos os bens selecionados pelo sistema espetacular são também suas armas para o reforço constante das condições de isolamento das ‘multidões solitárias’.
Trata-se, portanto, de um trabalho de pesquisa, onde Reguillo tem suas fundamentações ratificadas numa análise realizada em países latino-americanos e que apresenta alto índice de pobreza. É relevante salientar que a autora observou, em sua pesquisa que: à medida que avança a pobreza, aumenta a suspeita e a desconfiança entre as pessoas e diminuem a sociabilidade e o encontro coletivo. È desse modo, que nos tornamos reféns da tecnologia, sem todos esses aparatos, temos dificuldade de dialogar com o próximo. Hoje, a ansiedade dificulta o diálogo interpessoal. Preferimos a comunicação virtual, mental, mas não a corporal (DEBORD, Guy cita FEUBACH) “É sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem a coisa, a cópia ao original, a representação á realidade, a aparência ao ser...”
Para Silviano Santiago, o que ocorre não é a morte, mas evolução do narrador tradicional para o narrador pós-moderno. Dessa maneira, Santiago assinala, “pode-se falar que o narrador olha o outro para levá-lo a falar (entrevista), já que ali não está para falar das ações de sua experiência”. O narrador contemporâneo é aquele que se interessa pelo outro, ele não narra suas experiências vividas no passado, mas a experiência alheia.
Em “O narrador pós-moderno”, Silviano Santiago aponta os três estágios da história do narrador, sistematizados por Walter Benjamin, onde o narrador clássico expõe a experiência de uma ação que vivenciou. O segundo e o terceiro se configuraria com o narrador do romance e o narrador jornalista que escreve não para narrar uma ação da própria experiência, mas aquilo que aconteceu com o outro. De acordo com Santiago, o narrador pós-moderno se assemelha ao narrador jornalista, ou seja, aquele que transmite a experiência, exterior a ele.
A título de conclusão, é nesse contexto social que nasce o narrador pós-moderno, a narrativa não se interessa mais pela memória, pelo passado o que interessa ao narrador é o aqui e o agora. Além disso, não faz sentido numa sociedade pós-moderna negarmos os aspectos temáticos e estruturais que fazem parte do nosso contexto. O Blog, por exemplo, nos induz a voltarmos para narrativas rápidas, que se apegam aquilo que faz parte do momento. Vê se na página Na Berlinda narrativas totalmente fragmentadas que misturam imagem com texto e é o tipo de texto que nos chama atenção. A literatura, a arte e outros tipos de linguagem têm que se adequarem ao contexto no qual estão inseridos, caso contrário, perde-se o interesse, de fato, por esta tradição.
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* Artigo apresentado à professora Noélia Jesus da Silva, do Componente Curricular Estudos da Ficção Brasileira Contemporânea, como requisito parcial de avaliação do semestre 2010.2.
[**] Estudante do VI semestre, curso de Letras: Língua Portuguesa e Literaturas, Turma 2008.1, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Campus XXIII.
REFERÊNCIAS:
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: contraponto,1997.
JESUS, Noélia. Simplesmente elas!Disponível em: www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 08 de fevereiro de 2011.
REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: A construção social do medo na cidade. In: Encontro da Associação Latino – Americana. 4. 1998, Recife: Universidade católica de Pernambuco, 1998. P. 129-155.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SANTIAGO, Silviano. O narrador Pós-moderno. In: Nas Malhas da letra. São Paulo: Companhia Das Letras, 1986.
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AS RELAÇÕES ENTRE AUTOR, LEITOR E AS MÚLTIPLAS POSSIBILIDADES DE LEITURAS NO BLOG SIMPLISMENTE ELAS
Tiago Pinto Vilas Boas¹
Noelia de Jesus Silva²
Quando se fala em narrativa, logo nos vem à mente a questão da contação de histórias, que sempre eram repassadas por meio dos nossos antepassados de uma geração para outra, ou seja, os ensinamentos dos mais velhos eram repassados aos mais novos, isso ficou muito evidente nas tribos indígenas, onde ser idoso era sinônimo de sabedoria e poder, criando-se, desse modo, as chamadas hierarquias tribais dentro dessas comunidades, pois os mais velhos eram os que poderiam transmitir conselhos e ensinamentos aos demais, ocorrendo a transformação desses indivíduos em distintos conselheiros e consultores para as mais diversas finalidades.
O ato de narrar na antiguidade era visto por muitos como um símbolo de dotação divina, pois para diversas civilizações tanto do mundo ocidental quanto do oriental, quem possuía esse “dom”, era reverenciado e agraciado com as mais diversas oferendas e especiarias, pois “O saber, que vinha de longe - (...) temporal contido na tradição - dispunha de uma autoridade que era válida mesmo que não fosse controlável pela experiência”. (BENJAMIN, 1994, p.202). Na história da tradição oral greco-romana temos a figura dos bardos, indivíduos responsáveis por transmitir histórias, lendas e poemas em forma de canções. No oriente, temos as famosas histórias de Scherazade, nas Mil e uma noites. Para os orientais existia a tradição de curar a psique por meio de narrativas, constituindo assim uma psicoterapia. Hoje muitos especialistas utilizam o ato de contar e ouvir histórias na terapia ocupacional com crianças, sendo designado cientificamente como um recurso terapêutico ocupacional em diversas partes do mundo.
Geralmente os tipos mais recorrentes da denominada narrativa clássica, eram histórias contadas por indivíduos, na maioria das vezes comuns que possuíam grandes experiências dentro de sua comunidade ou região, relatando acontecimentos locais, ou por pessoas que estavam sempre envolvidas em viagens, transmitindo aos outros os relatos dos seus convívios nos diversos locais por onde passavam. De acordo com BENJAMIN (1994), esses tipos seriam representados consecutivamente, pelos camponeses e marujos, sendo a fonte da narrativa clássica as colocações que são realizadas de pessoa para pessoa, precedendo assim da tradição oral, ou seja, da interação social entre indivíduos. Para esse autor, de acordo com o desenvolvimento das sociedades e dos acontecimentos dele decorrente, a arte de narrar estaria em vias extinção, pois as pessoas em nosso mundo globalizado, não têm tempo para contar e ouvir histórias.
Com as metamorfoses sofridas pelas nossas sociedades, surge um novo modo de olhar as coisas, onde tudo se torna transitório. Essa nova perspectiva baseia-se no volátil, tendo como personagem central o espetáculo, visto que, tudo que é sólido se desmancha no ar, onde temos a negação da tradição, a ausência da vida moderna e a afirmação da pós-modernidade que tem como emblema o líquido, onde nos deparamos com o constante desenraizar em um cenário em que os medos não são palpáveis e as mudanças se tornaram rotineiras. O que vale é o “ter” e não o “ser”, o capital é um dos espetáculos da pós-modernidade, pois “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação.” (DEBORD. 1997, p.13).
O blog faz parte das novas formas de comunicação e interação social na contemporaneidade, sendo de fundamental importância dentro de uma sociedade cada vez mais adepta das altas tecnologias, ele permite que o leitor obtenha informações dos mais variados temas de forma rápida e precisa, isso porque em nosso mundo globalizado estamos sempre correndo de um lado para o outro para atender às exigências desses novos tempos em que as rotações por segundo estão em alta.
As pessoas de hoje tem a tendência de cada vez mais se isolar em seus mundos particulares, importando-se apenas com o boom do momento, acompanhando o cabresto do capitalismo, usando e abusando de coisas tidas como cômodas e fáceis de manusear que proporcionam a sensação de conforto e bem estar, elas não dispõem de tempo para ouvir fatos narrados pelo outro ou até mesmo contar uma história, nem tão pouco dispõem de tempo para se entregar a urdidura da leitura longa e por isso preferem o que é curto, prático e portátil.
No nosso mundo light, a busca pela conservação das aparências se tornou uma meta, apesar de estarmos vazios por dentro, o fora tem que prevalecer sobre tudo. A vida se tornou um caos, apesar das pessoas viverem nas imensas megalópoles e desfrutarem das maravilhas da pós-modernidade, o que ocorre é algo totalmente diverso, os indivíduos estão alocados em um universo paralelo a tudo isso, no micro apesar de aparentarem conviver no macro, pois temos as micropólis que são organismos independentes do todo, temos um sistema dentro de outro sistema, o que acarreta os individualismo e a necessidade se trancar em uma imensa bolha e jogar a chave fora, buscando desenvolver seus próprios espetáculos interiores, onde cegamente pensam ser os personagens principais, quando na realidade não passam de meros espectadores de sua existência.
Vivemos hoje na era da informação, onde a todo instante somos bombardeados com uma caravana de objetos que são criados a todo instante para nos proporcionar a melhor forma de obtermos de modo instantâneo o que nos é transmitido pelos veículos de comunicação de massa, temos a nossa disposição uma gama de ferramentas que nos deixam “atualizados”, sobre o que está acontecendo em todo o planeta em questão de segundos, o que nos leva a não nos preocuparmos em saber o que está ocorrendo com o nosso vizinho do lado, a menos que esses meios tragam informações sobre algo que acabara de acontecer com ele. Enfim, nos trancamos para o contato social, pois é muito mais simples interagirmos com outras pessoas por meio da máquina, essa se tornou nossa companheira inseparável de todos os dias.
Estamos na era da imagem, consolidando o ditado popular que “uma imagem vale mais que mil palavras”, onde a leitura e a escrita se tornaram objetos ultrapassados, o que conta é a contemplação das mais variadas formas de imagens polidimensionais. A tecnologia está a nossa volta para nos proporcionar a diversidade de sensações simbólicas, é muito mais gratificante “assistir um livro do que ler um filme”, está ocorrendo a inversão de valores, nada está onde aparentemente deveria está, as pessoas estão cada vez mais alienadas e alienantes, visto que:
“A realidade considerada parcialmente apresenta-se em sua própria unidade geral como um pseudomundo à parte, objeto de mera contemplação. A especialização das imagens do mundo se realiza no mundo da imagem automatizada, no qual o mentiroso mentiu para si mesmo. O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento do não-vivo. (DEBORD, 1997, p.13)
Dentro de todo esse caldeirão efervescente surge a resignada narrativa pós-moderna que tem como ápice o narrador pós-moderno, uma figura desenvolvida no meio do caos, que vive na soleira a espreitar e contemplar o espetáculo. Diferentemente do clássico que era uma figura emblemática que extraía de suas próprias experiências suas matérias intercabiando-as, ou do moderno que não falava exemplarmente, o narrador pós-moderno se extrai do narrado (informar), sendo, sobretudo um observador que acaba por identificar-se com o leitor, devido a sua pobreza de experiências, sendo um jovem inexperiente que é privado da palavra, ou seja, “o narrador pós-moderno é aquele que quer extrair a si da ação narrada, em atitude semelhante à de um repórter ou de um espectador. [...] É o movimento de rechaço e de distanciamento que torna o narrador pós-moderno”. (SANTIAGO, 2002, p. 45).
A partir de toda essa observância, o blog é um instrumento perfeito, pois traz uma vasta gama de elementos de alta atratividade e devido ao seu formato ele já se tornou mania nacional, trazendo de volta para o leitor o prazer da leitura, sendo um dos gêneros textuais mais difundidos, contendo em seu interior na grande maioria das vezes, uma grande quantidade de textos narrativos, isso nos permite dizer que a arte de narrar não está de fato em vias de extinção, apenas estamos contemplando as mudanças que são inerentes a qualquer sistema, ou seja, as narrativas sempre estarão presentes em nosso meio, porém o que se deve observar é que elas sofrem constantes transformações e o narrador que antes era o centro de toda a tessitura, hoje não passa de um mero espectador, isso leva o leitor a ter uma vasta gama de interpretações até porque ele próprio toma o centro do palco e conduz a narrativa da forma como lhe for conveniente transformando-se em um dos narradores da história e não mais um mero observador, dispondo assim de grande liberdade.
Coadunando com tudo isso, em meio aos milhares de blog existentes na rede, eis que surge o blog Simplesmente Elas!! , que se o observarmos de modo detalhado não veio para ser mais um no meio da multidão, ele veio para fazer a diferença. Esse blog foi criado pela turma 2008.1 do curso de Letras – Língua Portuguesa e Literaturas da Universidade do Estado da Bahia – UNEB no Campus XXIII, na cidade de Seabra, sob a orientação da professora Noelia de Jesus Silva e o objetivo de sua criação foi tratar de uma lacuna em nossa sociedade que é o reconhecimento e valorização da mulher.
O blog Simplesmente Elas!! em sua interface já traz um texto de abertura muito convidativo que desperta o interesse do leitor por descortinar seu olhar e adentrar em suas páginas tomando-o não como um ser exterior, mas como alguém que constituirá por meio de suas múltiplas leituras um novo texto, sendo também um autor que poderá se manifestar de forma física por meio de seus comentários ou de forma psíquica por meio de uma tomada de consciência da importância da mulher, retransmitindo isso para outros indivíduos, constituindo-se de qualquer modo como um importante narrador que pode se manifestar de várias formas.
As narrativas de hoje estão se adequando as novas condições de vida da população, elas não seguem uma sequência linear em que o fim já está preestabelecido, mas são antes de tudo soltas, estando sempre a se auto-reiniciar, quebrando com a velha lógica sempre terna, ganhando o ato de narrar uma nova conotação, importando-se assim com o movimento até porque “os tempos pós-modernos são duros e exigentes. Querem a ação enquanto energia.” (SANTIAGO, 2002, p. 59).
As páginas de Simplesmente Elas1!! trazem grandes abordagens a respeito das mulheres e seus locais de fala na história nacional e universal. A primeira página intitula-se Tecendo Histórias, esse título já é bastante sugestivo remetendo ao passado onde eram tecidas as histórias sobre o tear e nos traz de modo geral um retrato da mulher relacionado com suas histórias de vida, nessa página o leitor/narrador se depara com textos que relatam as condições de vida e o meio onde se desenvolvem as relações de dependência e subserviência como no caso das mulheres afegãs, as mulheres do congo e as prostitutas, temos também imagens que falam mais que palavras como no caso dos textos das parteiras e também das índias que contam sua história por meu de uma narrativa do ponto de vista de quem vivencia as situações citadas, observamos também casos de superação de obstáculos pelas mulheres como é o caso das mães solteiras e independentes, as celtas que possuíam certa liberdade e as idosas que tem muitas histórias não só para contar, mas para ainda vivenciar.
A segunda página Escrevendo Nomes tem por foco a questão da inscrição dos nomes das mulheres em diversas áreas e locais em nossas sociedades, visando à valorização do papel destas guerreiras e as diversas funções por elas desempenhadas, articulando com o leitor uma relação de troca, pois o mesmo irá se deparar com as diversas situações que já vivenciou ou já ouviu falar que eram majoritariamente masculinas, mas agora temos essas mesmas situações vivenciadas por mulheres, como é o caso da primeira mulher eleita para ocupar o mais alto cargo do país provando que as mentalidades estão começando a se modificar. Nessa página temos os nomes das mulheres que modificaram a história mundial e nacional, temos as mulheres que se destacaram no esporte, na justiça, na igreja, nos movimentos sociais e raciais, na nomeação de cidades e na educação. As imagens e vídeos desta página constituem em narrativas interiores e exteriores que levam o leitor a mergulhar e construir alforriando o olhar suas múltiplas leituras e interfaces.
Uma das páginas que despertam um olhar aguçado do leitor é a página Na Berlinda, pois seus autores trazem textos que refletem a atualidade e a forma como determinadas mulheres se prestam aos mais variados papéis na sociedade, como é o caso das mulheres frutas, das que participam de propagandas de cerveja, sendo vistas como objetos e o caso das mulheres que fazem tudo pela vaidade até mesmo ficar doente para atender aos padrões de beleza, servindo também de piada, quantas não são as piadas que acabam denegrindo a imagem da mulher e o pior é que muitas mulheres acabam até dando risadas. Dois textos que chamam atenção são Dependência química na mulher e Mulheres com HIV são tema de documentário brasileiro, onde nós temos de um lado todo sofrimento causado pelas drogas e do outro as portadoras de HIV que tem uma vida normal. Outro ponto que os autores trazem é a questão das mulheres que são presas e vivem uma situação difícil estando grávida na prisão e narram toda dor e sofrimento por elas vivenciado, também temos a questão da menstruação feminina e a TPM.
Em versos e canções é uma das páginas mais leves e descontraídas, pois traz um grande colorido e toda leveza da poesia, ela traz a relação entra a música e a mulher apresentando as mulheres que se destacam em capas de cd, nomes de mulheres que viraram música, as mulheres que são o que sempre quiseram ser independente de distinções e bandas musicais de diversos estilos formadas só por mulheres, temos ainda em alguns casos uma relação pejorativa, como é o caso da desvalorização da mulher nas músicas de forró, em que o narrador fala de sua saudade do passado em que as mulheres eram valorizadas nas letras de músicas.
A página colorindo a vida é um capítulo a parte no blog, sendo um de seus elementos que mais chama a atenção do leitor se comunicando direto por meio do olhar, pois ela traz toda magia e colorido da vida e para uma melhor compreensão de sua grandiosidade e beleza o olhar tem que está totalmente despido. As autoras trazem a questão do colorido como símbolo de identidade de um povo, como no caso das comunidades indígenas. Observamos também o texto Colorindo a vida através da arte, onde nós temos os trabalhos artesanais realizados por pessoas locais remetendo ao fazer artesanal das histórias na antiguidade, as tendências de cores para o verão 2010/2011 em maquiagem, cabelos e sapatos e dentro dessa floresta de cores eis que surgem as rosas, o grupo local da cidade de Seabra, Ciranda das Rosas que foi homenageado pelas autoras, demonstrando o respeito pela cor local, esse grupo de mulheres regata a tradição em plena era da tecnologia através de cantigas antigas que constituem se observarmos detalhadamente em belas narrativas orais de feitos e fatos.
Em Abrindo Espaços o leitor fica sabendo das conquistas realizadas pelas mulheres em diversas áreas, como as mulheres caminhoneiras que dominam as grandes máquinas, as mulheres na segurança presidencial que acompanharam Dilma em sua posse, as mulheres revolucionárias que em 1857 lutaram por seus direitos nas fábricas. Essa página traz toda a trajetória traçada pelas mulheres para ocupar os diversos cargos que eram apenas ocupados pelos homens, provando que hoje elas estão chegando ao poder e passarão a ter o comando provando que lugar de mulher não é na cozinha e sim em qualquer local da sociedade.
Na tela é uma página que reflete a questão da mulher e da mídia, trazendo Paula Fernandes uma cantora que até pouco tempo não era conhecida do público e hoje está dominando as mídias pela sua bela voz e estilo incomparável, e Glória Maria uma das grandes apresentadoras da TV brasileira que sempre está em pauta na mídia, sendo pioneira por ser a primeira repórter negra da TV, quebrando paradigmas.
A última página é muito especial, pois reúne diversos artigos realizados pelos acadêmicos que criaram o blog e agora tecem análises em cima da temática do mesmo, trazendo-nos suas colocações e muitas vezes relatando suas experiências durante a confecção do mesmo.
Portanto, o que podemos visualizar a partir da análise do presente corpus que é o blog Simplesmente Elas!! é que os autores a exemplo do narrador pós-moderno ficam em segundo plano na narrativa de suas páginas, pois eles não assinam as mesmas, tronando-se anônimos no meio da multidão, ficam apenas a observar os acontecimentos deixando o leitor livre para se tornar também um narrador no comando de sua trajetória de leitura, tecendo infinitas leituras devido à grandiosidade do olhar. Os “narradores” apenas usam seu olhar como ferramenta para se comunicar. O leitor a qualquer momento pode se comunicar com seu interlocutor desconhecido por meio de suas postagens que funcionam como narrativas paralelas. Existe a todo o momento nesse blog a manifestação de diversas formas de interação entre o autor e o leitor, seja por meio das imagens ou dos vídeos que também constituem por esse prisma narrativas complementares. O movimento dos autores é o de escuta, pois o leitor vai interagindo com eles que nada respondem, até porque “uma ponte, feita de palavras, envolve a experiência muda do olhar e torna possível a narrativa” (SANTIAGO, 2002, p. 52).
O blog possui uma ampla funcionalidade na contemporaneidade, pois traz em seu seio textos que apesar de toda a agitação da sociedade do espetáculo, ainda fascinam o leitor devido à vastidão de leituras que são capazes de proporcionar. Os personagens desses novos textos são completamente adversos do que se produzia no passado recente, eles ganham agora um novo status, tornando-se atores que se põem a encenar o homem e as suas várias faces perante o drama do caos, estando embebidos no líquido que os permeia durante sua existência, atuando no local e transpondo-se para o universal. Enquanto tudo isso ocorre, o narrador senta-se a contemplar todo esse espetáculo como se estivesse assistindo algo e nos convidasse para sentarmos ao seu lado e contemplar o “show da vida” que nos é reprisado e modificado a todo o momento, dependendo do canal que estamos a assistir, sendo esse narrador o detentor do controle universal que nos guia a perscrutar os mais variados locais, seguindo os caminhos por onde ele percorreu o olhar.
REFERÊNCIAS
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. ROUANET, Sergio Paulo. 7. ed. v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 197-221.
BERMAN, Marshal. Tudo que é sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. São Paulo: Global, 2004.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: contraponto, 1997.
REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: A construção social do medo na cidade. In: Encontro da Associação Latino – Americana. 4. 1998, Recife: Universidade católica de Pernambuco, 1998. P. 129-155.
SANTIAGO, Silviano. O Narrador Pós-moderno. In: Nas Malhas da Letra: ensaios. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
Simplesmente Elas!! , disponível em: www.tdopontoum.blogspot.com . Acesso em: 10 de fevereiro de 2011 às 18:30.
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¹ Graduando do 6° semestre do curso de Letras - Língua Portuguesa e Literaturas da Universidade do Estado – UNEB, Campus XXIII – Seabra. tpvb100@hotmail.com
² Professora orientadora do artigo.
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DISCUTINDO PÓS – MODERNIDADE ATRAVÉS DO BLOG SIMPLESMENTE, ELAS!![1]
Camila Neiva[2]
O presente artigo propõe um estudo acerca do blog Simplesmente elas! dando ênfase a página Na Berlinda no qual se discute aspectos da pós-modernidade, atrelando-os a figura do narrador pós-moderno por meio das imagens relacionadas à mulher que são produzidas na contemporaneidade. Inicialmente, busca-se entender o que seria essa pós – modernidade e suas implicações no modo como as pessoas tem construído suas relações sociais. Acrescenta – se a estas reflexões, a tentativa de compreensão do que se entende por sociedade do espetáculo, a qual fala Guy Debord em que tudo o que era vivido diretamente passa a ser mediado por imagens. Por fim, traz-se à luz reflexões acerca do narrador pós-moderno no qual o Blog serve como ilustração para um dono da voz que não vivencia os fatos que narra, pelo contrário, na falta de experiências próprias o que narra decorre da observação da vida alheia.
A partir das discussões sobre pós – modernidade e suas implicações na sociedade e, por conseguinte, na literatura propostas pela disciplina Estudos da ficção contemporânea, ministrada pela docente Noélia de Jesus, criou-se um Blog, gênero textual peculiar ao contexto pós-moderno que surge como uma forma de expressão típica do contexto mediado, sobretudo, pela tecnologia. Produzido e em constante atualização pelos discentes da turma 2008.1, tanto o Blog Balanço feminino, produzido pela turma do turno noturno e como Simplesmente elas! colocam a mulher em evidência, destacando as suas múltiplas faces e os problemas intrínsecos a ela na sociedade do espetáculo. A proposta de criação de um blog não poderia ter sido melhor quando se fala em pós- modernidade, uma vez que nos instrumentaliza a lidar com um gênero virtual que está em voga e que manifesta aspectos deste contexto em que as pessoas recorrem por vezes para dizer, expressar aquilo que tem a dizer.
A pós – modernidade se caracteriza pela onipresença das diferentes tecnologias que adentram em nossa sociedade de maneira abrupta e tendenciosa. Típica das sociedades pós-industriais baseadas na informação, a pós modernidade se manifesta na arte, na cultura e no meio social, tendo a tecnologia como sua principal aliada.
Com o intermédio da tecnologia, o que era vivido diretamente passa a ser mediado pela imagem: “Sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser...”(FEUERBACH apud DEBORD, 1997, 9.13). Assim, neste âmbito torna-se comum a manipulação dos signos, posto que tudo passa a ser representado por imagens e, deste modo, passamos a lidar mais com signos do que coisas, com representação do que com pessoas. Segundo Ferreira (2004, p.13), “O ambiente pós – moderno significa basicamente isso: entre nós e o mundo estão os meios tecnológicos de comunicação, ou seja, de simulação.”. Tal simulação nos distancia cada vez mais do real e transforma a nossa sociedade numa mera simulação por imagens. Como afirma Debord (1997, p.13), “toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos.” Manipulam-se os signos e transformam a nossa realidade num espetáculo que assim torna-se mais interessante que a o real.
Com o intuito de seduzir os sujeitos, a espetacularização da vida converte a nossa vida em um show e as pessoas tornam-se espectadores permanentes. A página Na Berlinda contida no blog Simplesmente Elas ilustra bem como as imagens em torno da mulher são produzidas de modo a promover a sedução dos consumidores. Uma das postagens traz à luz a mulher valorizada apenas como objeto sexual e associa-se a “gostosura” da mulher à qualidade da cerveja. Com estas mensagens, a figura feminina é escandalizada e ainda fortalece imagens preconceituosas contra ela. É possível perceber como a mídia manipula as mensagens acerca da mulher para moldá-la da maneira que se quer.
A propósito da disseminação de ideologias, no contexto em que vivemos os meios tecnológicos nos manipulam, agimos muitas vezes como fantoches que abraçam seguramente aquilo que nos impõem. Nesta sociedade estamos condicionados à alienação. O Blog em questão mostra bem como nos deixamos influenciar pelos valores que são difundidos pelos meios midiáticos ao trazer as imagens que impressionam da mulher que se quer mais e mais magra. Sabe-se que no nosso meio valoriza-se insistentemente a mulher bonita como sendo magra, tanto é que as passarelas da moda, “palco de mulheres bonitas”, só abre suas portas para as magras. Com isso, pelo modelo que nos inculca perseguimos – lo de toda forma para se sentir inseridos nos padrões estipulados. A busca por esse padrão de beleza culmina muitas vezes em distúrbios, aliás, o que mais tem na pós-modernidade são pessoas com algum tipo de distúrbio, que pode-se dizer que é um problema específico do contexto pós-moderno. Como afirma Suzana Sá Teles, em uma de suas postagens no blog: “Nesse mundo globalizado, cada vez mais a sociedade fica ainda mais alienada, causando distúrbios na vida alheia. Padrões, sempre padrões, esses são os vilões de quem quer estar no alcance dessa sociedade de aparência e exigências.”
Além do distúrbio alimentar como a anorexia, o blog apresenta outros temas que surgiram na sociedade dominada pela tecnologia da informação, tais como as drogas, a TPM que intensifica-se neste contexto estressante. O Blog mostra também a mulher em suas múltiplas faces, cujo contexto lhe permite ter uma participação efetiva na sociedade.
As mudanças na sociedade também acabam que, óbvio, transformar os sujeitos que ali estão inseridos e, neste contexto de globalização, não se aplica um sujeito definido nos seu ser, fechado em sólidas localizações como indivíduos sociais. Na pós – modernidade, a globalização tem mudado nossas identidades, abalando a maneira como nos vemos. Numa sociedade líquida, como bem metaforiza Burke (2003), em que tudo é temporário, nada é permanente, as identidades assim como assegura Hall (2006) também não se encontram fixas, imutáveis elas vão se desenhando e encontrando direções diferentes ao longo do processo identitário. Aliás, a pós-modernidade será o palco de desconstrução de determinadas pensamentos ocidentais. Com relação à mulher, por exemplo, ela era tida como inferior ao homem numa dialética do ou , determinava-se como ela deveria agir e assim se encapsulava dentre desta visão. Agora, a mulher tem conseguido nivelar-se como relação ao homem e amenizado a carga de preconceitos que a acompanhou e acompanha nesta sociedade em que predomina a lógica ocidental.
Neste contexto, em que a informação e a simulação da vida que se dá por intermédio das tecnologias de comunicação, o sujeito se vê sozinho e isolado no seu mundo, quando direciona o seu olhar para si próprio se depara no vazio, na solidão intermitente na sociedade de hoje. São características do individuo pós-moderno, são condenados ao nada, por não ter mais consolidados os valores que antes as instituições como a igreja, por exemplo, ajudavam a fortalecer. Na pós-modernidade, o sujeito não vê mais sentido no mundo que o rodeia. Prova disso, são as inúmeras pessoas que se descobrem depressivos, numa sociedade em que tudo é efêmero e que a correria do dia a dia resultante da disputa capitalista nos torna cada vez mais doentes. Como bem aponta Berman:
Agitação e turbulência, aturdimento psíquico e embriaguez, expansão das possibilidades de experiência e destruição das barreiras morais e dos compromissos pessoais, auto – expansão e autodesordem, fantasmas na rua e na alma – è a atmosfera que dá origem a sensibilidade moderna. (1986, p.18),
Além disso, na pós – modernidade as pessoas tem se fechado em suas casas numa espécie de ostracismo e tem vivenciado cada vez menos as experiências humanas. Reguillo (1998), ao fazer uma abordagem acerca da construção social do medo na cidade urbana, revela que pelo fato de ter aumentado o perigo nas cidades, as pessoas tem se isolado nas suas residências, uma vez que cada vez mais, as casas permitem a conexão com o exterior em segurança. Assim , nos separamos gradualmente das pessoas e nos unificamos através dos meios de comunicação que nos integra com o mundo. Pode-se perceber também as cidades como um espaço em que se permeia ideologias, tal como defende Berman (1986), que nem um ato é em si inocente, até mesmo as cidades são construções sociais e, por isso, é resultado de ideologias. Reguillo nos explica ainda como tais ideologias excluem a mulher deste ambiente, distanciando – na do espaço público:
A relação com a cidade é mediada por uma representação “masculina” do uso do espaço público. Ou seja, o espaço exterior, a cidade, é para os homens adultos, que são os únicos capazes de resistir às constantes tentações e de enfrentar os múltiplos perigos que rondam cada esquina. As mulheres e as crianças devem permanecer no recesso do espaço privado. (REGUILLO, 1986, P.137)
Com efeito, na pós modernidade a coletividade tem perdido seu sentido, uma vez que participamos menos da vida social e, deste modo, nos esquivamos na construção de relações sólidas. Braga em seu conto Recado ao senhor 903 revela como se dá o contato entre as pessoas na pós-modernidade ao trazer em sua trama o narrador que conta que seu vizinho, incomodado com o barulho do apartamento, manda uma carta reclamando, o que mostra como temos nos distanciado um do outro, do contato direto. O narrador ainda manifesta seu sonho de que “um homem batesse à porta do outro e dissesse: ‘Vizinho, são três da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou’. E o outro respondesse: Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela.’. Este trecho de Braga é perfeito para o que estamos a discutir neste artigo: Os efeitos da pós – modernidade que nos tem privado de viver nossa vida, sendo totalmente dependentes da simulação promovida pelos meios midiáticos. Em outros tempos, tínhamos o hábito de nos reunir entre amigos e familiares e, então, dividíamos com os outros coisas boas e as ruins das nossas vidas e, em troca, éramos aconselhados e ríamos todos juntos de nossas aventuras e assim, cada um ia narrando aquilo que vivenciava. Porém, estamos perdendo tal hábito o que tem acarretado mudança naquele que conta as narrativas.
Por falta de experiências, estamos perdendo a prática de narrar. Já anunciava Benjamin quando fez considerações sobre a obra de Nikolai Leskov que a arte de narrar está em vias de extinção, pois são cada vez mais raras as pessoas que sabem narrar devidamente. As experiências que passava de pessoa a pessoa constituía a fonte do narrador e era recorrendo a essa memória que os narradores construíam suas narrativas. Benjamin aponta ainda que o primeiro indício da evolução que vai culminar na morte da narrativa é o surgimento do romance, uma vez que a sua origem se dá num momento em que o individuo já se encontra isolado na sociedade e, assim, o narrador do romance é aquele que não recebe nem sabe dar conselhos. O romance , neste contexto, aliás , a tradição em si tem de competir com novas linguagens que surgem na pós – modernidade.
Silviano Santiago ao abordar a figura do narrador, distingue- o em três estágios: O primeiro é o narrador clássico, para o qual há a necessidade de troca de experiências; O segundo, cuja função passou a ser de não mais poder falar de maneira exemplar ao seu leitor e, por fim, o narrador jornalista que transmite a informação e não narra a própria experiência. A partir deste último, Santiago afirma o narrador pós- moderno é aquele que transmite uma sabedoria que decorre da observação de uma vivência alheia a ele.
Para concluir, vimos que a pós-modernidade nos trouxe mudanças que acarretou uma outra forma de se ver e de viver e que, por meio da linguagem midiática, temos nos aliado e nos alienado ao que a tecnologia pela manipulação de signos espetaculariza. Damos muitas vezes prioridade a ter como companhia a televisão, o computador e outras parafernálias que nos privam de vivenciar as experiências humanas, o que é preocupante, uma vez que não há algo mais rico do que as relações que mantemos com o outro. Noélia de Jesus, grande mestra, em seu discurso no prefácio do blog, deseja-nos a todos nós saúde a nossos olhos, o que realmente estamos precisando, posto que estamos cada vez mais alienados e, além disso estamos, paulatinamente, nos (des) substancializando, ou seja, perdendo a essência daquilo que nos caracteriza, de fato, como seres humanos.
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REFERÊNCIAS
BENJAMIM, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BRAGA, Rubem. Recado ao senhor 903. 1953.
BERMAN, Marshal. Tudo que é sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997
FERREIRA, Jair. O que é pós-moderno. São paulo: Brasiliense, 2004.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guaracira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006
SANTIAGO, Silviano. Nas malhas da letra: ensaios/ Silviano Santiago. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
Simplesmente, Elas!!Disponível em: http://www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 14 de fevereiro de 2011.
REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: a construção social do medo na cidade. Recife, 1998.
[1] Trabalho apresentado a professora Noélia de Jesus como requisito de avaliação parcial referente ao Componente Curricular Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea.
[2] Acadêmica do curso de letras vernáculas da UNEB Campus XXIII Seabra – BA.
O Blog simplesmente Elas: Um gênero textual defendendo o papel feminino.
Juliete Macêdo¹
Este artigo vem expor reflexões sobre o blog simplesmente Elas como um gênero textual, pois ele traz relatos de práticas sociais, que permeiam na sociedade; o blog assim como os modelos tradicionais de gêneros textuais veio para transmitir informações de maneira virtual.
As pesquisas sobre os gêneros digitais como o blog se justificam pelo fato de que esses diários virtuais vêm se tornado uma ferramenta muito popular entre jovens e já fazem parte de sua vida cotidiana. O simplesmente Elas surge como um novo gênero a ser descrito e explorado, sai da internet e migra para a sala de aula, passa a ser uma ferramenta a mais para o professor.
Tal blog vem como um reflexo da escrita, só que de maneira virtual, pois segundo Marcushi, hoje em plena fase da denominada cultura eletrônica, presenciamos a explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação.
Ao primeiro olhar percebe-se que o blog é um meio alternativo de expressão onde abre espaços para uma cadeia de discursos minoritários que se entrelaçam num mar “blogueiro” gerando opiniões que tendem a defender o papel feminino na sociedade
Ao esclarecer este blog como um gênero textual, trago o objetivo do Simplesmente Elas, que buscou em suas sete páginas, tecendo histórias, escrevendo nomes, na berlinda, em versos e canções, colorindo a vida abrindo espaços e na tela, descrever a mulher e suas histórias em diversos papéis.
A história das mulheres não é só delas, é também aquela da família, da criança, do trabalho, da mídia, da literatura. É a história do seu corpo, da sua sexualidade, da violência que sofreram, e que da sua loucura, dos seus amores e dos seus sentimentos. (tecendo histórias)
“Olhar para a história desse ser que há muito vem sendo incompreendido, é acreditar em novas páginas; na surpreendente dinâmica da vida e, sobretudo, é acreditar em nós mesmas!” ( Silva, 2010, p1)
Acreditar na conquista da mulher é acreditar na liberdade feminina que é resultado de todo esforço, toda uma luta que tais mulheres que são citadas no blog, fizeram em busca de sua independência feminina.
Com o passar dos séculos, foram conquistando seus direitos, espaço na sociedade e ganhando respeito. Viraram "seres humanos" com desejos, ambições, objetivos e necessidades distintas. Passaram a trabalhar fora, a poder votar... E se tornaram esposas, profissionais, donas de casa, mães e acima de tudo, MULHERES.
Ao romper este tradicionalismo, enfrentou e até hoje enfrenta muitos preconceitos, e o blog simplesmente Elas, traz essa quebra de paradigma em uma de suas páginas, abrindo espaços, onde mostra de forma clara a mulher conquistando cargos que até então eram ocupados por homens.
Além da mulher enquanto profissional, mostra também como a mesma vinha ganhando destaques na arte, como na postagem de Chiquinha Gonzaga, que foi a primeira pianista de choro, e enfrentou a autoridade do marido, para conquistar a sua independência. Conquista tal que remetia preconceitos e punições.
Mas foi graças a mulheres como Chiquinha Gonzaga que, a mulher ocupa um espaço social com muito mais liberdade e opiniões hoje. Outro resultado dessa conquista feminina é a primeira presidente do Brasil, Dilma Roussef, nunca uma mulher liderou o nosso país, o que significa um passo gigantesco, em meio de tanto preconceito.
Que segundo Damulakis,“da criatura a criadora a mulher percorreu um grande caminho de tributos e punições”.
Um exemplo na literatura foi Raquel de Queiroz, a primeira mulher a entrar para Academia Brasileira de Letras, rompendo com muitos paradigmas, com mais uma conquista feminina.
“Não deveria existir no mundo senão mulheres de interior, dedicadas à casa, e jovens aspirando a isto e que formaríamos não à arrogância, mas ao trabalho e à submissão”.E ainda: “A mulher (...) permanece toda sua vida uma criança grande, uma espécie de intermediária entre a criança e o homem, este o verdadeiro ser humano” (...) Nietzsche (apud Groult, 1993: 102):”
A mulher casada era submissa ao homem, ao seu marido. Esta devia prestar obediência e não administrar, adquirir, alienar bens. Por muitos anos teve uma educação diferenciada da educação dada ao homem. Era educada para servir, o homem era educado para assumir a posição de “senhor todo poderoso”, que mandava e desmandava. Quando solteira vivia sob a dominação do pai ou do irmão mais velho, ao casar-se, o pai transmitia todos os seus direitos ao marido.
Mesmo sob o contexto da ditadura, as mulheres passaram a se organizar para questionarem mais profundamente seu papel assumido na sociedade.
Lutar pelos direitos da mulher, em muitos momentos, parecia ser a demonstração que a mulher poderia simplesmente assumir os mesmos lugares e comportamentos, antes privados ao mundo masculino. Dessa forma, Entre as grandes e pequenas demandas, as mulheres observam que a conquista de sua emancipação abre portas para a compreensão de novos desafios.
Lutar pelos direitos da mulher, em muitos momentos, parecia ser a demonstração que a mulher poderia simplesmente assumir os mesmos lugares e comportamentos, antes privados ao mundo masculino. Dessa forma, Entre as grandes e pequenas demandas, as mulheres observam que a conquista de sua emancipação abre portas para a compreensão de novos desafios.
Em uma de suas páginas mais alegres, colorindo a vida, o blog traz a mulher como um ser vaidoso, ligado a moda, trazendo as cores para sua vida como uma forma de expressão e também de profissão. Nesta página é vista uma mulher sob uma personalidade alegre e colorida! Traz dicas importantes para mulheres que gostam de se sentir bem, a maquiagem, os sapatos, as cores forte, colorem a vida e elevam a auto- estima. Considerada como uma marca do estado feminino, esta página mostra de forma clara como as cores estão em alta, e que todo esse colorido não é uma marca de futilidade, mas de uma “libertação feminina”. As cores fortes e marcantes caracterizam a personalidade da mulher, e eles dizem muito a seu respeito. Tudo que sirva para melhorar e proporcionar alegria é valido, então colorindo a vida é uma forma de trazer ou de realçar a alegria de muitas mulheres que donas de casa, que se escondem atrás de um mundo apagado.
"A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a natureza e descobre que ela também tem uma alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que busca compreender o universo, e fazer com que os outros o compreendam." (Auguste Rodin, in: blogspot.simplesmente elas)
Além disso, tal página mostra como as mulheres vêm colorindo a vida através da arte, uma profissão colorida, que mostra um retrato da mulher independente que trabalha, mas traz em seus trabalhos formas de alegrias através de seus coloridos. Transmite em sua arte, beleza, equilíbrio, harmonia, sobretudo a sua liberdade de criação, resultado da mulher enquanto empresária e produtora da sua própria arte. Um retrato da mulher moderna.
Segundo Berman, ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação das coisas em redor. E a mulher do século XX procurava ser moderna, buscava transformar, destruir um estereótipo machista que cercou por muito tempo o universo feminino. E foi através das cores que a página colorindo a vida trouxe tal idéia de forma diferente e descontraída, além de mostrar a mulher enquanto "ser mulher", que procura sempre mostrar sua beleza, e atuar como MULHER, em diversos olhares, por que atuar como tal é procurar transformar a sua volta com charme, determinação e perseverança, um papel da mulher moderna, vista na sociedade atual.
Colorindo a vida também retrata da cultura local, com a postagem “ciranda das rosas”, que se trata de um grupo de mulheres, que através da sua música e dança encontrou uma forma mais alegre de viver, alem de preservar e valorizar as suas crenças, um momento de descontração dessas mulheres que se envolvem com a arte e buscam através dela contagiar todos que as cercam.
"Nós mulheres já passamos por muitos momentos difíceis em nossas vidas é a ciranda nos transporta para um mundo mágico. É também um momento de relembrarmos as belas cantigas de roda que cantávamos sobre a lua antigamente”. (Ana Claudia, in: simplesmente Elas. blogspot)
Segundo Ana Claudia, integrante da ciranda das Rosas, a representação cultural a qual faz parte, revela uma elevação da mulher que já sofreu muito diante da supremacia masculina, é como se este "mundo mágico" a qual é transportada fosse um resultado de uma luta árdua por uma vida justa e igualitária.
Percebe-se nesta página que a mulher moderna traz consigo um conjunto de valores, que foi se constituindo ao longo dos anos, por aquelas que começaram a lutar pelos seus ideais, e também por aquelas que ainda lutam e defendem tais mulheres, por sua garra de terem começado a desmistificar o papel da mulher, presa em um tradicionalismo que só acarretou a infelicidade das mesmas. Tais mulheres mudaram sua forma de pensar temos hoje a figura feminina voltada para o setor profissional, para a estética, mas também uma mulher que não deixa de lado sua alma materna, o seu desejo de ser mãe, assumindo vários papéis sociais, várias identidades, construindo uma multiface da figura feminina: a mulher, mãe, dona de casa, esposa e profissional.
Preconceitos que a mulher vem sofrendo através dos séculos acabaram por tornar-se regras de direito indiscutíveis.A parte mais difícil da luta da mulher pela igualdade de tratamento foi à tentativa de mudar o pré-conceito de família que vivia sob o escudo perfeitamente adequado à sociedade que seria aquela feita e vivida em função do "chefe" homem. O modelo de família era, indiscutivelmente a patriarcal, hierarquizada e desigual, completamente dependente das vontades masculinas.
Este papel de lutadora pelos seus direitos, de conquistadora pela sua perseverança, deu a mulher um caráter forte, ela por fim consegue se impor em uma sociedade que por muitas vezes derrubou, ou impediu que conquistasse seus ideais. Mas o resultado de tantas lutas esta claro na sociedade, e o blog simplesmente Elas, mostra como a mulher moderna vem tecendo sua história, abrindo seu espaço numa sociedade altamente machista, e é claro com seu jeito feminino, colorindo sempre a vida, pois antes de ser esta batalhadora, antes de tudo MULHER. Que apesar de ser considerada um exemplo de força, e por ocupar muitas vezes papeis destinados a homens no passado ainda é MULHER, um ser que nunca deixa sua doçura, seu charme, sua elegância. Por que ser mulher é isso é saber transformar o que lhe incomoda com toda uma elegância feminina e conquistar seu ideais com uma doçura que só uma mulher pode ter.
O blog, trata exatamente dessa forma, na página abrindo espaços, que traz a mulher guerreira, em versos e canções a mulher artista, tecendo histórias, a mulher que deixou suas marcas no tempo e colorindo a vida, uma forma de viver alegremente num mundo cheio de conquistas, prazeres e coragem.
“Pois colorir a vida não é feito só de facilidades é um ato de coragem.” (Lélia Magna)
Contudo percebe-se que conquista da mulher se deu no primeiro momento em que ela se abriu para a luta de seus direitos. Ai então, a independência que vem crescendo a cada dia é só o resultado de uma determinação feminina que foi construída ao longo dos anos.
Referências
BENJAMIM, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994
JESUS, Noélia de. Simplesmente Elas, Seabra, 12 out. 2010. Disponível em: http://www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 13 fev. 2011
MARCUSHI, Luiz A. Gêneros Textuais: definições e funcionalidade. In: DIONÌSIO, Ângela; MACHADO, Ana Raquel; BEZERRA, Mª Auxiliadora, (Orgs) 2ed. Rio de Janeiro: lucerna,2003
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Trabalho apresentado a professora Noélia J. Silva, como requisito avaliativo à disciplina Estudos contemporâneo da ficção Brasileira.
¹Aluna do IV semestre do curso de licenciatura em língua portuguesa e literaturas. UNEB, Campus XXIII.
A IMPORTÂNCIA DOS BLOGS: BALANÇO FEMININO E SIMPLESMENTE ELAS *
Joana D’Arc Macedo Lima[1]
Este artigo trata-se da importância do Blog onde no decorrer dessa dissertação, vamos conhecer um pouco mais sobre ele para que serve, qual a sua importância e sua finalidade e seu objetivo.
O blog é um ambiente que tem na internet já bem conhecido por varias pessoas que tem livre acesso. No blog você poderá expressar suas idéias de forma bem espontânea e sem preocupação de cumprir alguma etiqueta e compromisso com alguma formalidade, um blog serve ainda para divulgar algo, um produto ou serviço ainda mais na sociedade em que vivemos hoje a sociedade do espetáculo, na qual apresenta uma enorme positividade indiscutível, onde as pessoas são muito passivas e aceitar o que lhe é proposto e até mesmo de concordar sem criticar.
O blog Balanço feminino e Simplesmente elas mostra varias informações que falam sobre assuntos relacionados à mulher, cada uma dessas postagens com suas devida importância, até mesmo porque cada página é relacionada um assusto especifico “a mulher” a qual é tão falada desde muitos anos , por ser um sexo frágil não ter capacidade de competir com os homens, esse é um discurso do passado, pois não pertence mais as mulheres, graças a coragem delas que enfrentam todos os tipos de serviços, e vem se saindo cada vez melhor, claro que não podemos esquecer que a sociedade moderna a qual nós vivemos hoje, é também uma grande responsável por está cada vez mais acreditando no trabalho da mulher .
Ele é importante até para as pessoas conhecerem o que ela faz, como na política, na religião no lar no seu trabalho com sua família, na moda, na sua historia de vida, na música e em todos os lugares por onde ela passa. A partir daí podemos escolher uma das paginas que está lá falando ou mostrando algo sobre a mulher e fazermos o nosso comentário criticando ou elogiando. Porque no blog não só tem postagem da atualidade, mas sim coisas do passado também que por visto é de grande importância para todos nós porque muitas vezes não temos tempo nem oportunidade de ver ou de estar pesquisando sobre determinado assunto, enquanto no blog é só abrir a pagina do assunto que lhe interessa como, por exemplo, na pagina abrindo espaços no blog simplesmente elas:
As mulheres do Século XVIII eram submetidas a um sistema desumano de trabalho, com jornadas de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças sexuais.
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, está intimamente ligado aos movimentos feministas que buscavam mais dignidade para as mulheres e sociedades mais justas e igualitárias.(Pagina abrindo espaços blog simplesmente elas.)
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, está intimamente ligado aos movimentos feministas que buscavam mais dignidade para as mulheres e sociedades mais justas e igualitárias.(Pagina abrindo espaços blog simplesmente elas.)
Dentro deste contexto mostra o quanto à mulher vem sofrendo deste muito tempo, como: as agressões físicas e verbais, exploração no trabalho, criticada na sociedade e vista como objeto.
Portanto nos blogs Balanço Feminino e Simplesmente elas, relatam fatos de que jamais poderíamos esquecer e que às vezes pensamos que aquilo que está passando jamais poderá acontecer comigo, não podemos esquecer que muitas vezes até acontece, mas de uma forma e contexto diferente. No entanto mais uma vez vimos o quanto o blog é importante para a socializarmos os nossos conhecimentos, basta que abram o blog, que você verá muitas coisas sobre a mulher,
Desde a descriminação com ela até a evolução a qual encontramos que por visto muitos nem esperava, principalmente alguns homens, aqueles bem machistas.
Agora vamos lembra um pouco sobre as postagens, as quais muitas delas nos lembram do nosso passado ou até mesmo as realidades de hoje, o blog ele tanto interage as pessoas com o mundo lá fora como muitas vezes também prende as mesmas que ficam enfrente ao computador e não se preocupam em saber na verdade o que realmente aconteceu com essas mulheres. Já deu para perceber que nesse mundo pos-moderno o qual vivemos hoje as pessoas, não tem tempo para contar histórias nem para ouvir, diante disso vemos que as histórias ou contos vam se perdendo ao longo do tempo, mesmo com seus prestígios em todos os lugares. Benjamim, em sue texto fala que:
“Contar historias sempre foi à arte de contá-las de novo, e ela se perde quando as historias não são mais conservadas. Ela se perde porque ninguém mais fia ou tece enquanto ouve a historia”. (BENJAMIM, pág. 205, 1994).
No entanto os blogs balanço feminino e simplesmente elas faz com que lembramos muitas fezes o nosso próprio passado como, por exemplo, quando ouvimos a música de Luiz Calda “fricote” como se fosse uma história começamos a ouvir e imaginar como era naquela época que nos divertimos com essa música. Guy Debord afirma que os homens de hoje se deixam levar por essa sociedade moderna que vivemos hoje.
“O espetáculo domina os homens vivos quando a economia já os dominou totalmente. Ele nada, mas é que a economia desenvolvendo-se por se mesma. E o reflexo fiel da produção das coisas, e a *objetivação infiel dos produtores.” (Debord, PP.17/18, 1997).
O espetáculo da sociedade como vimos é a fraqueza do homem no meio em que ele vive, pois ele mesmo cria a necessidade de consumir os produtos os quais são oferecidos. As pessoas ainda continuam sendo alienadas, pela economia, pelos políticos e por muitas outras coisas que lhe cercam.
De um modo geral, falar da importância do blog é muito interessante, pois, sabemos que muita pessoa não tem ainda o conhecimento sobre ele, mesmo com todo o avanço que se encontra esse mundo no qual vivemos ainda tem muitas pessoas que não tem acesso a tantas tecnologias, como por exemplo, as pessoas da zona rural, que algumas delas não sabem nem ligar um computador, quanto mais acessar um blog. “O mundo às vezes chega até ser cruel, pois da muitas oportunidades para uns e outros nada no texto de Marshall Berman fala que: ‘Ser moderno é fazer parte de um universo”. (p.15)
Os blogs também aborda a quentão das cores da inovação das novidades da primavera e tudo de lindo e colorido o que as mulheres mais gostam na hora de fazer compra vejamos um exemplo do blog simplesmente elas da pagina colorindo o vida :
“Nós mulheres estamos hoje num momento de cores! Tudo que é colorido e alegre está nos chamando à atenção. E por isso, resolvemos dar está dica de sapatos coloridos! O legal de usar calçados de cores diferentes é que nos permite fugir dos tradicionais, dando um “toque a mais” no visual, deixando-o mais moderno e alegre, claro! Nada melhor do que estar na moda e com o sapato moderno, complementando o look.” (Pagina colorindo a vida no blog simplesmente elas.)
As mulheres de hoje, vem se destacando quando o assunto é moda, cada vez se evoluindo, interessada e por dentro do assunto.
A medida que o tempo passa mais tecnologias renovadas iram aparecer mas mesmo assim as pessoas ficam cada vez mais presa no seu mundo no seu quadrado mesmo vivendo em uma cidade grande elas vam sempre ignora o problema do outro até mesmo fingir não, esta vendo este é o mundo que as pessoas só visualizam o que são de seus próprios interesses por isso são tão egoístas.
Voltando fala do blog quantas postagens bonitas e interessante tem lá, basta que visualizem com um olhar crítico, pois as postagens que tem no blog balanço feminino e simplesmente elas muitas delas servem de lição de vida para nós estudantes de letras e para outros públicos também, pois nunca sabemos tudo, sempre estamos em busca de novos conhecimentos, afinal de contas conhecimento nunca é de mais principalmente no mundo da globalização em que tudo hoje em dia depende do saber que é para poucos e não para todos.
È importante quando o blog relembra a história de lutas e conquistas das mulheres africanas quando elas lutavam incansavelmente pelos seus direitos os quais não eram reconhecidos, mas tinham um longo caminho a percorrer e por isso não desistiam, mesmo sofrendo preconceitos, como: exclusão social, violência cultural e outras coisas mais. Tinham também os direitos humanos negados, sem contar que elas eram escravizadas e tratadas como objeto.
Quantas coisas não sabemos ainda e precisamos saber, imagino o quanto essas mulheres sofreram, mas graças a Deus esse tempo de tantos horrores se acabaram, as mulheres ainda são criticadas, mas elas já conseguem interagir no meio da sociedade na qual tem todo um apoio, diferente do século passado que muitas delas não tinham o direito nem de expor os seus trabalhos, mais algumas delas eram ousadas e desafiadoras, por isso conseguiam um lugar dentro de uma sociedade tão machista.
As mulheres tinham papéis específicos na sociedade: nasciam para serem filhas exemplares, mais tarde, esposas, donas de casa e mães dedicadas, séculos depois a mulher passou a buscar a igualdade de gêneros e a conquistar o seu espaço no mercado de trabalho como por exemplo na pagina na tela do blog balanço feminino:
“A arte moderna livrava-se das limitações impostas pela crítica conservadora; a mulher passava a ter presença atuante na pintura e, com os ventos do Modernismo, surgia um dos grandes fenômenos de todos os tempos da pintura brasileira: Tarsila do Amaral, que não participou da Semana por achar-se fora do Brasil.
O espaço estava conquistado, as barreiras foram se rompendo e a pintura, acadêmica ou moderna, passou a ser uma atividade de dois gêneros. Acabaram-se as limitações quanto ao sexo.”(Pagina na tela no blog balanço Feminino).
Falar da importância do blog foi uma tarefa muito complicada que foi preciso varias leituras dos teóricos indicada pela professora para que eu pudesse entender realmente qual a sua importância e para que serve. Mas antes de tudo foi preciso fazer as leituras com muita atenção, pois ao falar sobre a mulher merece uma total dedicação até mesmo para não repetir o que teria falado acima. O fato de discutir sobre elas não quer dizer que devo descrever todas, mas procurei dentro de varias postagens feitas as que mais me identifiquei, mesmo porque todas têm a sua própria importância escolhi então alguns para comentar no artigo.
A idéia central do blog é comunicar ao povo que acessa Balanço Feminino e Simplesmente Elas, a importância que a mulher tem desde alguns séculos até aos dias atuais de hoje, e aquelas que praticam atos ilícitos que também foram mostrados, deve-se alertar para o perigo. Pois quando o assunto é “mulher” todos têm o que afirmar ou negar a respeito delas principalmente outras mulheres. Porque elas foram e serão sempre umas guerreiras pela sua liberdade individual e social.
O artigo da importância do blog apresentou como foi visto diversas postagens, falando sobre a mulher que teve que teve como finalidade apresentar um pouco sobre a vida delas,desde o século passado na época em que os homens eram quem mandavam e as mulheres coitadas só obedeciam, mostra também o quanto mulher se evoluiu até chegar o ponto de ser comparada profissionalmente com os homens, coisa que ninguém jamais poderia acredita, mas graças aquelas mulheres que nunca deixaram de lutar pelos seus direitos os quais eram negados.
Este artigo foi de grande relevância para me, pois adquire novos conhecimentos da disciplina e tive com embasamento alguns teóricos que me ajudaram no tema proposto, e espero que este artigo sirva com base para outros trabalhos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
REGUILLO, Rossana. Imaginários Globais, medos locais a construção social do medo na cidade. Lugar Comum-estudos de mídia cultura e democracia. N. 7,1998
BENJAMIN,WALTER.O narrador, considerações sobre a vida de Nikolai Leskov. In
BENJAMIN,WALTER. Magia e Técnica, Arte e política. Ensaios sobre a Literatura da Cultura. Trad. Sergio Paulo Roanet. 7. Ed. São Paulo. Brasiliense. 1994
DERBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Ro de janeiro: Contraponto.
BERMAN, Marshall,1940- Tudo que é sólido desmancha no ar ; A aventura da modernidade/Marshall Berman; [tradução Carlos Pelipe Moises , Ana Maria L. Lriatti]. – São Paulo; Companhia de Letras.
Sites:
* Artigo apresentado a Professora Noélia Jesus da Silva, exigido como requisito parcial à aprovação na disciplina Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea, do curso de Licenciatura em Letras: Língua Portuguesa (UNEB). 6° semestre.
[1] Estudante do semestre 2008.1, Departamento de Ciências Humanas e tecnologias, UNEB Campus XXIII.
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Norma Souza da Silva[1]
O BLOG COMO FONTE DE DIVULGAÇÃO DA MULHER PÓS-MODERNA*
Os meios de comunicação sempre foram e continuam sendo essenciais para o desenvolvimento da sociedade capitalista, tal e qual como a conhecemos hoje. Muitos meios de comunicação de massa são importantes e dentre eles está o blog, um meio moderno e fácil de ser utilizado, possibilitando a informação chegar para “toda a sociedade” de forma atualizada e direta.
Os blogs ultrapassaram há muito tempo o estatuto de diários privados. Hoje são ferramentas e janelas para o trabalho de profissionais de várias áreas, como, por exemplo, lojistas, jornalistas, educadores, estudantes, enfim, servem como banco de informações para toda a classe de leitores, pois muitas vezes através dos blogs, consegue-se compreender vários assuntos e adquirir informações não encontradas em muitos livros modernos. Mas, sabe-se que nem sempre o novo traz de tudo, vale ressaltar que mesmo buscando o novo, tem-se que lembrar, que o velho e o novo se entrelaçam, formam opiniões e conceitos, pois segundo Berman “voltar atrás seja uma maneira de seguir a diante: lembrar os modernistas do século passado, talvez nos dê a visão e a coragem para criar os modernistas desse século... (Berman, pg. 35). A visão de Berman com relação ao novo é magnífica, pois o que se guarda na memória é preservada e usada mais tarde, nada acontece sem sentido, tudo que se pensa, vê, ler ou fala tem uma significância na vida, pois, criar o atual é reviver o ontem.
Os blogs de fato vêm tendo um destaque especial na modernidade, e foi através da proposta da professora Noelia de Jesus, de criar o blog, que os alunos da turma 2008.1 do curso de Letras da UNEB de Seabra, do Campus XXIII, teve o prazer de pesquisar e registras fato interessantes sobre a mulher ontem e hoje, assim como, a sua evolução na sociedade, pois segundo Leskov: “ A reminiscência funda a cadeia da tradição, que transmite os acontecimentos de geração em geração.” ( Leskov, pg.211). É claro que não foi possível registrar tudo, pois, acredita-se que é uma pesquisa sem fim, devido ás diversas informações que surgem a cada segundo, mas foram coletados dados que fizeram desses estudantes pessoas mais capacitadas e interativas, em tal assunto. Nesse sentido, foram criados dois blogs, cujos temas centrais eram: SIMPLISMENTE ELAS e BALANÇO FEMININO, e tiveram como sub-temas: Colorindo a vida, Em versos e canções, Abrindo espaços, Na berlinda, Tecendo histórias, Escrevendo nomes e Na tela.
Os Blogs são ferramentas indispensáveis para qualquer pessoa que queiram construir uma boa reputação na internet e são importantíssimos para quem gosta de escrever e acredita que seu conteúdo possa ser relevante para a comunidade que lê sobre o seu assunto. As pessoas estão interessadas em opinião sim e precisam de contribuição. Ainda que as pessoas não comentem num Blog, consegue-se ver que vem pessoas de diferentes lugares, através de mecanismos de busca, portanto, é interessante sempre criar conteúdo e tentar postar sobre diferentes áreas para angariar visitas, mesmo sabendo que àquelas informações em pouco tempo será considerada “velha”, mas como diz Baumam:” tudo está agora sempre a ser permanentemente desmontado, mas sem perspectiva de nenhuma permanência, tudo é temporário. É por isso que surge a metáfora da liquidez “... (pg.05/06). Essa citação de Bumam se encaixa perfeitamente na história da mulher, uma vez que, tão desvalorizada perante a sociedade, conseguiu hoje, ainda que não totalmente, buscar sua igualdade perante o ser masculino. Mas, vale ressaltar que a busca por dias melhores não foi tão fácil de ser conseguida, foi através de uma luta de persistência, desejo de liberdade e determinação, que as mulheres hoje conquistaram seu espaço num sentido “mais igualitário”, pois...
“A história das mulheres não é só delas, é também aquela da família, da criança, do trabalho, da mídia, da literatura. É a história do seu corpo, da sua sexualidade, da violência que sofreram e que praticaram da sua loucura, dos seus amores e dos seus sentimentos”. (BLOG SIMPLESMENTE ELAS. PÁGINA: TECENDO HISTÓRIAS)
Os blogs das duas turmas foram comentados pelos os próprios alunos e através dessa dinâmica puderam ver e apossar de fatos e informações sobre o papel da mulher, até então desconhecidos por muitos. Pesquisar e relatar fatos insignes e dinâmicos em blogs é de fundamental importância, pois os leitores cada vez mais estão se distanciando das leituras, devido à sociedade moderna, que a cada dia reduz até mesmo o modo de escrever, isso fica claro na fala de Leskov, “(...) a arte de narrar está em vias de extinção (...) (pg.197), (...)o homem de hoje não cultiva o que não pode ser abreviado. Com efeito o homem conseguiu abreviar até a narrativa.”( Leskov,pg.206). As citações acima são óbvias, pois as pessoas pouco de comunicam e mantém contato um com o outro, e com isso até as informações passam a ser difíceis de ser transmitidas, então, procuram meios mais práticos e rápidos de suprir tais situações.
Todos os blogs alimentados pelos alunos do curso de Letras formam muito bem concretizados. A história da mulher de ontem e hoje, nos faz refletir e perceber o quanto as mulheres foram encontrando modos de resistência a certas opressões, exercendo certo controle sobre suas vidas, diante de uma situação social tão adversa. Desse modo, percebe-se que mesmo em situações transparentes de desigualdades, a mulher possui muito mais poder do que teoricamente se tenha admitido isso porque as mulheres vêm fazendo a diferença na sociedade.
No blog Simplesmente elas, foi encontrada informações sobre o tema “Colorindo a vida”, muito interessante, pois mostra a evolução da mulher, uma vez que, as mesmas trazem em sua arte uma nova forma de alegrar o mundo... Todos os blogs até então trabalhados foram criados através de narradores pós- modernos, pois, como afirma Santiago, “o narrador pós-moderno é aquele que quer extrair a si ação narrada”(pg.01), ou seja ele também narra o que acontece com o outro, expondo assim sua visão, pois “ pode-se narrar uma ação de dentro dela, ou de fora dela” ( Santiago, pg.01).
Muitos preconceitos foram ultrapassados com relação às mulheres, mas muitos ainda perduram e emperram essa revolução de costumes. A igualdade de oportunidades ainda não se efetivou por completo, sobretudo no mercado de trabalho. Tomando-se por base o crescimento qualitativo da representatividade feminina, é uma questão de tempo a conquista da real equiparação entre os seres humanos, sem distinções de sexo.
A herança doméstica deixada para as mulheres, ou seja, todos os encargos de uma casa é outro fardo insuportavelmente pesado de que elas não conseguem se livrar. Não existe emancipação que tire dos seus ombros essa responsabilidade. Ainda resta um longo caminho para se percorrer antes que as respostas apareçam. A história da mulher é surpreendente, pois, nos fala de sua luta, de seu passado e das mudanças, mas, isso porque os valores da tradição se enraízam. Os tempos mudaram e a mulher moderna vive sim algumas transformações, mas ainda muito desvalorizada perante a sociedade machista, porém vale lembrar que “a maioria das pessoas não pode planejar seu futuro por muito tempo adiante” (Baumam, pg05), isso porque, ao contrário do que se pensava das mulheres, hoje ela está conquistando confiança e conseguindo ocupar lugares que eram designados somente aos homens, como por exemplo: o ingresso da mulher na polícia, na marinha e aeronáutica, nas pistas de corridas, sendo caminhoneiras, enfim, algumas se tornam executivas brilhantes, com uma visão de negócios invejável, que por suprema ironia conseguem ser mais cruéis do que alguns dos seus mais fortes adversários masculinos e de acordo com Leskove, “o saber que vem de longe encontra hoje menos ouvinte que a informação sobre acontecimentos próximos (...) (pg. 202).
Se relacionarmos a mulher ao tema do blog Simplesmente elas, compreende-se que a mulher tradicional é constituída à imagem e semelhança da mãe. A imagem da mãe é de assexuada, sem desejo próprio, santa, imaculada, que “padece no paraíso” ou que goza ao realizar o desejo dos outros, já a mulher pós-moderna é senhora do seu desejo e a meta de ser mãe fica no horizonte. Ela se assume como dona do seu corpo, ocupa os espaços e administra o seu tempo. Seu corpo, ela usa-o como bem entende. Procura aprimorá-lo com uma malhação ou turbiná-lo com silicone e colore suas vidas a cada dia com novas conquistas. Mas, como afirma Bermam: “É dessa profunda dicotomia, dessa sensação de viver em dois mundos simultaneamente, que emerge e se desdobra a idéia de modernismo e modernização”. ( Berman, pg.16)
Enfim, percebe-se que através dos blogs estudados e apresentados, novos olhares a cerca da mulher surgirão e assim os trabalhos com os meios de comunicação de massa serão mais valorizados, de forma que as múltiplas informações presentes em cada um, possa proporcionar aos leitores melhores visões para qualquer assunto. Nesse sentido, é aconselhável para qualquer ser humano, visitar aos blogs e perceber o quanto o papel da mulher de fato evoluiu, assim como, guardar em sua memória, pois, as pessoas esquecem facilmente das coisas se preocupam apenas com o presente e como ressalta Leskov: “A memória é a mais épica de todas as faculdades.” ( Leskov, pg. 2100).
Referências:
-COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. São Paulo: Global, 2004.
-DEDORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contra Ponto, 1997.
-BENJAMIM, Walter. O narrador (1936). In: Walter Benjamin- Magia e técnica, arte e política. Trad.Sergio Rouanet. (São Paulo: Brasiliense, 1996).
-BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade/ Marshall Berman; (tradução Carlos Felipe Moisés, Ana Maria L. Ioriatti). – São Paulo: Companhia das Letras, 1986..
-HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
-REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: a construção social do medo na cidade. Lugar Comum – estudos de mídia, cultura e democracia. N.7, 1998.
Contexto, 2006. PALLARES-BURKE, M. L. G. A sociedade líquida de Zygmunt Bauman. In: Jornal Folha de S. Paulo. Caderno Mais! São Paulo: 19 de outubro de 2003. p.59.
* Artigo apresentado a Professora Noélia Jesus da Silva, exigido como requisito parcial à aprovação na disciplina Estudo da Ficção Brasileira Contemporânea, do curso de Licenciatura em Letras: Língua Portuguesa (UNEB). 6° semestre.
[1] Estudante do semestre 2008.1, Departamento de Ciências Humanas e tecnologias, UNEB Campus XXIII.
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Simplesmente elas: a representação da mulher na contemporaneidade[1]
Graziela Ribeiro de Souza[2]
Na atual sociedade, onde cada vez mais observamos que a comunicação virtual esta se sobrepondo aos outros métodos interativos mais tradicionais, onde surgem, constantemente, novos meios de comunicação e divulgação de idéias, notícias, fatos, enfim; que possibilitam a agilidade no acesso à informação, fazendo assim, com que usufruamos as mais diversificadas formas de manifestação do conhecimento conquistado pela sociedade, através dessa comunicação eletrônica. Essas evoluções dos meios de comunicação vão surgindo de acordo com as necessidades da sociedade contemporânea, onde segundos fazem a diferença. Devido a isso se faz necessário o uso da tecnologia. A relevância do blog no contexto da comunicação eletrônica é inegável; pois este tem um grande poder de alcance e, portanto, é um grande catalisador na divulgação de idéias. Essa ferramenta comunicativa, se usada de maneira racional e crítica, pode dar valorosas contribuições ao universo do saber.
O blog é uma das ferramentas de comunicação que proporcionam uma influência mútua, sendo este usado como uma forma de diário virtual, onde promove discussões dos mais variados temas, possibilitando uma interação, uma troca de conhecimento com o outro através dos textos postados e comentários compartilhados; esse busca também romper tabus que foram firmados ao longo da historia, como a questão que está enraizada na sociedade machista há muito tempo, que é a submissão da mulher perante o homem.
Este artigo tratará do blog Simplesmente elas, criado por estudantes de Letras do VI semestre, da Universidade do estado da Bahia campus XXIII. Esse nos faz um convite ao um novo olhar sobre a representação da mulher na sociedade, proporcionando a todos uma libertação, uma alforria ótica, pois certamente quem enxergava a mulher como um ser sensível, incapaz de exercer algumas atividades por serem denominadas frágeis, não mais terá este olhar; enxergará de outra forma, menos preconceituosa. Esse blog abordará o espaço conquistado pela mulher nas mais diversificadas profissões, a ousadia, o poder, a beleza; mas, por outro lado, também a violência imposta às elas.
O blog Simplesmente elas é um espaço onde relatamos experiências vivenciadas por outras mulheres, mas ao postarmos os textos, e fazermos comentários sobre a temática, damos vozes às experiências vividas por mulheres, que fizeram ou farão a diferença com suas atitudes seguras, ostentando a bandeira da liberdade. Assim ao relatarmos esses conhecimentos, estamos doando algo nosso também, é como se a experiência do outro, tornasse um pouco nossa, ou acrescentasse a nossa. Como afirma (SANTIAGO, 2002) “Pode-se narrar uma ação de dentro dela, ou de fora dela”. Posso como observador narrar um fato, não preciso necessariamente fazer parte deste, para relatar o que aconteceu. É o que ocorre com o blog, descrevemos acontecimentos em relação à mulher sem necessariamente vivenciar a ação.
Este espaço que a mulher vem conquistando na sociedade, não se adquiriu de uma hora para a outra, foi através de um processo. Começamos engatinhando, buscando meios para conseguirmos andar sem estarmos presas a nada, e atualmente percebe-se que já estamos começando a andar sozinhas, com certa dificuldade devido à sociedade machista que infelizmente até hoje nos cerca. Mesmo diante vários preconceitos, aos poucos estamos fazendo com que a sociedade nos enxergue com novos olhos, abandonando aquela imagem de fracas, dependentes.
Mesmo sendo denominada de sexo frágil, herdeira da submissão dos meus antepassados, orgulho-me de ser mulher! Carrego na bagagem muitos preconceitos, muitos rótulos, (...). As dificuldades dribladas deram oportunidades, e em nome dessa bandeira que ostento, tenho sonhos de igualdade. Vou à luta! O meu nome é trabalho (Gernaura Tormin in: Simplesmente Elas; Abrindo espaços.)
O blog Simplesmente elas nos faz refletir sobre a mulher de hoje, que realiza várias funções: trabalha, estuda, cuida dos seus filhos e do lar, e realmente dão conta do recado. Será que esta heroína pode ser analisada como um ser frágil, incapaz? A mulher cada dia que passa está se livrando de preconceitos acerca de sua capacidade, mostrando o verdadeiro poder feminino, lutando por direitos iguais que durante muito tempo foram negados, procurando um equilíbrio nessa sociedade. Antes as mulheres aprendiam muito cedo com suas mães a cuidar da casa, para que no futuro fossem ótimas “donas de casa”. As brincadeiras eram todas relacionadas a este universo, era brincar de cozinhar, de cuidar das bonecas, tudo nessa perspectiva. O futuro era previsível. Hoje não se vê isso com freqüência; a mulher está ocupando espaços, que antes eram ocupados somente por homens. Atualmente não é uma coisa excepcional vermos uma mecânica, uma caminhoneira, uma frentista. A mulher de hoje além de cuidar do lar, precisa dividir o seu tempo entre o ser mãe e ser profissional.
Ser mãe, esposa e dona de casa era considerado o destino natural das mulheres. Atributos tais como maternidade, casamento e dedicação ao lar faziam parte da essência feminina; sem história, sem possibilidades de contestação. (Bassanezi, 1997:609 in: Simplesmente Elas; Tecendo Histórias)
Percebemos que mesmo com tantas conquistas a mulher é ainda vitima de preconceitos dessa sociedade machista, fruto de uma tradição patriarcalista. Por mais que se abram espaços, muitos não conseguem se adaptar com as mudanças sofridas ao longo do processo de muita luta e esforço da classe feminina. Vejamos um claro exemplo dessa situação, dias atrás, quando participava de uma reunião em uma escola, pude perceber o quanto nós mulheres estamos ativas na sociedade, por conta do número de educadoras existentes no recinto ser superior ao número de educadores, sendo que esta profissão é responsável por mediar o conhecimento crítico dos alunos, tornando-os cidadãos autônomos capazes de agir e interagir na sociedade. Mas por outro lado fiquei indignada ao ouvir a seguinte frase de um professor: “As mulheres começaram a ganhar espaço demais na sociedade, e a partir do momento em que se tornaram educadoras a educação se desvalorizou bastante, principalmente pelo lado financeiro.” Com isso, fica evidente que, apesar de tantas conquistas, somos alvos de constantes críticas da sociedade ainda com resquícios de patriarcalismo, que tenta nos fazer inferiores, submissas e até culpadas por recebermos pouco por um serviço tão importante numa sociedade como essa, e se não tivesse mulheres em salas de aulas poderia se tornar ainda mais preconceituosa do que já é.
os importantes dentro do universo que pertence à mesma espécie.
O blog Simplesmente elas trás uma discussão em torno da representação da mulher na sociedade atual, mostrando-nos suas conquistas, seus medos, como esta é vista nesta sociedade representada por imitações. Pois esta sociedade pós-moderna é representada por imagens, isto é, vivemos no mundo da representação, da cópia; e não do original. Preferimos viver em função dos outros, e deixamos de viver nossa própria vida, é um espetáculo, onde todos nós atuamos como atores e espectadores de uma mesma cena. Como traz DEBORD
Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação. (DEBORD, 1997)
E a mulher não está fora desse processo da modernidade. Mas como esta mulher contemporânea está representada nessa sociedade?
Na sociedade atual, percebemos que alguns conceitos são esquecidos dando espaço, ao capitalismo onde o “ter” predomina sobre o “ser”. As pessoas não ficam mais longas horas produzindo algo, e nem ficam mais conversando enquanto realizam estas atividades, afinal nessa sociedade onde a tecnologia prevalece em quase tudo, não há tempo para nada, pois “tempo é dinheiro”.
A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social acarretou, no modo de definir toda realização humana, uma evidente degradação do ser para ter. [...] O espetáculo na sociedade corresponde a uma fabricação concreta da alienação. A expansão da economia é sobretudo a expansão dessa produção industrial específica. (DEBORD, p. 18; 24 1997)
A mulher está representada nessa sociedade, por meio das mais diferentes formas, sejam elas negativas ou positivas. No blog Simplesmente elas podemos constatar isso. Desde a valorização da mulher no campo profissional e pessoal, como também a sua desvalorização ao mostrar seu corpo como produto comercial, servindo assim de objeto ao capitalismo.
É dessa forma que a mulher vem sendo exposta! Dessa maneira negativa pelas propagandas de cerveja.O comércio de cerveja utiliza do gênero mulher nas propagandas, para chamar mais atenção, comparando novamente à mulher a gostosura suposta da cerveja. (Simplesmente Elas: Na Berlinda)
Atualmente é comum na mídia, relacionar a mulher aos produtos comerciais e também comestíveis, á exemplo disso temos as mulheres frutas. Essas expõem de forma pejorativa a imagem da mulher à sociedade protagonizando assim, um espetáculo, pois estas são vistas como objetos sexuais de uso a qualquer momento. Com isso esta mulher ainda é tida como um objeto, e isso não deve continuar. As batalhadoras que têm conseguido um espaço são poucas, pois muitas destas não conseguiram, ou não querem enfrentar essa batalha no processo de conscientização da imagem feminina na sociedade pós-moderna. A mídia valoriza mais as mulheres que possuem um corpo “perfeito” e são conhecidas como “gostosas”. É preciso uma organização desse grupo com objetivo de eliminar esta imagem da mulher dependente, delicada que só serve para fazer propaganda de produtos industriais expondo seu corpo, ou mesmo em filmes pornográficos.
Se ao menos essa relação acontece-se de forma qualitativa, mas não ela acontece assim: Como alimento: no sentido carnal. Como saúde: no sentido de físico (gostosa). Como beleza: no sentido padronizado que a sociedade absorveu (estética). (Simplesmente Elas: Na Berlinda)
Por outro lado, o blog Simplesmente Elas nos apresenta a valorização da mulher tanto no campo profissional quanto no particular. Como exemplo disso podemos citar, no nosso contexto, a conquista da primeira mulher a exercer o cargo de maior responsabilidade do país, a presidência. As lutas por igualdade e respeito estão fazendo com que a sociedade tome consciência da força, da capacidade e ousadia que a mulher tem para alcançar seus objetivos.
O blog é uma ferramenta bastante utilizada para viabilizar as informações. A sociedade pós-moderna se utiliza dos meios tecnológicos com uma forma mais rápida e eficaz de se alcançar o conhecimento, visto que através deste temos em mãos um vasto leque de informações, a cerca dos mais diversificados assuntos. O blog Simplesmente elas trás discussões e reflexões para mostrar a importância e a representação da mulher nessa sociedade.
Em linhas gerais o blog Simplesmente elas busca valorizar as conquistas das mulheres ao longo da história, pois no decorrer desta, elas foram vitima das mais diferentes formas. A proposta lançada pelo blog é uma libertação no olhar, mostrar como esta mulher que há muito tempo vem sendo incompreendida está representada na sociedade pós- moderna. Apontando alguns espaços conquistados por elas, aprendendo a andar com suas próprias pernas, deixando de viver à sombra dos homens. Simplesmente elas não é apenas um espaço de lamentação ou euforia, é um espaço onde se celebra a vida.
Saúde aos nossos olhos. (Noélia de Jesus Santana)
REFERÊNCIAS:
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estrela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
SANTIAGO, Silviano. Nas malhas da letra in: O Narrador pós-moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.
Blog Simplesmente elas: http://tdopontoum.blogspot.com/. Acesso em: 15/02/2011
[1] Artigo cientifico apresentado ao componente curricular Estudos da Produção literária contemporânea orientado pela professora Noélia de Jesus Silva.
[2] Acadêmica do VI semestre do curso de Letras – Língua Portuguesa Literaturas na UNEB – Universidade do estado da Bahia, Campus XXIII. Grazi_souza18@hotmail.com.
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Marlene de Souza Goes[1]
Ao longo do VI semestre do curso de Letras, da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, as turmas 2008.1, vespertino e noturno, desenvolveram na disciplina Estudos da Ficção Brasileira Contemporânea, um blog onde se postou textos acerca da mulher. Foi deste trabalho que surgiu a idéia de elaborar um artigo a respeito do título do blog vespertino “Simplesmente Elas!”, o qual é composto por sete páginas sendo elas: Na tela, Em versos e canções, Abrindo espaços, Escrevendo nomes, Colorindo a vida, Na berlinda e Tecendo histórias. Há apenas uma singela pretensão de realizar uma breve discussão do que a mulher representa na sociedade atual, longe de querer esgotar a temática, apenas como um desafio para que a sociedade reflita sobre o(s) papel(is) que a mulher representa na sociedade moderna, mostrando a sua presença nesse movimento.
Iniciaremos com uma simples interrogação: o que representa a mulher hoje? Que ser é esse?
Pensar no que constitui a mulher atualmente é estar de frente com uma espécie de teia de aranha que vai se formando aos poucos, muitos fios em uma única teia. Uma verdadeira teia de aranha: fios finíssimos com grade força de captação de insetos para alimentar as aranhas. Assim é a mulher, idealizada como um alguém frágil, mas capaz de conquistar o que deseja e suas inúmeras funções não lhe desanimam. Pelo contrário, são motivações para alcançarem novos horizontes, alimento para suas forças como podemos notar na passagem de uma das páginas do blog:
Mesmo sendo denominada de sexo frágil, herdeira da submissão dos meus antepassados, orgulho-me de ser mulher! Carrego na bagagem muitos preconceitos, muitos rótulos, (...). As dificuldades dribladas dão-me oportunidades, e em nome dessa bandeira que ostento, teço sonhos de igualdade. Vou a luta! O meu nome é trabalho. (Genaura Tormin. In Abrindo espaços, Simplesmente, Elas!).
A mulher atual simplesmente trabalha fora, estuda, cuida da casa, dos filhos, do marido, é chefe de família, “Simplesmente Mulher. Mulher, mãe, amante e esposa. Simplesmente mulher. Não a Amélia, mas uma mulher que sonha como outra qualquer do planeta.” (Luiza Maria da Silva Pinto Moura. In Em versos e canções – Simplesmente, Elas!) Vive sempre sobrecarregada; conquistou espaço na presidência, na engenharia civil, nos postos de gasolina, nos serviços militares e tantos outros; ocupa cargos antes exclusivamente do domínio masculino. Assim, é um ser simplesmente múltiplo que se desdobrar em mil fios e ainda encontra tempo para se arrumar e colorir sua vida das maneiras mais criativas possíveis: sapatos, maquiagem, unhas, cabelos...
trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação! E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic. (Martha Medeiros. In Escrevendo nomes – Simplesmente, Elas!)
Essa vida agitada que vive a mulher contemporânea é reflexo da sociedade espetacular, como assevera Debord (1997): “o espetáculo domina os homens vivos quando a economia já os dominou totalmente. Ele nada mais é que a economia desenvolvendo-se por se mesma. É o reflexo fiel da produção das coisas”. (p.17-18).
Ela também necessita e está inserida nesse movimento da economia. Num mundo onde o ter estar acima do ser, a mulher perde sua passividade e vai também em busca desse ter, o que não ocorria anteriormente; isso é mais uma mostra de que a mulher faz parte dessa roda-viva que se tornou a sociedade atual. O resultado dessa nova mulher não deixa de ser conseqüência da pós-modernidade, nesse tempo em que “tudo que é sólido se desmancha no ar”, a solidificação da mulher antiga se liquefez, uma vez que cada época exige uma sobrevivência divergente da outra, os tempos mudam, as necessidades mudam, e sempre mudarão e já que “ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor – mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, o que sabemos, tudo o que somos” (BERMAN, 1986, p.15) a mulher se encaixa perfeitamente nesse cenário moderno ao viver grandes aventuras em busca de seu crescimento, ganhando poder e se tornando um ser feliz capaz de se modificar e transformar também o seu meio patriarcalista, alforriando muitos olhares machistas que sempre a reduziu. Somente Elas têm fôlego para suportar tanta pressão social, enfrentar esse mundo veloz e ser Ela, dar a volta por cima e vencer.
No texto “Imaginários globais, medos locais: a construção social do medo na cidade” de Rossana Reguillo há uma passagem que fala do discurso de algumas pessoas entrevistadas acerca de sua opinião sobre as relações entre a mulher e a cidade. Esses discursos acusam a mulher de ser a responsável pelo caos social, pois, ao ela ir trabalhar fora e não cuidar dos filhos e do lar como devia, formando assim jovens delinqüentes. Esse caos é característico da sociedade pós-moderna, onde tudo se evolui rapidamente, o que hoje é útil, amanhã não será mais; nisso o capital é o mais importante; é necessário se ter dinheiro para ter acesso ao mundo. Tal realidade é construída por vários fatores, porém é mais cômodo culpar as mulheres pelos problemas sociais, uma vez que não é interessante que alguém tão inferiorizado por olhares machistas dê a volta por cima e ocupe a mesma linha que os homens.
As barreiras criadas desde os primórdios, representadas em anedotas preconceituosas como “mulher é para pilotar fogão”, mostram o que representou a mulher no passado, um ser que só era útil para ser serva dos homens. Mas hoje é importante ressaltar que ela cresceu, não é mais a mesma apesar de sabermos que esse crescimento vem aos poucos, hoje ela não se permite ser classificada através das referências masculinas, pois tem opinião própria. A situação atual feminina é conseqüência de uma memória que foi constituída e reproduzida de tempos em tempos, uma vez que “a reminiscência funda a cadeia da tradição, que transmite os acontecimentos de geração em geração” (BENJAMIM, 1994 p.211). A idéia sobre a mulher foi configurada desde a origem dos tempos e através das narrativas o significado de mulher vai se firmando de uma maneira irreal. Desde o mito de Lilith, a primeira esposa de Adão, a qual foi expulsa do paraíso e Adão não suportando a solidão pediu a Deus outra mulher. Mas para tanto seria necessário uma parte do seu corpo, porém não poderia ser nem olho nem ouvido para que a mulher não enxergasse e ouvisse melhor do que Adão, também não poderia ser a cabeça para que ela não pensasse, nem as pernas para que ela não corresse mais do que ele. Daí então é retirado o osso curvo (costela) que “não faz falta”; nisso nota-se que a história da mulher anteriormente foi cunhada num contexto no qual só os homens poderiam ter a vez da voz; tal fato é perceptível não apenas em narrativas como essas, pois cabe ressaltar que ao longo dos tempos esses discursos foram se configurando e ainda se presentificam em narrativas atuais nas quais a mulher é representada em um papel de eterna servidão ao homem, como cabe citar o caso da personagem Catarina vivida por Lília Cabral na novela A Favorita, transmitida pela Rede Globo em 2008, a qual vivia em eterna submissão ao marido Leonardo (Jackson Antunes), que a humilhava todos os dias afirmando que ela não tinha serventia alguma, não sabia cozinhar, que ela era um lixo, uma “merdinha” que não prestava nem para lhe satisfazer na cama; e ela simplesmente ouvia calada. A permanência desse discurso se dá por conta das reminiscências, lembranças que constituem um presente, uma vez que algo que foi se firmando lentamente desde o passado exerce grandes influências no modo de pensar atual moldando assim toda uma história.
Diante de tais situações percebe-se que “o tédio é o pássaro de sonho que choca os ovos da experiência”. (BENJAMIN, 1994 p.204), como se o ser feminino fosse vivendo na escuridão, no tédio, uma vida morna e vazia e tanta falta de dignidade e esplendor a despertasse, paulatinamente, fazendo perceber que uma vida inteiramente submissa não vale a pena, e entender a necessidade de ganhar o mundo, escrever sua própria história; então o tédio que fez parte de um grande espaço de tempo da sua história fez também brotar o alimento que desenvolve o óvulo da experiência, a luta por novas narrativas, novos dizeres sobre si mesma, visto que experiências negativas, o sofrimento, o vazio, tem uma grande capacidade de ensinar e iluminar idéias obscuras e consequentemente gerar pessoas mais esclarecidas e ativas. Foi assim com a personagem Catarina: ela foi humilhada e serva do marido quase a vida toda, porém chegou o dia em que ela se esgotou e disse: “O lixo, a mulher sem serventia, a merdinha vai embora desta casa. Acabou Leo. Chega. Acabou.” (A favorita) E sai em busca de outro amor e de sua liberdade e felicidade. Isso vem confirmar a idéia de que o sofrimento pode ser o meio para despertar o indivíduo rumo a uma nova vida através da luta e da libertação do olhar.
Nesse mundo pós-moderno, onde “o espetáculo é a principal produção da sociedade atual” (DEBORD, 1997, p.17) não cabe à mulher ficar a margem desse espetáculo, ela é bem mais que espectadora, ela é atuante, o compõe e o faz com muita maestria, posto que participa ativamente de decisões importantes, não só na educação de seus filhos, não só no forno e no fogão, mas em várias esferas da sociedade: na política, na economia, na educação, desenvolvimento do país, dentre tantas outras ações.
Ela é simplesmente um ser que vem constituindo sua opinião própria, e em meio a tantas dificuldades, já não aceita mais o abafamento de sua expressão e está afirmando a sua identidade. Identidade essa que segundo Cruz in Leite (2006) enquanto projeto de construção já é em si a própria construção de sua cidadania e esse projeto depende da obtenção de vários desses direitos: o direito de votar, de participar da vida em sociedade, poder decidir sua vida matrimonial: casar-se com quem ela quiser, ter direito ao divórcio, poder escolher se terá filhos ou não. Diante da submissão em que ela vivia há décadas, mesmo que a realidade hoje seja de salários inferiores aos dos homens que ocupam um mesmo cargo, a liberdade que a mulher já conquistou hoje é relevante, e Elas podem! Podem decidir gerir o seu país e sua própria vida. Neste processo de construção da autenticidade, uma nova identidade feminina vai sendo moldada e ela agora não que mais casar com um milionário. Agora ela quer ser milionária; como observou a escritora Chin-Ning Chu em um anúncio em Sidney, na Austrália.
Benjamim (ano), em seu texto “O narrador”, defende a idéia de que o tédio é um grande aliado da memorização daquilo que se ouve e “quanto mais o ouvinte esquece de si mesmo, mais profundamente se grava nele o que é ouvido” (p.205) e como se sabe que a mulher viveu um momento de tédio na sua história, um tempo caracterizado pelo ócio e subalternidade e concomitantemente, ouvindo “narrações” sobre si as quais a descreviam como burra, incapaz e somente dona do lar, isso fez com que ela por muito tempo gravasse a sua essência errônea. A mulher durante seu tempo de tédio se permitia ser manipulada pelo homem, é como se fosse um copo vazio que se preenche puramente daquilo que o outro (ou para ser mais forte, daquilo que o seu dono quer) deseja. Mas o tempo passou e Ela soube virar o jogo, e esse copo se enche daquilo que ela crê ser bom para si, se o outro lhe preencher e ela não gostar do sabor, joga tudo fora, e busca o que faz bem a seu paladar, pois ninguém mais que ela, sabe definir o que faz seu gosto. Simplesmente Elas porque foram sábias ao digerir e aproveitar apenas as proteínas do que lhe foi oferecido em tempos antigos, souberam fazer da memória sua fonte de aprendizagem e vitória.
E por falar em vitória... Mais uma grade batalha vencida por Elas; Por quanto impossibilitaram mulher de fazer parte do esporte? Pois é, são tantas coisa que ousaram limitar a mulher de fazer, mas por outro lado ela também ousou e vem mostrando “que possuem grande potencial e que podem fazer tão bonito quanto os homens dentro dos campos, quadras, pistas, piscinas, e onde mais for possível acontecer algum embate”. E nestes últimos tempos, têm-se grandes ícones que fez muito pelo país. Bastam simples exemplos como Marta (Futebol), Daiane dos Santos (Ginástica), Maria Lenk (Natação), Fofão (Vôlei de Quadra), Hortência (Basquete) (http://www.lazeresportes.com in Escrevendo nomes – Simplesmente, Elas!).
Somente a mulher é capaz de demonstrar seus sentimentos, suas fragilidades, o dom de assumir que ama que chora, e ser forte ao mesmo tempo, um ser que derruba milhares de barreiras, cai, levanta, chora e sorri de cabeça erguida. A mulher que ao mesmo tempo dizem ser o sexo frágil é na verdade o sexo forte, que está conquistando sua independência construindo sua enorme teia de aranha com sua força intelectual que não perde para nenhuma força física masculina, sua delicadeza compõe a beleza do cenário mundial: é a mulher que está atenta aos mínimos detalhes, por isso é preferida nos acabamentos de construção da engenharia civil. Enfim, ser cuidadosa é uma de suas mais belas características.
Simplesmente Elas têm o poder de desenvolver dentro de si um ser humano. O papel de mãe é somente da mulher. É ela que comporta nove meses um bebê no seu ventre, que é capaz de produzir leite para alimentar seu filho de aconchegá-lo em seu colo de maneira singular, enfim de literalmente dividir seu sangue com o filho. E como se não bastasse ela ainda tem a audácia de ser mãe solteira o que segundo a socióloga Isaura de Queiroz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro demonstra a geração de
uma nova mulher que não considera mais um companheiro como condição intransponível para a constituição de uma família. E isso se deve a um mercado de trabalho mais aberto, a uma sociedade culturalmente mais atualizada, que permitiu à mulher essa escolha. (Tecendo história – Simplesmente, Elas!).
A mulher se faz presente e tem um lugar próprio nessa sociedade contemporânea. Isso é justificado nas grandes conquistas adquiridas por Elas, nos tantos paradigmas rompidos, no talento e sabedoria de conciliar mil coisas ao mesmo tempo, daí a teia de aranha; é como se a mulher fosse o núcleo da teia e dela provêm inúmeros fios, inúmeras tarefas das quais só ela sabe como vencê-las competentemente.
Elas merecem o mérito de vencedoras diante de tantas mudanças alcançadas e principalmente por não terem se deixado abater perante as barreiras e modificarem o futuro delas próprias e das próximas gerações femininas. Um grande exemplo a ser citado acerca dessa coragem feminina é Leolinda de Figueiredo Daltro, que iniciou a luta pela conquista do voto feminino mudando o rumo da história da mulher de épocas futuras; e tantos outros percebidos atualmente como as mulheres caminhoneiras, que em um meio onde existe a idéia de que apenas os homens são bons motoristas, elas enfrentam longas estradas, seja por escolha profissional, seja para seu sustento ou da família, quebrando preconceitos e afirmando uma grande sua auto-estima e sua autêntica identidade.
E simplesmente para complementar a singularidade desse ser, ficou somente para Elas a excepcional inteligência de ser sensível aos sentimentos humanos, saber sentir, se comover, emocionar e exprimir o que realmente sente. E ainda, a Ela foi concedida a dádiva de ser mãe.
A mulher realmente é um ser muito simples, ela nada mais é que doutora, motorista, mãe, gestora, livre e bela. Desse modo sua teia está sempre ganhado mais fios e esses fios vão se tornado cada vez mais sólidos, fortalecidos pela sua luta e auto-estima. Simplesmente uma mulher pós-moderna que abraça a causa na corrida pela sua liberdade e construção da sua própria identidade; é descobrindo a arte de tecer milhares de fios em um mesmo momento que a mulher solidifica e marca seu lugar ao sol na sociedade contemporânea.
Referências bibliográficas.
BENJAMIM, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido se desmancha no ar: A aventura da modernidade. Tradução Carlos Felipe Moises, Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
CHU, Chin-Ning. A Arte da guerra para Mulheres. In Mulher e Trabalho/ [coordenação do projeto Francisco José Carvalho Mazzeu, Diogo Joel demarco, Luna Kalil]. São Paulo: Unitrabalho-fundação interuniversitária de Estudos e pesquisas sobre o Trabalho; Brasília, DF: Ministério da Educação. SECAD-Secretaria de Educação continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007, (Coleção Cadernos de EJA).
CRUZ, Maria de Fátima Berenice. Maria de Fé: silêncio e luta de um mito errante In LEITE, Gildeci de Oliveira. (org) Vertentes culturais da literatura na Bahia. Salvador: quarteto, 2006.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
REGUILLLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: A construção social do medo na cidade. In IV Encontro da Associação Latino-americana de Comunicação. (ALAIC), 1998, Recife
www.Tdopontoum.blogspot.com.
* Artigo apresentado ao componente curricular: Estudos da ficção Brasileira Contemporânea, orientado pela Professora Noélia de Jesus.
[1] Graduanda do VI semestre do curso de Letras. UNEB, campus XXIII Seabra-BA.
A MULHER COLORINDO A VIDA NA SOCIEDADE
“A mulher, ainda nas suas quedas, quanto mais nas suas virtudes, sempre me impressionou como a parte do gênero humano mais digna de toda a nossa caridade.” RUI BARBOSA
Diante do mundo contemporâneo em que a sociedade se encontra as pessoas vão se atualizando, ou na verdade tentando acompanhar a evolução das diversas tecnologias que as cercam. Um equipamento que a muito vem ajudando a sociedade moderna em questão de tempo, velocidade, comodidade dentre outras coisas, é o computador e a sua companheira “internet”. Com há internet cada dia mais sendo acessível a todas as pessoas, muitas coisas vão ficando mais fáceis e muitos sistemas vão sendo criados, por exemplo: sites, portais, email, orkut, blog, etc.
O objetivo deste trabalho é relatar a conquista da mulher na sociedade através do blog, o qual vem ganhando espaço na vida das pessoas. Espera-se com o mesmo, contribuir para um melhor entendimento sobre a imagem da mulher e o uso do blog e de suas atribuições dentro da sociedade, o método empregado foi a observação e a interpretação. Blog é um sistema de publicação na web de atualização rápida e freqüente. Este sistema vem crescendo a cada dia no mundo pois, mantém as pessoas informadas sobre diversos assuntos, e estas mesmas pessoas podem deixar ou expressar suas opiniões em relação ao que está postado.Conforme afirma Benjamin:
“Cada manhã recebemos notícias de todo o mundo. E, no entanto, somos pobres em histórias surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam acompanhados de explicações. Em outras palavras: quase nada do que acontece está a serviço da narrativa, e quase tudo está a serviço da informação.” (BENJAMIN, 1994, p.203)
A partir da citação acima se pode concluir que o uso da informação nos trás tanto benefícios, quanto malefícios as pessoas, pois, através de suas notícias ficamos informados e atualizados, no entanto, o leitor não é movido a pensar e refletir sobre aquela informação devido à mesma já vir pronta e clara, baseada na visão e interesse de quem a transmite.
De certa forma, o blog é um meio de comunicação adotado pela sociedade, até mesmo pelo meio acadêmico com a finalidade de divulgar os trabalhos realizado pelos alunos pois, proporciona a discussão e o diálogo e as pessoas podem estabelecer relações e laços sociais. Os blogs tomaram uma proporção muito grande e se proliferaram na rede com grande intensidade, tendo registro de variados gêneros: diários, projetos, propagandas, notícias, todos com a necessidade de compartilhar idéias. Os Blogs são invenções da sociedade moderna, estão ocupando diversos lugares que antes não tinha substituição na vida das pessoas, chegam a fazer parte de um espetáculo dentro da sociedade com apenas o sentido de ver, mas não de tocar como se faziam um tempo atrás como diz Debord:
O espetáculo, como tendência a fazer ver (por diferentes mediações especializadas) o mundo que já não se pode tocar diretamente, serve-se da visão como o sentido privilegiado da pessoa humana – o que em outras épocas fora o tato; o sentido mais abstrato, e mais sujeito à mistificação, corresponde à abstração generalizada da sociedade atual. (DEBORD,1997, p. 18).
Ou seja, por mais que o blog nos dá informações sobre diversos acontecimentos não poderemos tocar realmente no problema abordado, só o veremos através das imagens, do conteúdo escrito e dos comentários. Coisas que em algumas décadas antes, as pessoas se preocupavam com os problemas dos outros, não viviam no individualismo, com medo de tudo e de todos à sua volta, lutavam para que todos tivessem os mesmos direitos e deveres, fazendo que a sua vida dentro da sociedade contribuísse para o espetáculo realmente acontecer.
Para uma maior compreensão deste trabalho, utilizou-se o blog “Simplesmente Elas”, criado pela turma da UNEB que contém as seguintes páginas: Tecendo Histórias, Na Tela, Na Berlinda, Colorindo a Vida, Em Versos e Canções, Escrevendo Nomes, Abrindo Espaços, e alguns autores como Debord, Benjamim, Reguillo, para embasamento teórico, e assim traçar um diálogo de importante entendimento do contexto abordado. O foco principal deste blog é mostrar a imagem da mulher em diversos momentos, lugares e tempos, fazendo e registrando a sua história, fazendo existir uma ligação entre arte e linguagem como a professora Noélia coloca na página principal do blog:
Este espaço virtual de expressão é, sem dúvida, um convite ao olhar...Olhar para a história desse ser que há muito vem sendo incompreendido,... Devo dizer que este não é um espaço demarcado para euforia...É espaço de celebração da vida... (Noélia, página principal do blog)
Nestas referidas páginas encontramos assuntos diversos sobre a mulher e suas evoluções e conquistas diante desta realidade de mundo em que as pessoas estão ficando aprisionadas, principalmente dentro de si mesmas, e isso às tornam pessoas sem o espetáculo, “pois já não existe uma relação social entre pessoas” (Debord, 1997), este isolamento e o medo, são produtos da realidade mundial em que vivemos.
O estereótipo criado historicamente de que a mulher só serve para cuidar do lar e dos filhos vem sendo quebrado, assim possamos ter uma sociedade mais justa, com oportunidades iguais e sem descriminação. A presença feminina não se resume na simpatia e beleza, significa uma integração de pensamentos e atitudes entre homens e mulheres que resultam num ganho de diversidade na sociedade, esta mesma presença esta crescendo cada vez mais dentro desta globalização que o mundo está vivenciando. A mulher está atentamente na busca de sua identidade e esta é de tal importância que inicia uma nova era no processo de desenvolvimento e continuando nesse caminho, caberá à mulher descobrir quem realmente ela é. A mulher ainda não conseguiu ocupar o tão sonhado espaço, porém uma boa parte, podendo até afirmar que muitos trabalhos que antes eram de refência apenas dos homens na atualiadade as mulhares já o realizam com mais qualidade do que os próprios companheiros.
Para uma reflexão trago uma análise entre tatuagens e/ou maquiagens e os desenhos feitos pelas índias( Postado no blog, página Colorindo a vida). Como se sabe os índios já existia aqui no Brasil muito antes dos portugueses chegarem aqui, as pinturas em seus corpos também já se faziam. Entretanto pode-se afirmar que as tatuagens e a maquiagem sejam uma sobrevivência da marca do passado, pois muitas são de referência aos desenhos indígenas ou até mesmo levam nomes com características indígenas, por exemplo as tatuagens de alto relevo e as tribais. Assim para uma melhor compreensão trago uma citação de BENJAMIM onde ele diz “o importante é assegurar a possibilidade da reprodução. A memória é a mais épica de todas as faculdades.”
O autor refere-se à questão da reprodução e da memória, ou seja, toda a nossa história deve ser arquivada em nossa memória, pois passarão os dias e ninguém poderá apagá-la e assim passando de geração à geração, sabemos que não será virtuosamente ao pé da letra que poderão produzi-la. É o caso das pinturas nos corpos das índias, por mais que as tatuagens não sigam todo um ritual, ou não sejam usados os mesmos produtos, elas representam uma marca do passado, uma referência.
Pode-se afirmar também que o blog é um tipo de narrativa, dentro da sociedade moderna, narrativa esta muito curta. Benjamin(1997, p. 200) diz que o narrador é alguém que vem de longe porque viaja muito, têm várias experiências para passar para os mais novos, essas experiências eram contadas em forma de histórias e nas mesmas estavam contidos algo aconselhável, ainda afirma que o “narrador é um homem que sabe dar conselhos...e esta Arte de narrar está definhando porque a sabedoria – o lado épico da verdade está em extinção.
Como disse acima, podemos reconhecer o blog como uma narrativa na atualidade, por mais que não saibamos quem seja este homem narrador para fazer as postagens, ficando assim um narrador anônimo, saberemos que nas páginas têm histórias, experiências vividas por alguém e que dali podemos tirar algumas conclusões que sirvam de conselhos. Como sociedade está acompanhando os meios tecnológicos , as narrativas não poderiam ficar para trás, por isso as histórias hoje em dia estão ficando mais curtas e se aprimorando cada vez mais das tecnologias.
Assim são as mulheres, alcançando vitórias cada dia nesta modernidade, vivendo “num turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia, afirma Benjamim(1994). A Sociedade moderna é realmente tudo isso que Benjamin diz, por mais que a mulher venha sofrendo nesse mundo tão agitado para ganhar espaço, ela ainda tem que suportar essa sociedade nostálgica que encontra ao sair de casa e fazer valer os seu valores conquistados.
Vemos no blog o quanto a imagem da mulher é relacionada á produtos comestíveis na atualidade, antigamente a mulher não tinha tanta exposição de seu corpo em propagandas, tudo isso é culpa do sociedade moderna em que nos encontramos.
Essas propagandas só vêm trazer negatividade para a mulher, e assim deixa claro que as mulheres são tratadas ou comparadas como representações de algum item. Debord afirma no texto A sociedade moderna que:
A realidade considerada parcialmente apresenta-se em sua própria unidade geral um pseudomundo à parte, objeto de mera contemplação. A especialização das imagens do mundo se realiza no mundo da imagem autonomizada, no qual o mentiroso mentiu para si mesmo. (DEBORD, 1997 p.13)
Com esta afirmativa podemos dizer que os estereótipos criados para a mulher desvalorizam muito a imagem feminina, a cada dia algo comercial se utiliza da imagem da mulher para fazer uma boa propaganda, pois como diz na citação acima o objeto de mera contemplação que seria o produto precisará de uma imagem, imagem esta da mulher. Através destes tipos de propagandas percebemos o quanto as mulheres se tornam alvo do desejo que os homens produzem dentro de si. Esta análise pode ser feita a partir das roupas que as mulheres utilizam nas propagandas, geralmente estão com o mínimo de roupas possíveis (pode ser observado no blog – página Na Berlinda).
A partir das análises feita com o blog e os teóricos abordados, pode-se afirmar que utilizar esta ferramenta(blog) para compartilhar diversos assuntos através de suas páginas é uma boa alternativa, até mesmo no meio acadêmico. Páginas que são coloridas com diversos tipos de informações que nos leva a fazer variadas reflexões/ interpretações.
O Blog Simplesmente Elas, veio mostrar a arte de uma vida real, que é a mulher. Expressa também que a mulher ainda é desvalorizada, mas que a cada dia ela luta para conseguir mais espaço na sociedade, sociedade esta moderna em que o espetáculo acontece a toda hora e onde ainda encontramos o olhar machista.
Para tanto concluo que este trabalho foi de grande importância, pois pode-se perceber que o blog é um meio de transmitir informações, de nos fazer viajar através das postagens, onde encontramos diversas surpresas e faremos novas descobertas. O blog nos fez enxergar mulheres que ajudaram ou ajudam a colorir a vida no mundo feminino, descobrindo a sua identidade, realizando conquistas e deixando sua marca na história, para que assim não sejam esquecidas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BENJAMIM, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
JESUS, Noélia de. Simplesmente Elas, Seabra, 12 out. 2010. Disponível em: http://www.tdopontoum.blogspot.com. Acesso em: 13 fev. 2011.
REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: a construção social do medo na cidade.Recife, 1998.
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Márcia Aparecida Ferreira de Souza ¹
Noélia de Jesus Silva²
SIMPLESMENTE ELAS: A MULHER EM SEU DISCURSO
ONTEM E HOJE
“Este espaço virtual de expressão é, sem dúvida, um convite ao olhar. Aqui pincelamos situações diversas que evidenciam a beleza, a graça, a ousadia... O poder, mas também a violência imposta à mulher. Olhar para a história desse, ser que há muito vem sendo incompreendido, é acreditar em novas páginas; na surpreendente dinâmica da vida e, sobretudo, é acreditar em nós mesmas! Devo dizer que este não é um espaço demarcado para euforia ou lamento acerca de nossa história. É espaço de celebração da vida que se reinventa ou resignifica a partir do ponto em que nos colocamos e a partir do qual ousamos lançar um olhar sobre ela.”
Noélia Jesus Silva
Hoje em plena fase da denominada “cultura eletrônica”, com o telefone, o gravador, o rádio, a TV e, particularmente o computador pessoal e sua aplicação mais notável, a internet, presenciamos uma explosão de novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita. Assim tendo a oportunidade de falar, divulgar e experimentar novas idéias, para um maior número de pessoas. “O espetáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma parte da sociedade e como instrumento de unificação” (Guy, 1997, p.14). A adoção do blog pela turma mostra que tais discussões foram levadas a sério e o que é mais importante, foram produzidas matérias super interessantes. Não posso deixar de agradecer a oportunidade que a nossa professora orientadora Profª. Ms. Noélia Jesus Silva, que afirma acima com suas belas palavras a necessidades de nos afirmarmos como mulheres e, contudo, compreender sua função social.
Mulher, mãe, filha, esposa, irmã, amiga... Simplesmente mulher! Se pretendermos entender melhor a mulher e a sua posição dentro da sociedade, faz-se necessário uma análise de como as mulheres se submeteram e se submetem, resistiram e resistem às regras impostas de autoridade que atualmente vem regendo as vidas públicas e privadas.
Em 08 de março de 1897, em Nova York, houve um triste fato que entrou para a história, marcando assim a vida das mulheres de todas as classes sociais e do mundo todo. “Cento e vinte e nove funcionárias da fábrica têxtil Cotton reivindicavam melhores condições de trabalho e redução da jornada de 18 horas para 10 horas diárias e o direito à licença maternidade. Um dos donos, revoltado com a greve, as matou queimadas. 18 anos após esta tragédia, em 1975 a Organização das Nações Unidas declarou o dia 08 de março como “Dia Internacional da Mulher”. Só assim as mulheres conseguiram marcar sua história e garantiram seus direitos por lei, pois, através desse acontecimento foi despertado o interesse ao papel e à dignidade da mulher, levando assim a uma tomada de consciência do valor da pessoa, percebendo o seu papel na sociedade, contestando e revendo preceitos”.
As mulheres foram encontrando modos de resistência a estas opressões, exercendo certo controle sobre suas vidas, diante de uma situação social tão adversa. Assim demonstra-se que, mesmo em situações transparentes de desigualdades, a mulher possui muito mais poder do que teoricamente se tenha admitido. As mulheres sempre estiveram por trás da ficção do poder masculino o que as levaram a articular ao longo desse século, de modo mais diversificado, uma posição social, uma forma de subordinação e resistência ao poder masculino.
Os homens tinham plenos poderes sobre suas vidas. As mulheres nem sequer tinham o direito de escolher seu próprio companheiro, pois suas vidas eram traçadas desde pequenas por seus familiares e eram moldadas conforme o sistema da sociedade. Essa sociedade exigia a submissão delas ao seu pai, seus irmãos e conseqüentemente a seus esposos e essas concordavam sem questionamento. Nessa época as mulheres não tinham ideais, voz, sonhos, vontades, viviam submissas ao esposo e não davam importância se sua vida caísse na rotina e até mesmo da insatisfação e tédio conjugal. “Então, era raro que as mulheres sentissem prazer de viver e de amar, pois eram submetidas a um contato carnal rigorosamente disciplinado; pois a relação sexual deveria ocorrer na posição natural, com a mulher deitada de costas e o homem sobre ela. Todas as demais posições eram consideradas escandalosas, pois a mulher não podia demonstrar sensação de prazer. Deveria manter-se durante todo ato sexual, em posição que indicava a situação de submissão perante o esposo.”
A mulher começa a ser oprimida pelo homem num determinado momento da história da sociedade, onde passou a ser regida por normas e atividades que classificavam homem e mulher. O homem foi designado para trabalhar em serviços braçais e para a guerra; ao contrário, a mulher era considerada impotente para esse trabalho, ficando ela responsável pelo trabalho doméstico e pela criação dos filhos. Além disso, era destinada a sua função biológica de gerar filhos e colocá-los no mundo. A mulher passou a viver por amor aos filhos, esposo e casa. Para tanto, a mulher deveria se manter pura: distante dos problemas e das tentações do mundo exterior – o mundo do trabalho deveria ficar a cargo do homem; com isso a mulher passou a ser considerada mentalmente deficiente, incapaz de entender certos assuntos, de tomar decisões mais sérias, sendo atribuída a ela tarefas especiais como serviços domésticos e os deveres escolares.
A mudança maior ocorre na década de 60, época em que a imagem e as atitudes femininas começaram a ser mudadas por elas mesmas e não por necessidades sociais. A conquista feminina foi lenta e passiva, no entanto, as mulheres estavam deixando de ser uma reflexão do homem, para viver sua própria vida. Sendo assim, a mulher tornava-se mais questionadora e decidida a distribuir as bases culturais em que assenta o sistema patriarcal. Ela tem vontade própria e procura encontrar meios de subverter o mundo racional do homem; ela fundamenta-se na eliminação, no perfeito equilíbrio entre os diversos elementos do universo com uma relação de igualdade, equilíbrio e reciprocidade. A mulher através dos meios de comunicação e de modelos estrangeiros, trazidos através de livros, revistas, viagens e até mesmo a partir de uma vivência, fez com que as mulheres de classe média, fossem atingidas de forma mais intensa pela modernização.
Índias, negras e brancas, valentes e vilãs, ricas ou pobres, famosas ou anônimas, elas escreveram a nossa história e nos ajudaram a entender o Brasil de hoje.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As estatísticas apontam que há mais mulheres do que homens no Brasil. Mostram também que elas vêm conseguindo emprego com mais facilidades e que seus rendimentos crescem a um ritmo mais acelerado que os homens. As mulheres são hoje, no Brasil, 51,3% da população, totalizam 42,7% da população economicamente ativa, 26,8% são ‘pessoas de referência’ dos domicílios brasileiros, e 51,2% do eleitorado nacional”. Destaca ainda mudança na família brasileira, a Síntese dos Indicadores Sociais revela que, entre 1995 e 2005, na região Sudeste, o percentual de famílias formadas por casais com filhos caiu de 56,6% para 48,5%. Fatores como o crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho podem ter ocasionado mudanças na estrutura das famílias brasileiras: o número das que eram chefiadas por mulheres cresceu 35%, no período. Esse aumento vem ocorrendo mesmo nas famílias onde há a presença do cônjuge. Pesquisa revela ainda que as mulheres inseridas no mercado de trabalho dedicam 22,1 horas por semana às tarefas da casa, enquanto os homens gastam apenas 9,9 horas com essas atividades. A dupla jornada ainda é a realidade da mulher brasileira, mesmo com a melhora de escolaridade e maior inserção no mercado de trabalho, com todas estas evoluções, ela ainda não está numa condição de vantagem em relação aos homens, pois continua existindo muito preconceito e discriminação, não apenas social, mas também de gênero. Alguns homens dizem que as mulheres atuais querem ser iguais aos homens, mas não é bem isso. Em contraste com a época da ampla predominância do sistema patriarcal, a mulher do século XXI vai imprimindo mudanças significativas na sociedade, contribuindo para o avanço e progresso social. As mulheres não buscam serem iguais aos homens, mas reconhecidas como seres humanos, terem seus direitos à vida, vez e voto respeitados.
A mulher atual vai, além disso, tudo, é uma eterna lutadora em busca de seu espaço e, vem a cada dia, conquistando-o ainda mais, ultrapassa os limites impostos pelos homens e pela sociedade em que vivem. Mesmo com os direitos garantidos por Leis, como o direito ao voto, Lei Maria da Penha, Licença Maternidade e outros, muitas ainda passam por situações de violência, sexual, social e familiar, profissionalmente são diminuídas e os salários ainda são inferiores, como seres humanos ainda são tratadas em alguns casos como inferiores, submissas, quando na realidade estão prontas para desempenhar qual quer atividade que antes só os homens atuaram. Suas conquistas vão além do que, um dia já lhes foi permitido, elas estão mostrando, a cada tempo que de frágil nada tem, não deixam de serem femininas sedutoras e misteriosas, mas se tornam mulheres, no sentido amplo e infinito da palavra e do ser humano que são. São estas mulheres, que na atualidade desenvolvem vários papéis, transformando-se diariamente e contribuindo para a transformação do meio em que vive.
''Tu es divina e graciosa, estatua majestosa do amor por Deus esculturada e formada coma ardor da alma da alma da linda flor de mais ativo olor e que na vida e preferida pelo beija-flor(..)"
(PINCHINGUINHA, 1922).
Com toda sua maestria, Pixinguinha, retrata na letra da canção “A Rosa”. A mulher em sua perfeição, como a um ser supremo impossível de se atingir.
A título de conclusão, e notório afirmar que hoje, encontramos mulheres ocupando espaços na política, (temos uma presidente do Brasil) na justiça, no esporte, no militarismo, enfim, espaços antes trilhados somente por homens e, com uma capacidade e eficiência ainda maior do que a masculina. É claro, que para garantir estes espaços, houve muitas lutas sociais que culminaram com as conquistas femininas. A mulher atual é uma mulher de múltiplos talentos e personalidades, é de tudo um pouco dependendo da situação e circunstância, mas com certeza, é acima de tudo uma vencedora, alguém capaz de batalhar sempre pela sua felicidade e daqueles que fazem parte de sua vida.
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² Professora Mestra do curso de letras Língua Portuguesa e Literaturas da Universidade do Estado da Bahia-UNEB-Campus XXIII, do componente curricular. Estudos da Ficção Contemporânea Brasileira.
REFERÊNCIAS
DEDORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contra Ponto, 1997.
BENJAMIM, Walter. O narrador (1936). In: Walter Benjamin- Magia e técnica, arte e política. Trad.Sergio Rouanet. (São Paulo: Brasiliense, 1996).
LION, Graciano. Emancipação do sexo feminino: a luta pelos direitos da mulher no Brasil, 1850/1940, Editora mulheres, 2003.
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www.suapesquisa.com/diainternacionaldamulher
www.supersitegood.com/a mulher ao longo da história
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ENSINAR A TER UM NOVO OLHAR: VISÃO ATRAVÉS DE COMENTÁRIOS
Poema: Não sei
Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Autora: Cora Coralina
ENSINAR A TER UM NOVO OLHAR: VISÃO ATRAVÉS DE COMENTÁRIOS
Lélia Magna Silva dos Anjos Prado¹ (GR) e Noelia de Jesus² (PQ)
INTRODUÇÃO :
A busca por uma educação inovadora é extremamente importante para educadores contemporâneos, e este artigo traz também para discussão essa criatividade com a utilização do blog , pois a pesquisa é uma das etapas que o graduando tem que buscar, trazendo novos olhares no saber. Textos encontrados no blog na página “Colorindo a vida”, sobre as pinturas corporais dos índios, faz com que percebamos a importância que tem para a cultura deles e que precisamos observar e atentar para aquilo que determina uma cultura que pouco ou quase nada é reconhecida e que discussões como essas faz com que outros tenham o mesmo interesse para abrir um novo leque de informações, afinal precisamos está atentos para uma cultura que está sendo implantada nas escolas: a lei 10.639/2003 – a qual os professores deverão está atentos com as informações para que assim, estejam preparados para orientar os educandos de uma cultura que não deveria nunca ter sido esquecida. Será traçado um panorama dentro dos textos e comentários já analisados e autores como: BENJAMIN (1936), BAUMAN (2003), COSSON (2006), FREIRE (2000), HALL (2006), SANTOS (2000). É pertinente relatar que esses autores deram norte às discussões. Há também artigos de alunos do DCHT campus XXIII, ao qual tenho o prazer de ter participado e discutido juntamente com outros alunos cotistas sobre a cultura afro-brasileira, hierarquia das raças...O principal ter amor à vida, para que assim possam realmente apreciar o arco-íris que tem em tudo que os cercam.
A educação. Uma educação livresca. Repetitiva (FREIRE, 2000), tem quebrado muito o encantamento tanto dos alunos quanto dos professores, precisando assim, inovar trazendo uma nova forma de ensinar e aprender, isso faz com que a auto-estima tanto dos alunos como dos professores melhore. Acontecendo isso com esse aprendizado, com a utilização do blog, pois não deixou de ocorrer às leituras, como houve também novas leituras que foram as pesquisas, textos que foram selecionados pelos discentes para realização do blog, existindo mudança, inovação e que desperta assim, interesse maior dos discentes pela disciplina, detectando assim um maior aprendizado, pois quando existe leveza no aprendizado, significa que não houve uma sobrecarga e sim, um estímulo para a subjetividade.
Pintura corporal indígena: marco das emoções. Pintura que os índios utilizam nos corpos representa muito dentro da cultura deles, pois cada cor, cada pintura tem um significado que é bastante peculiar nas tribos pertencentes à determinada tribo, eles manifestam suas alegrias e suas tristezas através da pintura o que não é diferente nas nossas culturas, pois utilizamos também cores para representar muita coisa, na arte há os pintores que utiliza cores sombrias, cores fortes, cores vibrantes, existindo assim, estilos diferentes. A manifestação indígena com as cores é bastante significante, pois eles não usam só para embelezar e sim, para representar sua tribo, a melhor pintura será o melhor caçador, enfim eles tem todo um aparato para simbolizar as cores.
[1] Artigo apresentado a professora para avaliação dentro da disciplina.
¹ Discente do VI semestre de Letras pela UNEB – Universidade do Estado da Bahia – Campus XXIII – Seabra. – Lelia_magna@hotmail.com.
² Professora orientadora do Artigo, Noelia de Jesus.
[...] a narrativa da nação tal como é contada e recontada nas histórias e nas literaturas nacionais, na mídia e na cultura popular. Essas fornecem uma série de estórias, imagens, panoramas, cenários, eventos históricos, símbolos e rituais nacionais, que simbolizam ou representam as experiências partilhadas, as perdas, os triunfos e os desastres que dão sentido à nação. HALL, Stuart, em a identidade na Pós-Modernidade (2006:52).
Colorindo a vida através da arte! As mulheres utilizam o artesanato para embelezar suas casas, colorir suas vidas. Muitas vezes são os próprios sustentos para suas famílias, conheço inúmeras que trabalham com o artesanato e que são muito felizes com aquilo que fazem, pois existem inúmeras pessoas que valorizam muito seus trabalhos, pois requer muita dedicação para surgir peças tão bonitas. A professora Gilka Milena tem uma grande dedicação naquilo que faz e é interessante perceber o amor que ela tem com a arte, faz tudo com muito amor e rapidez.
“A narrativa, que durante tanto tempo floresceu num meio de artesão – no campo, no mar e na cidade -, é ela própria, num certo sentido, uma forma artesanal de comunicação. [...] Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso”. (BENJAMIN, p.205).
Tendências em maquiagem para o verão 2010/2011. Analisar a maquiagem e perceber que para embelezar não é tão fácil, pois requer cuidados na seleção de cores, no momento oportuno que as cores podem ser mais fortes ou mais leves, durante o dia não deve utilizar cores vibrantes e nem à noite cores muito sombrias, então esse destaque que percebemos na reportagem sobre maquiagem é muito útil para as mulheres, perceber que os toques são bastante esclarecedores, ajudando assim, às mulheres a ficarem mais bonitas do que já são, pois a maquiagem serve para reforçar a beleza que já existem nelas, não devendo exagerar, ela servirá para dar um toque, pois o abuso muitas vezes não alcança o desejo e sim, o contrário, então o cuidado que é passado na reportagem é fortemente importante, pois há aquelas que exageram acreditando está bonita com o charme que acredita está adquirindo com os enfeites, que precisa sempre está equilibrando, pois cores fortes nas roupas pedem sombrias na maquiagem e acessórios e com isso parte-se para a felicidade, pois todas as mulheres enfeitam para si, para suas amigas, namorados. E interessante observar como as mulheres enfeitam para as outras, a competitividade entre elas é muito grande, por isso atenção aos toques para que assim, enfeitarem com beleza sem envergonhar por ter exagerado.
Oi, já estão sabendo? Ah não? Jura? Amigas, a moda agora é cores! Então, está esperando o que? Ponha cor em sua vida. Os sapatos para o verão são lindíssimos, mas novamente os toques nas escolhas: todas as mulheres deveriam ler as reportagens do colorir a vida, pois assim, teriam os cuidados necessários nas escolhas, tudo muito bonito, mas requer cuidado: durante o dia as cores não deve ser tão vibrantes e sim escolher um sapato azul não utilizar outra cor forte nas peças das roupas e vice-versa, os acessórios: bolsa não necessariamente da mesma cor do sapato, pois antes era combinando, hoje a moda é o contrário: misture, mas com cautela, pois nada em excesso fica bom.
Na literatura comparada percebemos que encaixa perfeitamente as três meninas de Lygia Fagundes Telles com as três greias da mitologia clássica, onde elas utilizavam um mesmo olho para enxergar. Reflexão essa que fizemos na apresentação do seminário que representa através das meninas olhares dentro de uma sociedade de forma mais complexa. Encontramos nesse caso uma narração autodiegética (primeira pessoa) e heterodiegética ( que virá na terceira pessoa) que no caso as meninas narram na primeira pessoa, passando sua experiência como integrante de uma sociedade conturbada e o narrador é aquele que ao mesmo tempo que observa, encontra-se fora da estória, confrontando com vários discursos. Os espelhos ao qual os personagens se refletem, mostra bem a reflexão de uma sociedade em época de ditadura militar, que mostra o olhar que cada parte da sociedade tem, ora ocorre um monólogo dramático, outras vezes diálogos que se harmonizam entre elas. Um romance bastante complexo para uma reflexão de imediato, precisando refletir por parte, pois se percebe que apesar de personagens completamente diferentes, mas que se completam. No reflexo dos espelhos ao perceber que um reflete no outro, ou seja: Há um complemento de um personagem com outro, perpassando por todos os textos trabalhados, pois na globalização perversa é o retrato da ditadura militar, que aqueles mais fracos ou que não esteja de acordo com os governantes sofrem. Quanto à sociedade líquida é o que sucede o tempo todo com a personagem de Ana Clara que se ver precisando de dinheiro e da mordomia que sua amiga Lorena pode proporcionar, então ela procura se iludir e muitas vezes tenta se passar por sua amiga, pois acreditando que assim, será aceita na sociedade, que com sua profissão de modelo que sabe que é curta, mas que tenta acreditar que será eterno, passando por processo de aborto para não adiantar mais ainda com o fim da profissão e para permanecer iludida prefere não se manter lúcida, utilizado do artifício das drogas e também de prostituição. O romance as meninas faz com que percebamos todo o processo de aprendizado dentro da disciplina que foi o retrato de uma sociedade que busca o aperfeiçoamento do indivíduo que esteja enquadrado nos padrões estabelecidos que se precisa mudar não só o meio como também as mentalidades dos indivíduos envolvidos, muitas vezes facilitando ainda mais a sistemática que os governantes e aqueles que estão dentro do poder social estabelece, buscando lutar para que ocorram mudanças e que todos tenham a mesma oportunidade, pois sociedade para ser completa tem que ter diferentes todos e pensamentos para que assim, ocorra uma sociedade real.
“[...] As palavras vêm da sociedade de que faço parte e não são de ninguém. [...] É por esse uso, simultaneamente individual e coletivo, que as palavras se modificam, se dividem e se multiplicam, vestindo de sentido o fazer humano”. (COSSON, 2006 p.20).
Logo, percebe-se que as reportagens da página “colorindo a vida” foi bastante útil para todas nós mulheres, pois nem sempre paramos para analisar o que fica melhor ou pior, pois utilizamos muitas vezes nossos próprios gostos e nem sempre funcionam e com esses toques percebemos o que podemos ou não dentro da moda. A utilidade do blog não só nos conselhos em escolhas, como alegria em utilizar as cores nas nossas vidas, pois às cores tem o poder de nos alegrar. Há também uma importante função que não podemos deixar de lembrar até porquê esse é o motivo maior para estarmos discutindo aqui sobre esses temas que é o motivo do blog: Discutir os textos trabalhados em sala de aula, que acredito ter sido bastante pertinente, pois conseguimos assim, usar a parte teórica com a prática e percebendo que cada um de nós tivemos contribuição nas discussões para a existência do blog, pois cada comentário teve sua importância na construção, pois vejo que cada um passou aquilo que mais compreendeu, pois os textos como globalização perversa está bastante presente nas discussões como falar dos índios sem perceber essa globalização perversa que fez deles pessoas isoladas, pessoas essas que foram os primeiros habitantes que aqui existiam, então faz com que refletimos sobre cada cultura, cada sociedade e trazendo assim, sociedade líquida aquela que não dar estabilidade para ninguém, existindo um avanço tecnológico, mas que não tem segurança naquilo que está realizando, pois vence o melhor e essa competitividade é muito cruel, mostrando assim, que as discussões perpassam pelos textos trabalhados, não há como concentrar só em um, pois quando estamos narrando um tópico que já entra o texto “o narrador pós-moderno”, percebendo que esse ir e vir com os textos é que ajuda no nosso aprendizado, muito importante que o aprendizado tenha ocorrido assim, pois não só aprendemos como também não esqueceremos aquilo que associamos com outros textos que no caso as reportagens e comentários. Oportuno analisar aqui as vivencias que trazemos para as discussões, pois cada um tem seu olhar, bem colocado pela professora da disciplina na abertura do blog, pois sempre estamos colocando o olhar de cada um e suas perspectivas naquilo que ocasionalmente lhe despertou.
O envolvimento de todos os integrantes para construção do blog foi bastante significativo, pois o crescimento foi ocorrendo e o prazer em construir algo que ajudaria no conhecimento. Outro aspecto importante foi o grupo está cada vez mais envolvido com a leitura e a pesquisa. Utilizando temas teóricos e práticos. E utilizar este artigo para continuidade do blog, é uma forma bem relevante de destacar cada comentário. Respeitando a individualidade de cada um e assim, formando um todo, mostrando que assim, é que a sociedade se constrói: Valorizando cada ser, cada idéia e na construção final, um fortalecimento das descobertas, dando um sentido maior à vida acadêmica, pois a intensidade da busca torna-se maior e verdadeira, durando assim, um tempo maior ou menor, mas com pureza e determinação. Percebe-se a beleza do arco-íris no colorindo a vida. Que este trabalho seja um de muitos que virão.
REFERÊNCIAS :
ARANTES, Guilherme. Sob o efeito de um olhar. YouTube - fbferreira, 2005.
BENJAMIN, Walter. O narrador (1936). In: Walter Benjamin – obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. Trad. Sergio Rouanet. São Paulo : Brasiliense, 1996 ).
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria prática. São Paulo: contexto, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
HALL, Stuart. Identidade na Pós-Modernidade. 2006
http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/revistas/textosepretextos/vol2/tresmeninas.pdf
PRÓ COTISTA – Qualificando a Permanência de Estudantes Cotistas nas Universidades. Ensino de História e cultura Afro-Brasileira. SEPROMI –Salvador Novembro 2010.
PRÓ COTISTA – Qualificando a Permanência de Estudantes Cotistas nas Universidades. Ensino de História e cultura Afro-Brasileira. SEPROMI –Salvador Novembro 2010.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, 2000.
www.tdopontoum.blogspot.com
TELLES, Lygia Fagundes. As meninas. Companhia das Letras. 1973.
www.tdopontoum.blogspot.com
TELLES, Lygia Fagundes. As meninas. Companhia das Letras. 1973.
contexto, 2006. PALLARES-BURKE, M. L. G. A sociedade líquida de Zygmunt Bauman. In: Jornal Folha de S. Paulo. Caderno Mais! São Paulo: 19 de outubro de 2003. p.59.
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SERÁ QUE É SIMPLESMENTE ELAS?*
Davina Ribeiro[1]
Buscou-se com o presente artigo cientifico mostrar como o blog simplesmente elas divulgaram a evolução e a importância do gênero feminino na sociedade. Tornou como corpos: o blog simplesmente elas. O método empregado foi: observação, interpretação dos elementos presentes tais como: a identidade da mulher a sua representação e ao mesmo tempo como a sua imagem e dirigida diante da sociedade. Os pressupostos teóricos adotados foram: COUTINHO (2004) GOMES (1994) DEBORD (1997) SANTIAGO (2002). Os resultados obtidos no blog simplesmente elas vem trazendo uma reflexão sobre o papel da mulher em todo um contexto histórico.
Compreende-se que o gênero blog é um dos meios de comunicação que atualmente está sendo muito utilizado pelo meio acadêmico com o intuito de divulgar os trabalhos realizados pelos alunos, na tentativa de contribuir com reflexões sobre a imagem da mulher na sociedade, buscando mudanças na construção de sua identidade em resgate. Diante dos novos valores com suas representações, e visando discutir a forma de conhecimento de sua identidade. Como podemos perceber neste fragmento em que Stuart Hall diz:
“Esses processos de mudança, tomados em conjunto, representam um processo de transformação tão fundamental e abrangente que somos compelidos a perguntar se não é a própria modernidade que está sendo transformada”.(Hall. p.9, 2003 )
Sendo assim argumenta-se, que são exatamente essas coisas que agora estão transformando. O sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade agregada e estável, está se tornando despedaçadas; misturado não de uma única, mas de várias, identidades algumas vezes conflitante ou não. Uma identidade que é conquistada com muita luta e garra. O blog nos leva a refletir como a figura feminina está sendo tratada no meio social nas páginas do blog. Podemos perceber também de como a mulher não consegue romper totalmente o mito de que o papel de dona de casa é o único que lhe cabe. Mas com força de vontade vem buscando sua transformação, interna e externa.
A mulher busca afirmação de sua identidade e esta é de tal importância que vai iniciar nova era no processo de individualização de cada um de nós, e da própria humanidade como um todo. É através dessa ruptura que a mulher vai saber quem ela é, adulta e não mais criança, desvinculada das fontes arcaicas do prazer. Segundo essa perspectiva, caberá à mulher, no seu processo de desenvolvimento, a integração de conteúdos no meio social bem como a construção da consciência mais autônoma e da atualização de suas disposições. Os movimentos reivindicatórios das mulheres, requerendo direitos iguais aos homens têm provocado, desde o século passado, uma série de transformações sociais que permitem verificar mudanças significativas em nível de pessoas. Mas ao decorrer da pesquisa ficou claro que ela consequiu o seu espaço, não o tão sonhado, porém uma boa parte, incluindo as conquistas podemos afirmar que elas já fizeram todo tipo de serviço, muitas vezes com melhor qualidade que os próprios homens. Hoje, é comum se ver mulheres nos tribunais, exercendo com maestria a profissão de advogadas, promotoras, juízas, profissões que eram, antigamente, exclusivamente para os homens, vemos mulheres ao volante de enormes carretas e ônibus e até mesmo na presidência da república.
Diante disso, objetivou-se de modo geral, discutir a construção identitária da mulher, fazendo uma leitura relevante sobre os conteúdos apresentados nas páginas do blog. A partir das fundamentações teóricas analisadas, realizou-se, além de discussões, uma análise crítica do papel da mulher representado nas páginas do blog e dos comentários em geral num processo diacrônico sobre a mulher de ontem, a intimidada com a opressão patriarcal, e a mulher de hoje, que luta por independência com extrema coragem se distanciando do modelo padrão, tendo como foco a “sua independência”. Os resultados deste artigo poderão ser somados àqueles desenvolvidos nesta área do conhecimento, ao que se refere aos leitores de âmbito geral, e em particular.
Compreende-se que a linguagem usada no gênero blog é de todo uso da palavra articulada ou escrita como meio de expressão e de comunicação que traz entendimento simultâneo entre emissor à receptor.
Blog vem mostrar uma construção de arte e linguagem de encarar a missão e de oferecer não apenas uma história logicamente coerente, mas uma história que contenha o máximo de sentimento e vigor excitante. Como podemos ver logo na abertura do blog quando Noélia de Jesus nos mostra que:
Este espaço “virtual e, sem dúvida um convite ao olhar. aqui pincelamos situações diversas que evidencia a beleza e graça... poder, mas também a violência à mulher [...] Olhar para a história desse ser que há muito vem sendo incompreendido, é acreditar em novas páginas; na surpreendente dinâmica da vida e, sobretudo, é acreditar em nós mesmas (JESUS, Noélia. blog)
A apresentação é um convite sugestivo a uma viagem, no mundo feminino. Através de um olhar se pode dizer mais que palavras. Assim podemos dizer que desnudamos o apreciar do véu da falta de inteligência e da crendice, sobretudo em relação ao universo feminino. Em toda extensão do blog, podemos perceber o espetáculo que a figura feminina nos proporciona com suas matérias espetaculares, o que se denomina "Crise da Representação", que assombra a arte e as linguagens no contexto pós-moderno, é um fenômeno diretamente ligado à destruição dos referenciais que vinham norteando o pensamento até bem recentemente.
Isto fica claro em uma das suas páginas em que a representação da mulher, em que ela é a exposição, no sentido de relacionar as mulheres com seres comestíveis, ou seja, as “mulheres frutas”. Se ao menos essa relação acontecesse de forma qualitativa, mas não, ela acontece assim:
Como alimento: no sentido carnal.
Como saúde: no sentido de físico (gostosa).
Como beleza: no sentido padronizado que a sociedade absorveu (estética).
Dessa forma é clara a salada de fruta (bagunça, mistura), que andam fazendo com o papel da mulher. Temos que pensar que essas marcas empregadas nessas mulheres só apontam negatividade, isso sem falar que um dia as frutas apodrecem e aí? (blog página na berlinda). O que pode ser observado é que esta modernidade deixa como resultado a falta de limites de representação da realidade, resultando numa crise ética e estética. A justificativa para essa mudança pode ser mais objetiva: com a história apontando para a formação de uma sociedade global. Em um dos fragmentos do texto, Sociedade do Espetáculos, podemos perceber que:
A realidade considerada parcialmente reflete em sua própria unidade geral um pseudo mundo à arte, objeto de pura contemplação. A especialização das imagens do mundo acaba numa imagem autonomizada, onde o mentiroso mente a si próprio. O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo. (DEBORD.p.13, 1997)
Com esta citação o texto deixa claro que esta figura pejorativa deixa a imagem feminina em desvalorização, pois a cada dia que passa a figura da mulher e denegrida tanto nas propagandas como nas letras das músicas. A leitura que o mundo faz em relação as estes tipos de rótulo que cada dia que passa é imposto na mulher. Nota-se em o narrador pós-moderno que:
“O olhar no raciocínio de Benjamin caminha para o leito da morte, o luto, sofrimento a lágrima, e assim por diante com todas as variantes do ascetismo socrático o olhar pós-moderno (em nada camuflada, apenas enigmático) volta-se para a luz, o prazer, a alegria o riso, e assim por diante, com toda a variante do hedonismo dionisíaco. O espetáculo da vida hoje se contrapõe da morte ontem, olha-se no corpo em vida, energia e potencial de uma experiência impossível de ser fechada na sua totalidade mortal, porque ela se abre no agora em mil possibilidades.”(SANTIAGO,p.58,2002)
Percebe-se, neste trecho, que Benjamin, faz uma crítica em relação ao moderno de ontem e de hoje. Trazendo uma reflexão pertinente que podem fazer uma relação com algumas páginas do blog aonde nas suas postagens deixa claro o quanto o corpo da mulher é olhado como um produto de desejo, que ao mesmo tempo traz alegria e o símbolo de morte, morte esta que não e a da matéria, mas da imagem que acaba aos poucos. Como notamos em no texto separação consumada que:
“O homem alienado daquilo que produz, mesmo criando os detalhes do seu mundo, está separado dele. Quanto mais sua vida se transforma em mercadoria, mais se separa dela. O espetáculo é o capital a um tal grau de acumulação que se toma imagem” (DEBORD.p.25, 1997)
É dessa forma que a mulher vem sendo exposta! Dessa maneira negativa pelas propagandas de cerveja.
“O comércio de cerveja utiliza do gênero mulher nas propagandas, para chamar mais atenção, comparando novamente à mulher a gostosura suposta da cerveja. Mulheres que malmente vestidas, abusam dos seus corpos, sem se dar conta que não está fazendo somente a venda da cerveja, mais sim de se mesma. Sem contar os enunciados presentes nas propagandas, levando o consumidor a visão de que, mulher-cerveja está associada a prazer. Mas então é só isso que o ser mulher pode oferecer?” (blog página na berlinda). Com esta imagem, a figura feminina aparece destorcida fora do padrão real. Mas a vantagem do blog e que ele mostra a outra face feminina, aquela que engloba o espetáculo que e a mulher verdadeira aquela que mostra garra coragem de vencer. Ele veio trazendo as várias identidades com sua evolução.
Aquelas que em cada espaço em que ocupa deixa a sua marca como um referencial importante. No texto o narrador de Benjamin quando ele narra que:
“A narrativa que durante tanto tempo floresce no meio de artesã, no campo, no mar e na cidade, é ela própria, num certo, uma forma artesanal de comunicação. Ela não esta interessada em transmitir “puro em se”. Das coisas narrada numa informação ou um relatório. Ela mergulha a coisas da vida do narrador para em seguida retirar-lá dela. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador com a mão do oleiro na argila do vaso”. (BENJAMIN p.205, 1994)
Com esta citação em que Benjamin faz a comparação da narrativa com o trabalho do oleiro, e notável que a luta por melhores espaços da ala feminina é um trabalho que exige muita paciência. O oleiro dedica horas e mais horas modelando a sua peça, assim também acontece com a luta feminina, pois esta luta foi começada há muito tempo atrás. Dentro da narrativa do blog simplesmente elas, citaram discussões impressionantes como, a vida das mulheres negras, indígenas, mulheres celtas, mulheres do congo etc.com isto fica claro que mulheres do mundo inteiro está em busca do seu espaço no mundo em que vive.
No blog simplesmente elas as abrdagens das suas páginas trouxeram varios temas importantes, como a conquista dos idosos que especificam bem o jeito de viver em que cada um consegue encaram o seu dia a dia. Dele. Como podemos constatar nas imagens. São pessoas que conseguem passar otimismo, esperança, alegria e gosto pela vida.




“A história das mulheres não é só delas, é também daquela da família, da criança, do trabalho, da mídia, da literatura. É a história do seu corpo, da sua sexualidade, da violência que sofreram e que praticaram da sua loucura, dos seus amores e dos seus sentimentos”. (blog p. tecendo historias in http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=86)
A escolha deste tema se deu a partir da necessidade de se trabalhar um nova forma de trabalhar literatura, contribuindo para um melhor desempenho de leitura proporcionando assim uma reflexiçao sobre o titulo do artigo SERÁ QUE É SIIMPLESMENTE ELAS? O que pode perceber em todas as paginas é que a luta das mulheres tem outros adeptos como seus companheiros, filhos, e netos. Adequando o desenvolvimento dos discentes, formando-os leitores críticos. Dessa forma esse trabalho ajudará para as práticas de leitura desenvolvida de forma mais dinâmica.O blog Simplesmente Elas foi uma forma tão dinâmica de desenvolvimento da linguagem e interação entre os indivíduos que obteve 197 comentários dispostos entre a página inicial e as demais páginas que foram sete, formando o todo do blog.
Portanto, a partir das discussões propostas, dos dados descritos e analisados foi possível chegar às considerações propostas.
Que o blog é uma obra de arte que traz ao receptor uma mensagem gerada através das suas páginas. Páginas estas que veio com muitas informações. Fazendo-se uma leitura aberta, que permitem varias interpretações. O blog simplesmente elas é uma obra classificada como original, porém, que deixa subsídios para elaboração de outra obra num processo de recreação. Portanto, o blog é uma obra de arte baseada no real, mas com suas adaptações. Mesmo que este sendo uma arte recriada percebe-se claramente o processo de como foi criado.
Dessa maneira fazendo uma interligação entre os textos do blog e a teoria, nota-se que o blog e um gênero que permite fazer uma viagem em torno do mundo feminino, pois com esta viagem descobrimos lugares fantásticos num mundo de belas pérolas cheias de surpresas e muitas revelações que em cada uma das páginas continha novas descobertas e novas identidades, novas conquistas e realizações. Por tanto este estudo poderá contribuir para que se pratique um novo olhar a cerca da figura feminina, e quem sabe revogar o preconceito com a mulher.
Referências:
BENJAMIM, Walter. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIM, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomáz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP &A. 2003. 7ª ed. ou reimpressão.
http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=86
REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: a construção social do medo na cidade.Recife, 1998.
SANTIAGO, Silviano. Nas Malhas das Letras: in O Narrador pós-moderno. Rio de Janeiro:Rocco,2002.
[1] Acadêmica do VI semestre de Letras, Língua Portuguesa e Literaturas na UNEB – Universidade do Estado da Bahia, campus XXIII.
A IMPORTÂNCIA DO BLOG PARA REFLEXÕES SOBRE A MULHER NA SOCIEDADE MODERNA[1]
Ivonete Rufino[2]
Compreende-se que os gêneros textuais estão presentes na sociedade de forma que estes possibilitam a comunicação, reflexão, ação dos indivíduos através da linguagem. Nessa perspectiva de que os gêneros textuais permitem a interação do indivíduo por meio da comunicação, observá-se-a a importância do Blog como gênero de articulação das idéias apresentadas pelo sujeito com base num contexto sócio- histórico cultural e ideológico em que permeiam as relações sociais, visto que ao mesmo tempo em que o Blog permite a divulgação das idéias possibilita também a análise crítica do mesmo, pois é possível a interação do indivíduo de diversas formas desde que haja comunicação através da linguagem, quer seja oral, escrita imagética, áudio-visual, através de sinais dentre outros. O ser humano relaciona-se com a linguagem que é um dos fatores inerentes à vida, o qual difere dos animais irracionais, pois, podem entender a linguagem simbólica e assim fazer interpretações num processo de reflexão- ação- reflexão das as coisas que o cercam.E ao transformar o seu meio, transforma-se a si mesmo.E falando de linguagem como meio de comunicação essencial à vida, tem-se a linguagem literária como interpretação da realidade .A literatura como sendo arte ou não é a forma concreta de simbolizar o real, como é o caso do tema que será discutido nesse artigo que é A Importância do Blog para Reflexão da Mulher na Sociedade Moderna, alvo de discussão dos Blogs Simplesmente Elas e Balanço Feminino.
Sendo o blog um gênero textual que circula na sociedade como meio da linguagem é relevante considerá-lo também como fator que se situa e se integra funcionalmente nas culturas em desenvolvimento. Segundo Marcuschi, apud Paiva 2003, p.19 “os gêneros textuais são fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultura e social (...) contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas no dia-a-dia.” Dessa forma justifica-se o trabalho realizado com esse gênero como meio de divulgação e discussão da influência da mulher no meio social, bem como sua contemporaneidade, tema de grande relevância nos dias atuais. Percebe-se também que os gêneros estão também inseridos nas tecnologias, como é o caso dos meios eletrônicos, e é sabido também que esses gêneros que percorrem esses meios permitem a interação com os indivíduos e desenvolvimento da linguagem. Porém vê-se a necessidade de analisar esse gênero como meio positivo de articulação e divulgação dos temas sociais. E através da internet pode-se interagir com muitos gêneros como é o caso do blog. Para Marcuschi 2008, p.186 “a internet trata-se de um suporte que algerba e conduz gêneros dos mais diversos formatos. A internet conduz todos os gêneros possíveis.”
O gênero textual blog é um diário on-line onde pode-se publicar histórias, imagens, propagandas, etc.Com a evolução da internet no mundo, ficou mais fácil a comunicação, de modo que engloba milhões de pessoas visto que a cada dia as pessoas se interessam mais e mais por espaços na internet..Os Bloggers surgiram devido ao interesse das pessoas terem domínio público sobre tal meio. Para [i]Wikipédia blogger é “uma palavra criada pela Pyra Lab. É um serviço que oferece ferramentas para indivíduos publicarem textos na internet e receberam o nome de blogs.” É uma das ferramentas de comunicação mais popular da internet. Nesse espaço as pessoas não precisam ter domínio técnico e os que administram o blog são chamados de blogueiros (as). Eles podem ser atualizados diariamente, semanalmente, mensalmente ou até mesmo várias vezes por dia. Cada atualização ou publicação no blog é chamada de postagem. Para Wikipédia “(...) os blogs foram se tornando espaços de disseminação das idéias, informações consistentes, pessoas conhecidas e empresas passaram a utilizar também”.
Dessa forma discuti- se á o Blog e sua influência nos meios sociais nos dias atuais, visto que dará enfoque a linguagem literária com o objetivo de demonstrar como esse gênero contribui e contribuirá para as discussões de temas atuais como esse (a mulher na sociedade moderna) onde permeiam várias idéias e representações da realidade. Mostrar como os[ii] Blogs Simplesmente Elas e Balanço Feminino tiveram repercussão e relevância para os acadêmicos de Letras da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, XXIII, bem como para toda a sociedade seabrense e todos que têm a audácia de permear por esse gênero. Tomá-se á como corpus os dois blogs citados, administrado por[iii] Noélia de Jesus e os acadêmicos da turma 2008.1, num conjunto de pensamentos científicos que facilitarão na análise como Ângela Paiva (2003), Guy Debord (1997), Luiz Antônio Marcuschi (2008), Marshall Berman (1986), Milton Santos, Walter Benjamim (1994) e Rosana Reguillo (1998).
O Blog Simplesmente Elas criado em doze de outubro de dois mil e dez é composto de sete páginas que são elas: Tecendo Histórias, Escrevendo Nomes, Na Berlinda, Em Versos e Canções, Colorindo a Vida e Na Tela, onde discutem a representação da mulher nas músicas poesias, arte, nos meios de comunicação, propagandas, nos grupos culturais, nos nomes de lugares etc., visto que a mulher é vista não só como símbolo de evolução, mas em muitos casos infelizmente “escrava” da sociedade moderna, pois ainda ou mais do que nunca a sociedade está apegada aos modelos pré-estabelecidos por grupos dominantes o que vem repercutindo a cada geração. Porém a mulher diante de muito fracasso e submissão que viveu e vive aos poucos ela vem lutando e ganhando seu espaço na sociedade que até então não lhe fora dado. Porém como diz Noélia de Jesus (Pag. Inicial do Blog) “Olhar para a história desse ser que há muito vem sendo incompreendido, é acreditar em novas páginas; na surpreendente dinâmica da vida e, sobretudo, é acreditar em nós mesmas!”Porque como narrador não pode negar as experiências , mas também não pode se prender tanto a elas de modo que virão outros momentos..Para Benjamim, 1994,p.200 “Seu ideal é o homem que aceita o mundo sem se prender demasiadamente a ele.Seu comportamento em questões temporais correspondia a essa atitude.”
O blog Simplesmente Elas mostra como a história da evolução da mulher se faz importante para sociedade, visto que a própria sociedade dará visão a essas questões e poderá analisá-las. Pois, como diz na pág. [iv]Tecendo histórias:
“A história das mulheres não é só delas, é também aquela da família, da criança, do trabalho, da mídia, da literatura. É a história do seu corpo, da sua sexualidade, da violência que sofreram e que praticaram da sua loucura, dos seus amores e dos seus sentimentos.” (Tecendo histórias in http://www.google.com.br/images)
A mulher da sociedade moderna vem se conscientizando de seu papel político e social, mas vê-se que ainda muitas se sentem retraídas e não conseguem depreender dos dogmas que a sociedade criara há muito tempo atrás, mas já existem muitos grupos que lutam por essa busca de liberdade da mulher, porém muitas ainda sofrem por não ter oportunidades de defesa e consciência de seus direitos. A luta das mulheres vem de longo tempo, não aconteceu repentinamente, pois, a conscientização da humanidade não é tarefa fácil. Para Marshall 1986, p. 15 “ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promove aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor, mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos tudo que sabemos tudo que somos.” O blog como meio de divulgação favorece nessa busca pela conscientização humana. Como afirma Bronckart 1999p. 103 apud Paiva 2003p. 29 “a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental de socialização, de inserção nas atividades práticas discursivas humanas”, porque os gêneros trabalham como forma de validação dos discursos, já que estão situados numa relação sócio- histórica com meio de produção que sustenta sobre a comprovação individual.
A questão da desigualdade entre a mulher e o homem é algo bastante marcante na sociedade, mas nota-se que a mulher busca essa igualdade, ela quer mudanças no que vinha acontecendo antes, e as desigualdades acontecem no mundo inteiro, principalmente quando se trata de desigualdade econômica. A mulher está vencendo, pois a cada dia ela pode e está exercendo avanços na sociedade, mas não se pode desprestigiar devidas posições que a mulher ocupa, o que se trata aqui é de evolução, e não só de mesmice. Um exemplo bastante marcante e atual é das eleições 2010 para Presidente da República que além de uma mulher ser eleita como Presidente, sua posse teve como Guarda Pessoal, mulheres. Como relata reportagem na página [v]Abrindo espaços:
“Quando Dilma Rousseff deixar a Catedral de Brasília no próximo sábado para atravessar a Capital Federal e tomar posse como presidente da Republica no Congresso Federal, ela não será a única em sua comitiva em uma posição ocupada por um homem em posses passadas. Ao lado dela, na sua guarda pessoal, estarão seis mulheres em uma profissão tipicamente masculina. Policiais federais, elas são a última linha de defesa da mulher que governar o país pelos próximos quatro anos.” (Abrindo espaçosinhttp://mulheresmercantes.blogspot.com/2010/1)
Porém, percebe-se através dessa reportagem que a mulher está ocupando espaço que eram somente reservados para o homem desde muito tempo atrás, mas isso é fruto de uma busca constante do mundo feminino, que até então não se tornou igualitária, e tem-se ainda políticos e pensadores que defendem a igualdade dos sexos, fator de grande relevância para luta das mulheres. Nos dias atuais a mulher vivencia com mais firmeza a necessidade de determinar sua cidadania, buscando sua individualidade. Pois, o que era decretado, ou ainda é, são as submissões a um grupo dominador. Como diz Reguillo, 1998, p.136:
“A relação com a cidade é mediada por uma representação ‘masculina’ do uso do espaço público. Ou seja, o espaço exterior, a cidade, é para os homens adultos, que são únicos capazes de resistir às constantes tentações e de enfrentar os múltiplos perigos que rodam cada esquina. As mulheres e as crianças devem permanecer no recesso do espaço privado, os jovens serem mantidos sob constante vigilância.”
Essas discussões que permeiam na sociedade são vistas como algo de necessidade entre essas minorias, porque o que se observa ao longo da história é que a mulher foi idealizada pelo próprio homem e o pensamento masculino com relação à fantasia feminina fez com que dificultasse a realização da mulher no âmbito sócio- cultural, pois, uma vez que se tem um grupo dominador, tem-se um grupo que é visto à disposição. O blog, no entanto, mostra muitas discussões a esse respeito, visto que fica claro que mesmo que a mulher vem conseguindo espaços, eles ainda não são mostrados pela sociedade, fica restrito a apenas poucas pessoas, o que faz pensar que a mulher não passou por evoluções. São muitos os exemplos de mulheres atuantes que vem acontecendo, espaços que ela vem conquistando na sociedade, porém, ‘ muitas vezes’ não há divulgações. Mas o blog Simplesmente Elas, bem como outros meios de divulgação permitem essas discussões, uma vez que esse gênero está à disposição de temas como esse discutido nesse artigo A Discussão da Mulher na sociedade moderna. Como diz Marcuschi, 2008, p.194 “os domínios discursivos produzem modelos de ação comunicativa que se estabilizam e se transmitem de geração para geração (...) acarretam formas de ação, reflexão e avaliação social (...) “os gêneros também organizam as relações de poder.”
O blog [vi]Balanço Feminino criado em onze de outubro de dois mil e dez é composto também de sete páginas dentre elas estão: Em versos e canção, Colorindo a vida, Abrindo espaços, Tecendo história, Na tela, Escrevendo nomes e Na berlinda que também discutem a representação da mulher nas músicas poesias, arte, nos meios de comunicação, propagandas, nos grupos culturais, nos nomes de lugares etc., que também trazem a representação da mulher, bem como sua evolução e atuação na sociedade, visto que a mulher apesar de muitas lutas ainda não conseguiu seu espaço de igualdades na sociedade, mesmo assim acredita-se que haverá constantes lutas em pró de seus direitos, porque o indivíduo na sociedade tem que lutar por seus espaços em seu ambiente social, pensar e agir sobre o mundo, de modo que o homem será sempre o conjunto de suas relações sociais. E a mulher é uma parte que se tornou minoria, porém que em muitos casos já se vê sua contemporaneidade no processo de construção de identidade. Como diz Noélia de Jesus na pag. Inic. Do blog Balanço Feminino “(...) este não é um espaço demarcado para euforia ou lamento acerca de nossa história. É um espaço de celebração da vida que reinventa ou resignifica a partir do ponto em que nos colocamos e a partir do qual ousamos lançar um olhar sobre elas.”
Sabe-se também que mesmo que a mulher vem evoluindo constantemente na sociedade, ela ao mesmo tempo vem sendo ‘escrava’ dessa sociedade moderna onde cada dia que passa a mulher torna-se objeto de prazer e símbolo sexual. Com uma ressalva, não são todas as mulheres, pois algumas diante de suas conquistas preferem se restringir a esses espaços que para elas são de desvalorização, porém outras na sua constante evolução preferem se despojar na tal liberdade uma vez conquistada. São fatores que estão estritamente ligados à sociedade moderna, onde é preferível ‘aparecer’ a preservar a dignidade. Trata-se de uma sociedade de representações. Santos, 2000, p. 37 vem dizer que:
“a emergência de uma dupla tirania, a do dinheiro e da informação, intimamente relacionadas, fornecem as bases do sistema ideológico que legitima as ações mais características da época e, ao mesmo tempo, buscam conformar segundo um novo ethos as relações sociais e interpessoais, influenciando o caráter das pessoas.”
Essa é uma das características da sociedade moderna, que ao mesmo tempo em que as coisas se tornam acessíveis, que as pessoas vão tendo consciência dos seus direitos, essas mesmas pessoas vão se prendendo a essa globalização de idéias, e se tornando vítimas do caos moderno. O blog Balanço Feminino traz exemplos claros de como a mulher também é vista pela sociedade, principalmente com relação ao capitalismo. Como este que relata na pag. [vii]Na berlinda:
“(...) Passados alguns séculos a mulher passou a buscar a igualdade de gêneros e a conquistar seu espaço no mercado de trabalho. Tudo seria lindo se as tarefas não tivessem se acumulado. Hoje, a maioria das mulheres é filha, mãe, esposa, dona de casa, profissional e ainda precisa cuidar da saúde e da aparência. Para dar conta de tantos compromissos e funções de maneira plena, só mesmo sendo uma super mulher! Mas, como Mulher Maravilha, Mulher Gavião, Mulher Gato ou qualquer outra super-heroína só existem mesmo na ficção, as moças costumam ter dificuldade para lidar com tantas funções. A mulher atual quer fazer tudo, dar conta de tudo e, muitas vezes, paga caro por isso.” (Na berlinda in http://vilamulher.terra.com.br/a-super-mulher-moderna-e-suas-dificuldades-11-1-69-280.html)
Trata-se de uma globalização perversa onde essas minorias da sociedade têm de pagar de qualquer forma por consequências que ocorrem justamente pelo fato de passados históricos. O processo de globalização não é algo recente, mas vem sendo a cada dia algo determinante pelo fato de os países estarem em desenvolvimento e atrelados a esse processo como é o caso do avanço tecnológico. Com isso acontecem transformações na organização da sociedade e que afeta as populações que encontram na insegurança do trabalho, característica da família, seu lugar na sociedade e nas relações entre diversos grupos e classes sociais. Como relata Debord, 1997, p.25
“O homem separado de seu produto produz, cada vez mais com mais força, todos os detalhes de seu mundo. Assim, vê-se cada vez mais separado de seu mundo. Quanto mais sua vida se torna seu produto, tanto mais ele se separa da vida. Outro exemplo muito claro que acontece nos dias atuais é a violência contra a mulher, que em muitos casos ela se cala por medo de consequências futuras. Como mostra na reportagem, na pág.[viii] Na tela:
“Em junho de 2010, a população brasileira se chocou ao tomar conhecimento de um suposto assassinato cometido por um dos maiores ídolos do futebol brasileiro, o goleiro Bruno, (...) A vítima, a paranaense Eliza Samúdio, era namorada do então jogador do clube de maior torcida no futebol brasileiro, e, segundo depoimentos constantes do inquérito, vinha sofrendo inúmeras ameaças do jogador e seus funcionários, por cobrar dele o que lhe era direito garantido, a pensão para seu filho, fruto da relação com o goleiro. Sem dúvida nenhuma, a violência supostamente sofrida por Eliza Samúdio, foi um dos pontos cruciais para a indignação que tomou conta das ruas no país afora. Além disso, praticar um crime com requintes de crueldade, com uma mulher que lutava por seus direitos, é ainda mais chocante, pois, em pleno século XXI, ainda vemos acontecer atrocidades como essa.” (Na tela in belezas negras blogspot.com.) com
Dessa maneira, da mesma forma em que a mulher é vista como um ser em constante evolução, também é vista dentro desse caos da sociedade moderna, uma vez que ora ela se retrai, ora ela entra nesse papel de se tornar vítima da banalização de sua identidade. A questão de gênero e cor também é um dos fatores que resulta na dupla perda de poder entre o homem branco que domina e a mulher negra que é dominada. Ainda, mesmo em busca de direitos igualitários, e efeitos surpreendentes a esse respeito, vê-se ainda uma grande resistência da sociedade para com esses grupos, pois, ela foi marcada por fatores fortíssimos de dominação que deram origem a discursos a favor do poder desses que sempre dominaram. Tudo isso faz parte de um processo sócio histórico e também ideológico, mas que não pode ser visto como única forma de viver do indivíduo na sociedade, mas sim estar atentos às mudanças e saber acatá-las, de modo que contribuirão para o aprimoramento e constituição real do que é identidade própria. Para Luhmann apud Reguillo, 1998, p.135 “em qualquer caso, este umbral de catástrofe se define sempre socialmente, e as catástrofe de um, não são as catástrofes dos demais.”
Dessa maneira, conclui-se que o tema tratado Discussões Sobre a Mulher na Sociedade Moderna, o qual é um tema de grande relevância, pois, é necessário a cada dia ser discutido mais e mais, trouxe e trará possivelmente muitos questionamentos no que diz respeito a sua atuação na sociedade num processo de construção de identidade. A mulher mais do que nunca assim como o homem precisa estar de encontro com suas possibilidades em seu meio social, e a sociedade também mais do que nunca precisa estar atenta do que é realmente liberdade, o qual todo ser humano acredita ter. A construção dos blogs Simplesmente Elas e Balanço feminino foi um grande espaço para essas discussões e até mesmo para reflexões sobre o que foi exposto nesses blogs. Percebe-se então a grande relevância e importância desse gênero para trazer á tona temas tão significantes como esse, de mostrar à sociedade que os indivíduos têm a capacidade e a audácia de transformar o mundo através de suas ações. Confirmou-se então que o gênero blog é também um fenômeno histórico que está inserido na vida cultural dos indivíduos e permitem a organização das atividades comunicativas do dia-a-dia. Além disso, os blogs permitiram uma grande interação entre emissores e receptores através da linguagem, pois, como comprovação de interação dos indivíduos
acadêmicos e demais cidadãos que permearam por esse gênero, os blogs Simplesmente Elas e Balanço Feminino obtiveram trezentos e quarenta e um comentários no total organizados entre as páginas iniciais e as quartoze páginas que esses gêneros compõem, até o dado momento.Esses resultados são bastantes significativos para os acadêmicos e para a sociedade em geral, bem como é importante salientar a completa importância dos meios tecnológicos nesse estudo, bem como o desenvolvimento de diversas linguagens.
[1] Tema de Artigo orientado por Noélia de Jesus Professora curso de Letras Língua Portuguesa e Literaturas do sexto semestre da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, CAMPUS XXIII.
[2] Graduando do curso de Letras Língua Portuguesa e Literaturas do sexto semestre da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, CAMPUS XXIII.
[i] Encontrado em WWW.wikipédia.org. br/www.blogger.com/home
[iii] Professora Mestra do componente curricular Estudos da Ficção Brasileira Contemporânea da Turma 2008.1 da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, CAMPUS XXIII.
REFERÊNCIAS:
BENJAMIN, Walter. O Narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov, in Benjamin, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política: ensaio sobre a Literatura e História da Cultura. Trad.Sérgio Paulo Rouanet, 7ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade; Trad.: Carlos Felipe Moisés, Ana Maria L. Ioratti- São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análise de gênero e compreensão- São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
REGUILLO, Rossana. Imaginários globais, medos locais: a construção social do medo na cidade. Lugar Comum – estudos de mídia, cultura e democracia. N.7, 1998.
SANTOS, Milton. Por outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
A sociedade do espetáculo e o deslumbre das mulheres com o novo[1]
Sheylla Nunes[2]
Noélia Silva[3]
Considerado um gênero textual, o Blog é uma ferramenta do mundo virtual que permite aos usuários colocar conteúdos na rede e interagir com outros internautas. O software fora concebido como uma alternativa popular para a publicação de textos online, uma vez que a ferramenta dispensava o conhecimento especializado em computação. A facilidade para a edição, atualização e manutenção dos textos em rede foi, e são, os principais atributos para o sucesso e a difusão dessa chamada ferramenta de auto-expressão. É uma espécie de diário online, um lugar para escrever sobre o que quiser: suas experiências diárias, opiniões políticas, uma viagem maravilhosa, receitas favoritas, a música que está ouvindo ou qualquer coisa que vier à cabeça.
Os blogs desempenham um papel importante hoje em dia, pois tornam as notícias independentes das fontes tradicionais, como rádio, TV e mídia impressa, democratizando a informação.
Geralmente, os blogs são compostos de um ou mais posts. Cada post tem o seu próprio título e sempre informa a data e a hora em que foi publicado. Os blogs exibem primeiro os últimos posts, e você deve rolar a página para ler os anteriores. É como um diário invertido e um modo perfeito de arquivar seus pensamentos.
O legal do blog é que você pode escolher compartilhá-lo com amigos e familiares, que podem visualizá-lo facilmente ao visitarem seu perfil. Imagine-se compartilhando suas experiências diárias durante uma viagem pelo mundo, sem despesas com postagens. É possível até mesmo incluir fotos e vídeos. Seus amigos podem adicionar comentários, e você manterá contato onde quer que esteja.
As rápidas mudanças tecnológicas dos computadores e da Internet e seus usos no dia-a-dia estão exigindo pesquisas sobre a produção e recepção dos gêneros chamados “digitais”, uma vez que o papel da linguagem torna-se central no que diz respeito a envio e recebimento de e-mails, nos diálogos mantidos nos chats, na construção dos blogs, através da qual se materializam as ações do escrevente/leitor das páginas hipertextuais. Levando-se em consideração as exigências dos PCNs e o aparecimento de novos gêneros digitais e suas diversas aplicações, pode-se afirmar que, os estudos lingüísticos sobre a escrita são tomados, no contexto das tecnologias digitais, com curiosidade e muito fôlego, uma vez que as produções ligadas à Internet são fundamentalmente baseadas na atividade da escrita.
O blog Simplesmente Elas, traz reportagens que evidenciam a mulher como um todo, trazendo muitas curiosidades e postagens interessantes sobre o cotidiano dessas guerreiras, a exemplo das mulheres que compõem o grupo Ciranda das Rosas, que tornaram suas vidas mais coloridas através da dança e da arte, a artesã Gilka Milena que embeleza não só a sua vida com as suas bijuterias como também a vida de muitas mulheres deixando o astral delas mais bonito e mais colorido, as mulheres que fazem história no Brasil e no mundo, como a nossa Presidenta Dilma Russef e até mesmo aquelas que seguem fielmente a moda e seus padrões de beleza.
O presente artigo terá como foco as mulheres e suas vivencias, e como base principal o Blog Simplesmente Elas, criado pela professora Noélia Silva e editado pelos estudantes do VI semestre de Letras da UNEB, CAMPUS XXIII em Seabra-Bahia.
"Quanto mais a vida do homem se torna o seu produto, mais ele se afasta da vida".
O livro “A Sociedade do espetáculo”, relata com frases bem interessantes e significativas como é a vida nos dias de hoje, lançado em sua primeira edição no final dos anos 60, era tido como o livro mais Cult da década, tornando-se depois um livro clássico em muitas partes do mundo. Parece que as pessoas começaram a se identificar demais com o espetáculo. Vivemos em uma época em que praticamente tudo o que acontece acaba virando espetáculo e evento de mídia. Se não está na mídia, não aconteceu. Se não é espetáculo, não existe.
A Sociedade parece está rodeada de imagens. Não que isso seja um olhar negativo, mas de fato a humanidade se mercantilizou de tal forma, que cada indivíduo se tornou um produto dependente do consumismo. No trabalho, na festa, ou na convivência do dia-a-dia, a maioria das pessoas querem apenas se exibir, com suas roupas de marca, com seus carros importados, com suas jóias luxuosas e com suas casas bem decoradas. Esta sociedade se concentra muito mais no sentido da visão do que de qualquer outro.
Debord, fala de uma sociedade que quer ir além da onipresença dos meios de comunicação de massa, que representam somente o seu aspecto mais visível e mais superficial.
O Espetáculo consiste na seguinte questão: as pessoas e principalmente as mulheres desprovidas de privilégios, sendo eles financeiros ou intelectuais vivem uma vida real e por um motivo ou outro são influenciadas e acabam se sentindo obrigadas a participar da sociedade espetacular. Por exemplo: consumir, mesmo que seja pouco, mas de forma a participar da dimensão da novela, do artista, das imagens que os rodeia, da propaganda, do outdoor e de tudo de modo geral que lhes falta em sua existência real.
O indivíduo é influenciado 24 horas por dia: Através de revistas, jornais, televisão, internet, entre outros. Tudo rodeia nossas vidas; e a sociedade do espetáculo com todos esses aliados pode ser capaz de alterar o comportamento e até a aparência de todos, alienando cada vez mais a cabeça das pessoas. Os mais vulneráveis infelizmente são as mulheres e por vezes adolescentes. Muitas mulheres por sua vez, renegam o próprio corpo para seguir determinações, conselhos e “modismos” que na maioria das vezes são estúpidos. Sentem uma enorme dificuldade na aceitação do próprio corpo. A moda inclusive pode ajudar a adorná-lo da maneira que você decidir. As mulheres querem ser de plástico e não de carne. Querem a artificialidade como parte da sua vida.
Já pensaram em como seria viver numa sociedade onde só existisse um tipo de beleza feminina? Nossa! Isso seria uma chatice, aliás, isso já está se tornando uma chatice, pois as mulheres andam tão deslumbradas com o que as celebridades usam, com o corte de cabelo da Gisele, que estão perdendo as estribeiras, elas querem apenas imitar, despreocupam-se com a própria personalidade, acabam perdendo a própria identidade, e o efeito do espetáculo está cada dia mais ocupando o seu espaço na sociedade.
Atualmente, a ideia massificadora no padrão de beleza é a de uma mulher alta, magra, cabelos escorridos e com luzes, bunda redondinha, tornozelo fino, peitos turbinados, barriga de tanquinho e ser o destaque da moda.
No Brasil, o que há são vários tipos diferentes de beleza graças à miscigenação de povos que pra cá vieram e deram um colorido todo especial, particularizando a mulher brasileira, porém a verdadeira beleza está sendo banalizada por um olhar crítico e estereotipado. Prova disso são as mulheres querendo cada dia mais ficar parecidas com as celebridades.
Outro fator de extremo destaque na ditadura da moda feminina são as roupas, sapatos, acessórios, maquiagens, enfim, tudo que há de muito colorido e com muito glamour.
“Não basta ter um kit de maquiagem maravilhoso na bolsa. Para usar os cosméticos a seu favor é preciso seguir algumas regras”. (Blog: Simplesmente Elas. Página: Colorindo a vida).
Tomando como base essa citação, os estilistas recomendam que não se pode usar o que quer, tem sempre que seguir algumas regrinhas básicas, para não exagerar demais. A ditadura da moda nos norteia sempre às regras, algumas mulheres estão sempre apegadas às tendências da moda e não usam maquiagem de qualquer jeito, buscam orientações através da internet, visitam salões de beleza, compram revistas de moda pra ficarem “antenadas” nas tendências, e para não fazer feio diante da sociedade.
O consumismo e a vontade de nunca envelhecer também estão mexendo muito com a cabeça das mulheres. Uma das maiores críticas à indústria da moda é em relação à imposição de padrões de beleza inatingíveis, propondo cada dia mais, formas de rejuvenescimento.
Apesar de estudos apresentarem evidências de que a vaidade física existe desde o surgimento do homem, a preocupação com a aparência têm se tornado uma realidade cada vez mais presente nas sociedades atuais. Com o fortalecimento de padrões de beleza, é natural que as pessoas se sintam influenciadas e adéquem suas atitudes e seus comportamentos de acordo com as exigências desse cenário. Porém, a maioria dos estudos relativos à vaidade física ainda foca em jovens, mesmo diante do crescimento mundial da população mais idosa, o que acaba ocorrendo uma espécie de descaso e abandono dessa classe que chamamos de “terceira idade”, pois sabemos que muitas mulheres temem a o fantasma da velhice e buscam cada vez mais fugir dela, seja na maneira de se vestir, nas maquiagens ou até mesmo com cirurgias plásticas e outros tratamentos de estética.
Nos últimos anos, lentamente a beleza tem-se associado à juventude. Hoje não basta ser magro e belo, tem que ser jovem. Anteriormente a beleza era associada a mulher adulta e ao seu status social; consequentemente ao poder econômico.
Para demonstrar a beleza da juventude, as mulheres gastam milhões de dólares ao ano em todo o planeta, empregados em perfumes, cremes rejuvenescedores, anti-rugas, hidratantes que prometem milagres, bálsamos e tinturas que prometem cabelos brilhantes em minutos. A maquiagem que muda a cada estação, e com a mudança as mulheres precisam comprar as cores ditadas para aquela estação. Jogar no fundo da gaveta os batons vermelhos porque agora a moda é usar o batom rosa, aposentar também o batom rosa, porque a moda agora é um brilho básico, esquecer as sombras azuis porque a moda exige outros tons e assim a moda vai ditando suas regras e atormentando cada vez mais a cabeça das mulheres que não querem ficar para trás.
Sem contar com a tendência ditada pelos fabricantes de vestuários europeus, a cada estação as mulheres necessitam comprar novos vestidos, mais coloridos a depender da estação, novos jeans, novos sapatos, de modelos diversificados e novas bijuterias, sem falar nas maquiagens. O negócio é comprar e comprar sem parar.
Todas essas “necessidades” femininas criadas artificialmente pelo mercado europeu geram milhões de empregos em todo o planeta e o mercado não pode parar. Criando demasiadamente necessidades novas a serem consumidas a cada estação pelas desesperadas mulheres ansiosas em demonstrar juventude eterna e magreza absoluta.
“Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos”. (DEBORD, 1997. P.13)
A moda dita seus padrões que são copiados sem questionamentos por milhares de pessoas, um bombardeio de comerciais impondo a mulher a consumir produtos que alguém determinou como necessários para o embelezamento.
O Brasil é um país diverso, mesclado de todas as cores, tamanhos e formas, diante de tudo isso a sociedade moderna passa a ser compreendida, então, como o reino do espetáculo, da representação enfeitada do mundo dos objetos e das mercadorias. O espetáculo, assim, consagra toda a glória ao reino da aparência. Ele domina os homens a partir do momento em que a economia desenvolveu-se por si mesma, sendo o reflexo fiel da produção das coisas e a objetivação infiel dos produtores.
“O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens” (DEBORD, 1997, p. 14)
Apesar de o tema “A Ditadura da moda” não ter sido algo relevante e diretamente abordado dentro no Blog Simplesmente Elas, é importantíssimo ressaltar o quanto esse assunto está diretamente ligado à quase todas as postagens que viraram página dentro do mesmo, pois vivemos em uma sociedade que se deslumbra cada dia mais com as novidades do mercado consumidor, quanto mais se tem, mais se quer ter, é a globalização perversa, que aniquila a todos, com suas propostas da fazer milagres.
A contemporaneidade, de fato é a sociedade do espetáculo e consequentemente da contradição. Somos nós, mas temos de ser personagens que muitas vezes inexistem dentro de nós.
REFERÊNCIAS:
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Tradução Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: Do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
1Artigo científico apresentado ao componente curricular Estudos da Produção Brasileira Contemporânea.
2Acadêmica do VI semestre do curso de Letras – Língua Portuguesa e Literaturas na UNEB – Universidade do Estado da Bahia, Campus XXXI. sheylla.nunes@hotmail.com
[3] Professora orientadora do artigo.